Há aspectos da vida em que os dois nem se tocam. A sociedade agita as bandeiras do ideal de vida que nada tem a ver com a realidade. Depois, quando algo acontece mostrando isso mesmo, que os ideais são abandonados porque não se criaram infra-estruturas capazes de apoiar a vida das pessoas para que as suas vidas decorram sem sobressaltos. O que acontece quando algo corre mal? A tendência é a de apontar o dedo às pessoas confrontadas, muitas vezes, com problemas ou terríveis tragédias nas suas vidas. Geralmente, quem julga e condena os outros, encontra-se rodeado de um exército de auxiliares que apoia as diversas facetas das suas vidas. Agora, e os outros que, sem qualquer ajuda, se vêem a braços, para além do trabalho e, muitas vezes, dos problemas daí subsequentes, têm ao seu cuidado crianças e idosos que, à falta de autonomia, se encontram dependentes dos outros. Alguns deles com problemas de saúde física e psicologicamente graves. Não é fácil. Estes problemas trazem agravantes, se pensarmos na falta de dinheiro e do tempo, uma vez que as faltas ao trabalho são cada vez mais difíceis, ainda que justificáveis, o medo de perder a única fonte de rendimento… nada facilita a vida das pessoas. Depois, onde deixam as crianças e os idosos quando vão trabalhar? Vivendo numa sociedade materialista onde o trabalho é visto como uma fonte de rendimento, na primeira e na última fase das nossas vidas, encontramo-nos desprotegidos. Se não quiserem modificar nada a nível do emprego, então há que criar ou incentivar a criação de centros capazes de apoiar as famílias que têm a seu cargo idosos e crianças, para que estejam protegidos, durante a ausência dos adultos jovens. Para já não falar da falta de atenção a que estão sujeitos todos aqueles que não produzem (para não falar do trabalho infantil) ou deixaram, em determinado momento das duas vidas, de produzir, que se resignam a uma vida de prateleira, esperando as migalhas da atenção e dividindo-as com outros mais pequenos. Não é fácil uma situação destas para ninguém. A solução do lar é a mais fácil mas também a mais dispendiosa. Os infantários, quando existem, são poucos e limitativos ou privados e caros… Há que multiplicar as soluções. Só quando estas existirem e estiverem ao alcance de todos é que se pode apontar o dedo seja a quem for. Até lá, criem primeiro as condições. Ou, então, as pessoas que criticam que ajudem…
Fátima Nascimento
Não a inventámos, mas cultivamo-la. Herdámo-la, mas não a interrogamos. Como tantas coisas herdadas da nossa sociedade, aceitamo-las sem nos darmos ao cuidado de pensarmos nelas. Fazemos algo como uma jovem estudante se justificava, aqui há alguns anos atrás, num encontro filosófico dizendo que acreditava porque os seus pais acreditavam e os seus avós antes deles também o haviam feito e assim sucessivamente. É isto que todos fazemos, de alguma forma com aquilo que nos é transmitido. A culpa não é excepção, e o que é mais grave é que ela é encarada como uma espécie de vergonha. Há quem defenda que vergonha é roubar e ser apanhado. Também está subjacente a ideia da culpa descartável. Esta é só uma das formas de lidar com esse conceito. Sempre que há um problema, a primeira reacção é a de se procurar um ou mais culpados. Nunca ninguém se interessa ou fixa a sua atenção sobre o que correu mal. Talvez porque seja mais difícil, uma vez que leva mais tempo e exige um outro procedimento ao qual não fomos habituados. Não interessa. Encontra-se um responsável, (ou responsáveis), e encerramos o caso, satisfeitos com o resultado. Até à próxima situação em que volta a acontecer um caso idêntico, sempre com a mesma resposta pronta. Assim, assistimos a casos que não deixam de ser caricatos já que não envolvem culpa alguma. Só que certas pessoas, pelo menos as mais atentas à sua imagem, e atentas a essas heranças, usam a culpa, para tentarem sacudir a água do capote. No divórcio procura-se sempre um culpado, porque não basta perceber e admitir que não se gosta já da pessoa, tem de se acrescentar argumentos, ainda que inventados, para explicar à sociedade a dissolução de um matrimónio. A igreja, neste aspecto, não ajuda, uma vez que ela se acha no direito de avaliar os argumentos apresentados, para se decidir sobre a dissolução religiosa do mesmo. Eu não acho ninguém de carne e osso capaz de julgar seja o que for neste campo. Se o amor acabou e é esse sentimento que une verdadeiramente duas pessoas e não a igreja que mais não faz do que abençoar a vontade dessas duas pessoas unidas pelo sentimento. Uma vez não sendo felizes juntas e logo que decidem pôr termo a essa convivência a igreja que reconheceu a união deveria ser a primeira a aceitar e respeitar essa determinação, uma vez que nunca é decidia de ânimo leve. Eu não quis um homem ao meu lado, sabendo que ele já não gostava de mim. Dei-lhe a liberdade tão almejada. (Ele já ma pedira antes, ainda era o meu filho mais velho um bebé. Depois, quando me decidi a enfrentar a situação, por razões que desconheço, desistiu da ideia.) A igreja não o faz. Se o conjugue consegue ter essa atitude generosa, porque não a igreja, que atrapalha tudo, com as averiguações aumentando a infelicidade das pessoas envolvidas, que desejam arrumar aquela situação para continuarem livremente as suas vidas. Esta situação arrasta mentiras e calúnias que nada prestigiam as pessoas envolvidas nem a própria igreja. E aqui outra questão pertinente se coloca: até que ponto a igreja tem o direito de se imiscuir na vida já inexistente do matrimónio desfeito? Eu caí no erro de casar pela igreja, e conhecendo a pessoa com quem casei, sei as calúnias que terei novamente de enfrentar, (e que afectaram tanto o meu filho mais velho!) e que requerem muito sangue frio e muita sensatez, para evitar um confronto desagradável. Assim, todas as mentiras e calúnias que ele escrever um dia no pape, eu irei corroborar, para me poder livrar definitivamente de tal pessoa e dar-lhe a liberdade de poder ser feliz, sem mais problemas. Pena é que a igreja leve tanto tempo a perceber algo tão simples quanto isto. Até lá, muita água correrá debaixo da ponte, (se esta não desabar primeiro), antes que ela reconheça um facto tão simples. Aqui, a culpa não tem razão de existir. Nem aqui, nem noutra situação. Temos que nos concentrar no que está mal e resolver a situação, nada mais. Talvez, assim, consigamos construir um mundo mais justo e menos cruel.
Já foi tornado público o resultado da investigação, levada a cabo, ao que parece, por quatro engenheiros. Esta investigação resultou do descarrilamento de uma automotora, ao serviço do metro de Mirandela, do qual resultaram três mortos e dois feridos. O resultado revelou alguns problemas na linha, assim como na automotora que descarrilou. Deste relatório, constam, ao que parece, fotos que sublinham as conclusões tiradas da investigação que nós acreditamos ter sido séria e realizada por pessoas cientificamente preparadas para o efeito. Como se costuma dizer, uma imagem vale por mil palavras, uma vez que, e caso não tenham sido manipuladas por pessoas de má vontade, elas mostram factos que desacreditam, à partida, qualquer argumento. Esta manhã, e após o resultado da investigação ter sido tornada pública, veio um determinado senhor, em declarações a uma estação de rádio, com algum peso no que respeita a audiências, dizer que o estado da linha não é tão mau como revelam as imagens. Uma pessoa fica atordoada com estas declarações, sem saber exactamente em quem acreditar. Uns revelam conclusões de uma investigação que me merece um mínimo de credibilidade, pelas razões óbvias, depois, vem um senhor, e apesar da gravidade de que se revestiu o acidente, pelo número de mortos e de feridos, e que poderia ter sido maior, se a automotora levasse mais passageiros, dizer que, e apesar de tudo, a linha não se encontrava num estado tão lastimável como revelavam as fotos. Como se as fotos fossem o único problema! A ser verdade, e pela paisagem acidentada que caracteriza a zona da linha, é natural que se tenham registado dificuldades na captação dessas mesmas imagens, mas o que é uma realidade é que essa linha necessita de obras e, dada, mais uma vez, a paisagem onde está inserida, deve necessitar de inspecções periódicas cuidadas e obras regulares frequentes, para evitar que factores climáticos, ou fenómenos geológicos (como sismos de fraca ou muito fraca intensidade), ou de outra natureza, possam pôr em risco mais vidas, não só dos trabalhadores como dos próprios passageiros. O que se tem de fazer, e é urgente, é evitar declarações destas, e falar às pessoas com seriedade, explicando-lhes o que aconteceu, e o que se vai fazer, para evitar mais acidentes deste género. São declarações destas que desacreditam não só as pessoas como as próprias empresas. Dá a sensação que a pessoa em questão ou não estava bem a par de tudo quanto envolveu o descarrilamento e a investigação, e alguém lhe lançou uma dica…ou então que fazem estas declarações para evitar mais especulações à volta do problema e assim tentar abafar o mesmo, o mais rapidamente possível… Não são só as imagens que estão em causa, (como parecia na declaração emitida, já para não falar no tom de voz) é todo um relatório que tem de ser levado em conta, assim como as sugestões que são claras, se queremos ter menos problemas no futuro. E para que as pessoas não tenham medo de viajar neste país… é que depois do acidente com a ponte de Entre-os –Rios e este da linha do Tua (para já não falar de outros), é difícil não ter medo…
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