Cada vez mais é difícil confiar nas autoridades. Todos sabemos que já se tornou hábito dizerem uma coisa hoje e, amanhã, fazerem outra. Mas o que mais incomoda, é que a mentira está em todo o lado! As versões oficiais são sempre, mais cedo ou mais tarde, desmentidas por particulares. Estou a lembrar-me concretamente de alguns casos. A militar americana transformada erradamente em heroína até ela contar a verdade; tempos, depois, o caso do burocrata do FMI que bateu com a porta, envergonhado por ter pactuado, durante vinte anos, com uma equipa de mentirosos; finalmente, o caso da morte de Bin Laden que teve também duas versões: a oficial e a privada. Parece que nada do que é oficial, pode ser encarada como verdadeira! Além disso, temos as consequências nefastas para os que se atreveram a contar a verdade. E é preciso coragem, para enfrentar toda uma máquina governamental enraivecida por ter sido desmascarada! A verdade, nesta sociedade, tem um preço exorbitante. A mentira é mais barata! Parece vender mais! Só que ninguém gosta de ser enganado. E, quando a verdade surge, a corrida à verdade é estonteante! Todos querem saber o que aconteceu e como realmente aconteceu! E nunca me apercebi que essas pessoas buscassem fama ou alguma forma de notoriedade. Parecem avançar por motivos mais sérios. O que faz um militar falar de uma missão secreta que foi confiada à sua equipa? Uma vez terminada, poderia ter seguido a sua vida, sem nunca pensar mais no assunto. Então o que o incomodou de tal forma capaz de o fazer contar a verdade dos acontecimentos, desmentir o comunicado oficial dos acontecimentos, arriscar o tribunal militar e destruir uma carreira abraçada anteriormente? Tudo leva a crer que algo ocorreu nessa missão que o tocou negativamente. Não foi pela mera vontade de denunciar os colegas e a situação gratuitamente. A verdade, tem dois lados: a dos vencedores e a dos vencidos. Talvez ele tenha encarado os acontecimentos do ponto de vista mais embaraçoso – o dos vencidos. Apesar de todos os crimes que lhe são imputados, não deixa de ser um ser humano cuja vida foi arrancada pela vontade de um gruo de pessoas que quiseram ficar bem vistas com a decisão tomada, justificando a sua decisão com factos mentirosos. Não é só o facto de terem retirado a vida a uma pessoa sem julgamento, é o terem mentido ao mundo, surpreendido com tal anúncio!
E o que dizer de uma instituição financeira que deveria regular, com integridade, a informação veiculada ao exterior e se chega a saber que é um rio de mentiras que deverão esconder alguns interesses particulares? A mentira serve sempre para esconder algo. E quando se esconde, há algum tipo de interesse…
E, finalmente, a comunicação social… Esta foi a responsável pela mentira erguida à volta da militar norte americana. A precipitação e a pressão não bons aliados de uma imprensa idónea. Há que saber distinguir factos de versões. E a versão escutada não foi a fidedigna… Há que ter calma senão em quem podemos acreditar?
Os livros trazem surpresas agradáveis. Não todos. Alguns. Tive a oportunidade de comprar um livro pequeno de poesia do autor Harold Pinter. Chegou-me às mãos num catálogo enviado por uma editora, por ocasião da celebração da entrega do prémio Nobel. Hesitei. Era-me totalmente desconhecido, mas ficou a curiosidade. Comprei o mais barato. E o mais estreito também. Arrumei-o na prateleira, junto de tantos outros, à espera de tempo para o ler. Contudo, ao folhear o livro, dei conta da foto debaixo da qual estavam algumas frases suas ali colocadas à laia de apresentação. Não poderiam ter escolhido melhor. Sempre senti curiosidade em conhecer a pessoa que está por trás das palavras. Mais importante do que as palavras, são as pessoas. Aquilo que elas são. Posso dizer que aquela meia dúzia de frases teve um impacto tão forte em mim quanto o conteúdo do livro. Já tivera outras experiências semelhantes. Estou a lembrar d’ “O Senhor do Anéis” em três grossos volumes que tive a infelicidade de emprestar a uma pessoas que nunca mais mos devolveu. Esta obra vinha precedida de uma espécie de nota introdutória que li com muito interesse. Nela, o autor contava as peripécias ocorridas no percurso da obra antes da mesma conhecer a madrugada da impressão. Sublinhei, a lápis, algumas partes que achei interessantes e que me acompanharam desde então. Nesta última, porém, a ideia prendeu-se a mim. Talvez porque me revi nelas. Na verdade que nelas impressa. Diz assim: “Em 1958 escrevi: não há grande diferença entre aquilo que é real e aquilo que é irreal, nem entre aquilo que é verdade e aquilo que é falso. Uma coisa pode não ser nem verdadeira nem falsa. Pode ser ao mesmo tempo verdadeira e falsa. Acho que esta afirmação ainda faz sentido e se aplica ainda à exploração de realidade através da arte. Por isso, enquanto escritor defendo esta afirmação. Mas enquanto cidadão não, enquanto cidadão tenho de perguntar o que é que é verdade? O que é que é falso? - Harold Pinter, Abril 2002”. É isto que, enquanto cidadãos responsáveis devemos fazer. É uma obrigação moral. Para evitar que o mundo se transforme num esgoto humano cheio de lodo viscoso onde corremos todos o risco de nos afogarmos. Num mundo de mentiras e meia verdades e verdades destorcidas onde já quase ninguém é o que parece, corremos o risco de parecer algo que nada ou pouco tem a ver com a essência humana. Como detesto a mentira, acho que toda a mentira é uma traição, e vivo rodeada delas, não podia encontrar em melhor altura tais palavras! Alguém que, finalmente, declara alto e bom som o seu interesse pela verdade. São tão poucos! No seu caso acho que se pode afirmar que por trás de um grande autor, há uma grande pessoa! Há uma boa pessoa! A sua luz apagou-se no ano de 2008. Mas este homem interessante deixou uma obra que merece ser seguida com atenção.
A verdade, ao contrário do que pensamos, nem sempre é descoberta. Nem com o passar do tempo… É desta esperança que os mentirosos, levados pelos mais diversos motivos, se revestem. Depois, há aquelas pessoas que, só pelo facto de existirem, parecem incomodar outras! Será este o motivo que leva algumas delas a prejudicarem outras com mentiras ruinosas e imaginativas?
Aqui há muitos anos atrás, uma rapariguita conhecida, que morava relativamente perto de mim, filha de uma professora primária, depois de muito se aborrecer de ouvir a mãe mastigar o meu nome, e para se ver livre disso, porque a aborrecia bastante, resolveu pôr cobro a essa aparente admiração, contando uma estória que terminava, definitivamente, com tal incómodo! Nunca imaginou que a sua mentira transpirasse para fora das paredes da sua casa! Só queria que a mãe terminasse de a atormentar com o meu nome! Passado algum tempo, a O. veio ter comigo, contou-me a mentira que pregara à mãe, evitando contar-me, envergonhada, a patranha que criara, (não, não fora isso… repetia, respondendo laconicamente às minhas questões) e pedindo-me desculpa por tal, prometeu que iria ganhar coragem para lhe contar a verdade. Eu, desde que a verdade fosse reposta, não me importava. A questão é que a verdade jamais foi reposta, continuando a progenitora, como um autómato a repetir a estória a todas as pessoas com quem tem confiança, destruindo a fé delas
Encontrei a O., (jamais me esquecerei do seu nome) há dias, numa passadeira. Reconhecia-a imediatamente. Parei o carro para que ela passasse. Continua alta e esguia, os cabelos longos lisos esvoaçando à aragem da tarde. O mesmo nariz empinado…
Infelizmente, não foi a única!
Anos mais tarde, uma moça minha conhecida, com quem tinha pouca confiança, resolveu também atacar a minha pessoa, desta vez, junto de uma professora de História do secundário, de quem fiquei amiga, depois de eu ter saído do colégio. O veneno foi de tal modo bem metido que ela, horrorizada, evita todo e qualquer contacto comigo. Mais ou menos na mesma altura, um ex-colega meu, amigo da mesma professora, passou também a ignorar-me. Sofri bastante. Ainda hoje não sei o que se disse para que a atitude das pessoas sofresse uma reviravolta destas. Mas deve ter sido grave! Não deixo, contudo, de pensar na atitude das pessoas amigas que, como tal, deveriam conhecer-me para perceber o que eu sou. Não compreendo como se deixaram manipular daquela forma! Talvez as manipuladoras sejam muito eficazes deitando mão a toda a informação que têm sobre a vítima de forma a darem lógica intrincada à sua estória…
Conheço estas duas, não sei se haverá mais. Já me conformei com a situação! Nada mais posso fazer! Pessoas que conhecem estas estórias, e sabem a verdade, já perceberam que é impossível inverter o rumo dos acontecimentos. E, embora muito indignadas com tamanha injustiça, guardam para si, o que é mais importante – a verdade!
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