A natureza é um bálsamo para a nossa saúde, quer mental quer física. E todos sabemos disso, por isso a procuramos, com os mais variados objectivos. Uma das razões terá a ver com a comunhão que precisamos, nem que seja de vez em quando, de ter com ela. Esta necessidade é sentida, sobretudo, por aqueles que vivem o quotidiano em grandes cidades, e cujas vidas estão sujeitas a grandes momentos de ansiedade e pressão, devido às suas responsabilidades laborais e outros problemas inerentes a essas mesmas funções: ruídos, trepidação das máquinas, etc.. E há mais. O que interessa aqui salientar é o benefício não só para as pessoas que procuram a natureza, mas também a necessidade que há em respeitar a mesma natureza, de forma que a equação pessoas-ambiente saia a ganhar, o que nem sempre acontece, já que este acaba sempre a perder, quando há abusos. E todos nós temos conhecimentos de casos desses. Quantas vezes, não procuramos um lugar para estender um cobertor ou uma toalha num espaço natural, e qual não é a nossa surpresa, quando nos apercebemos do cheiro a fezes humanas (e não só!) ou então vemos o local ambicionado cheio de detritos espalhados pelos anteriores ocupantes. O que quero dizer é que nesta luta homem-ambiente, raramente é o ser humano que sai a perder mas, pelo contrário, é à natureza que cabe sempre o papel de perdedora e, quando acontece o contrário, muitas vezes, é por descuido do ser humano. O que fazer então para evitar problemas para ambas as partes, sobretudo para o equilíbrio ambiental? Há que apostar na educação e, sobretudo, na sensibilização das pessoas. Quando falo de educação, refiro-me às regras necessárias para o saudável convívio entre homem e natureza. Mas, mais do que o mero conhecimento de regras, precisamos de compreender e sentir o que a natureza precisa, para não interferirmos no equilíbrio ambiental. Esta necessidade torna-se tanto mais imperativa, uma vez que o turismo natureza de massas está às portas e, mesmo sabendo que basta o descuido de uma pessoa para deitar tudo a perder, é assustador pensar o que muitas pessoas insensatas juntas poderão fazer.
Uma vez ultrapassado este problema, poderemos passar à fase seguinte e pensar no benefício que este tipo de turismo pode trazer às localidades perdidas nesses pequenos paraísos: dinheiro. Todos sabemos que a deslocação de pessoas implica investimento em localidades abandonadas, cuja população tem tendência a abandonar, em busca de trabalho, contribuindo, desta forma, para a desertificação de certas zonas do país. Estará a solução para estas zonas só no turismo natureza? Não creio... A curto prazo e, quem sabe a médio prazo, passará pelo turismo, mas, se não quisermos criar só um país para "inglês ver", há que investir nos outros sectores, para além dos serviços. Sobretudo na agricultura... Pelo menos, estas duas actividades têm uma vantagem sobre a indústria... não são poluentes!
Há pouco tempo, li uma notícia sobre a recuperação de casas, de traço e construção antigos, que estavam votadas ao completo abandono numa localidade onde só existiam dois habitantes, já idosos, que haviam resistido ao destino da partida. Uma empresa portuguesa, antecipando-se a outra inglesa, adquiriu aquela aldeia e reconstruiu as casas com fins turísticos. Aqui poderão adquirir-se casas de férias para portugueses e estrangeiros. As outras que não serão vendidas irão, ao que parece, ser exploradas como unidades turísticas. Até aqui conseguiu-se algo bom para aquela pequena localidade, esquecida no tempo e no espaço, a recuperação do património habitacional, e a sua repovoação, ainda que periódica, que dará vida àquelas paragens.
Este património que estava votado, até há pouco, a um desaparecimento total, uma vez que o ninguém ligava àquelas casas ou pensava sequer
No que à recuperação do património diz respeito, pode dizer-se que o objectivo foi atingido, agora, temos é de pensar, ao mesmo tempo, na repovoação e fixação das populações às localidades. Para isso, os projectos têm de ir mais além do património habitacional. Têm de ser acompanhados por um projecto de desenvolvimento da própria localidade. Não falo só da parte mais lógica que será o desenvolvimento agrícola, que tanta falta nos faz, mas de outros projectos que, a partir daquele, virão atrás. É só pôr a imaginação a funcionar. Há muito a fazer neste país, para além da parte económica, a que se dá tanta importância hoje em dia, há muito a fazer no que respeita ao conhecimento da flora e fauna locais, a preservação do património arqueológico… e muito mais. O resto virá, estou desconfiada, por si.
Fátima Nascimento
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