opiniões sobre tudo e sobre nada...

Quarta-feira, 18 de Julho de 2012
Justiça e tribunais

Para mim, a advocacia, assim como qualquer outra profissão, é uma área nobre. Mas essa nobreza está nas pessoas que a exercem… ou não! Já todos sabemos que não é “o hábito que faz o monge”, mas o contrário! E são os homens que dão ou retiram essa nobreza que todas as profissões deveriam ter.

Há uns anos atrás, fiquei desempregada. A preocupação pela minha sanidade mental levou-me a pedir a demissão, não do ensino, mas de uma escola onde, caso contrário, teria de permanecer mais três anos.  Os alunos eram óptimas pessoas, mas o mesmo não podia dizer dos colegas. Como é natural, tive de readaptar a minha vida às novas circunstâncias. Um dos objectos que tive de pensar em vender foi o carro. Faltavam cerca de dois meses para acabar de o pagar. E, como ninguém que me merecesse confiança se tivesse interessado pelo mesmo, o meu companheiro, na altura, comprou-o. Estava, aparentemente, a fazer-me um favor. Pouco depois, e para alívio de todos em casa, foi-se embora. Não só não pagou o carro (passou cheques sem cobertura à financeira relativos a esses dois últimos meses ) como nunca o passou para nome dele. Demorei algum tempo a tomar uma atitude, a minha vida nómada e não só, acabaram por me prejudicar. Quando, finalmente, consegui ter dinheiro para dedicar ao assunto, mandei apreender a viatura. Ainda sem saber da apreensão, a GNR mandara-o parar alguns meses antes e ele fugira com a viatura. Seguiu-se anormal perseguição e só duas viaturas da GNR paradas à frente e atrás do meu monovolume, o conseguiram imobilizar. A viatura tinha chumbado na inspecção e ele, passado o tempo de limite para reparação da viatura, ainda andava com ela e sem seguro! Tudo isto se passou em Novembro. Em Janeiro, um telefonema da GNR, dava conta do paradeiro do carro. Só tinham tido conhecimento da apreensão neste último mês. Quando me foi entregue, a viatura não tinha os três bancos traseiros, a chapeleira da bagageira e todos os objectos tinham sido retirados dela: pneu suplente, macacaco, o auto-colante GPL chave… meti um processo crime contra o indivíduo. Uma coisa é o desgaste do carro que estava no limite (um farol dianteiro preso com arame) outra é a falta de objectos. Iniciei um processo-crime contra ele, na tentativa de recuperar as peças. Como não tinha dinheiro para pagar a um advogado, sozinha apresentei queixa na PSP e esperei o julgamento sumário pensando que o ministério público se encarregasse dos meus interesses. Antes do julgamento,  telefonei para o tribunal a perguntar o que era o processo cível que perguntavam se queria. Respondi que só queria as peças de volta. O que não me informaram é que o processo cível é necessário para o tribunal poder supervisionar os actos do indivíduo. Não podia fazer nada, sem o processo cível. Foi a primeira desilusão. Teria de chegar a um acordo extrajudicial com o advogado dele. Ela parecia não estar bem a par da situação pelo que foi corrigida por mim, algumas vezes. O que me surpreendeu bastante. Para mim, esta falha equivale a um professor que vai dar aulas sem preparar as mesmas. Aconteceu. Ficou de me entregar as peças no prazo de 15 dias, a contar do dia 19 de Junho. Consultei um advogado que se mostrou bastante decepcionado com a forma como as coisas tinham corrido em tribunal. Poderia ter-se feito muito mais com o processo-crime e isso fora, na sua opinião, descurado. Depois, e para cúmulo da situação, o acordo extrajudicial não constava da acta judicial. O indivíduo não pode ser julgado duas vezes pelo mesmo crime. Mas o que mais me surpreendeu, foi a passividade do advogado consultado. Parecia acorrentado. Depois de um telefonema cheio de “salamaleques”: sr. Dr. para aqui, Sr. Dr. para acolá… O vazio.

Aqui há três situações que me saltaram: primeiro, a advocacia não pode nem deve ser de secretária, mas de investigação; segundo, a justiça, e depois de observar a reacção do advogado consultado e ouvir as suas palavras, percebi que muita coisa havia sido descurada. Finalmente, a impressão de que os advogados sentem que estão acima dos seus clientes e que, para eles, arguidos ou vítimas não passam de “escumalha”, salvas as devidas excepções. 



publicado por fatimanascimento às 10:39
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Terça-feira, 3 de Junho de 2008
As “figuras públicas” e a informação

 

Várias figuras públicas, de várias classes sociais, culturais, desportivas, etc. queixam-se continuamente do mesmo – do assédio mediático às suas vidas privadas, para já não falar das mentiras acerca delas que, muitas vezes, são impingidas aos leitores. As denominadas “figuras públicas” conquistaram o estatuto e o conforto financeiro que a maioria dos portugueses não tem e ambiciona. Daí a curiosidade de saber como é que as pessoas com dinheiro e fama vivem, não se interessando minimamente se essa curiosidade acaba por prejudicar a vida das suas “figuras públicas”. Estas revistas acabam por ser uma fuga aos problemas e à rotina quotidiana daqueles que fielmente as lêem. O problema não está só nos leitores nem na sua curiosidade que acabam sempre por ser a causa do cansaço dessas “figuras públicas”, que quase nem podem sair à rua, sem serem importunados por fotógrafos. O problema é ainda mais grave e reside também no tipo de jornalismo que se faz. Há bom e mau em tudo e também a imprensa “cor-de-rosa” não é alheia a esse fenómeno. Há revistas sérias e outras menos sérias. As revistas sérias limitam-se a informar, enquanto as outras se acostumaram a distorcer os factos. Desde que venda, vale tudo, mesmo que para chamar a atenção do público consumidor deste tipo de revistas, se tenha de mentir. Já não é a primeira vez que vejo este tipo de jornalismo com títulos fantásticos que, muitas vezes, não correspondem à verdade. Quando se tem uma revista como a espanhola que eu costumava ler, muito sóbria na informação que disponibiliza aos seus leitores, e se vê outras menos sérias, quer sejam portuguesas ou espanholas, com títulos de gosto duvidoso, percebe-se bem a diferença entre elas. E quando se lê uma revista séria, e já se sabe o que se passa, e depois, se depara com outras, e se tem a oportunidade de ler estas últimas, questionamo-nos como é que não há mais processos em tribunal. De facto, se olharmos para o passado, temos o exemplo de uma revista portuguesa que foi obrigada, por decisão judicial, a pagar uma avultada indemnização a uma “figura pública” estrangeira, devido a informações publicadas sobre a mesma, acabando mesmo, depois, por falir. As revistas mais sérias, essas, acabam ganhando a confiança das “figuras públicas” que lhes abrem as portas de sua casa, ultrapassando em prestígio as fronteiras do seu país, abrindo noutros países delegações que fazem réplicas dessa mesmas revistas, enquanto outras têm de se contentar com as informações de fontes anónimas e, ainda por cima, mal informadas, para além de possíveis queixas em tribunal. Os leitores têm também de começar a distinguir “o trigo do joio”, e perceber quais as revistas fidedignas e as que não têm qualquer interesse informativo, se querem ser respeitados por este tipo de informação. Mas isto já está a acontecer e nota-se que algum público começa já a cansar-se deste tipo de revistas menos sérias, porque ele é o principal lesado, a par com as vítimas dessa desinformação, de tal tipo de jornalismo. Ninguém gosta de ser enganado ou ver as pessoas injustamente humilhadas, mesmo que estas sejam “figuras públicas”. Bem, já não digo nada, talvez haja, dentro do público leitor, um pouco de tudo e para tudo… e isso é mau tanto para os que desinformam como aqueles que são desinformados e… para aqueles que vêem a sua vida distorcida na praça pública. A verdade é que ninguém ganha com este mau jornalismo. Quanto ao leitor, pode-se afirmar que ele é aquilo que lê.

 

Fátima Nascimento



publicado por fatimanascimento às 11:27
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