Para os adultos é complicado, sempre foi. Estar doente implica faltar ao trabalho e isso, pelo menos nos tempos que vão correndo, tornou-se quase um crime. Tudo quanto envolva a criação de riqueza é encarada como prioridade na sociedade actual. Se calhar, e se pensarmos bem, sempre foi assim. Só que agora, e depois de se terem conquistado alguns direitos, parece que forças contrárias tendem a escolher paradigmas ultrapassados. O trabalho cria riqueza, é verdade, mas esta não é tudo. Não é sobrecarregando as pessoas com horas de trabalho, ou evitando que faltem ao trabalho, que se vai conseguir uma sociedade feliz. Uma sociedade que não é feliz é uma sociedade instável, ainda que, aparentemente, mostre o contrário. As democracias precisam de pessoas responsáveis, inteligentes e sérias à frente de um país, sob pena de que tudo descarrile. Estamos a chegar a um limite, e todos já sentiram isso. É que as realidades, mais do que pensadas, são sentidas. A inteligência não é algo que se espartilhe numa pessoa. Nada mata a inteligência, nem ninguém fica indiferente ao que se passa num país. Portanto, não é aumentando a carga horária de um trabalhador que este fica mais estúpido, quando nunca o foi. Os próprios empresários reconhecem que o aumento da carga horária não beneficia ninguém. O equilíbrio beneficia todos. Enquanto os pais trabalham, os filhos, quando não têm ninguém para tomar conta deles, ficam ao cuidado das escolas que aumentaram as cargas horárias. Os alunos não têm tempo para dedicarem a si próprios, o que não os beneficia também. Chegam a casa cansados e lançam as pastas para o chão, sem vontade de lhes tocar. Não os culpo. Eu não sei dar o valor, porque tive sempre tempo para tudo. Tinha uma carga horária que me permitia estudar e brincar. Agora, os alunos, para além da escola, pouco mais tempo têm. Ultimamente, até o direito a estarem doentes lhes parece ter sido retirado. A minha filha mais velha está no nono ano. Esteve doente da garganta, tomou antibiótico e voltou para a escola. Não podem dar mais do que x faltas, sob pena de terem de fazer um exame no final do ano. Eu fiz-lhe ver que a saúde vinha sempre primeiro. Não quis saber, o espectro do exame falou mais alto. O resultado foi péssimo. O tempo veio dar-me razão. Passados dias, ela piorou. Agora, vê-se obrigada a ficar mais tempo em casa, aquele tempo que não teve antes. Os estudantes estão revoltados e têm as suas razões. Acho que não é atirando ovos à ministra que se resolvem problemas, mas o acto em si revela algum desespero. Sentem-se espartilhados, sem espaço de manobra. E ainda não experimentaram no mundo do trabalho… Mas pode ser que, até lá, alguém com imaginação, para além da formação, e com algum bom senso, já tenha encontrado uma solução para o problema das faltas por motivos de saúde. Eu sempre enfrentei essas faltas com a coragem necessária: faltava quando tinha de faltar. Não estava a enganar ninguém. O direito à doença é algo que não pode ser contornado.
A natureza é um bálsamo para a nossa saúde, quer mental quer física. E todos sabemos disso, por isso a procuramos, com os mais variados objectivos. Uma das razões terá a ver com a comunhão que precisamos, nem que seja de vez em quando, de ter com ela. Esta necessidade é sentida, sobretudo, por aqueles que vivem o quotidiano em grandes cidades, e cujas vidas estão sujeitas a grandes momentos de ansiedade e pressão, devido às suas responsabilidades laborais e outros problemas inerentes a essas mesmas funções: ruídos, trepidação das máquinas, etc.. E há mais. O que interessa aqui salientar é o benefício não só para as pessoas que procuram a natureza, mas também a necessidade que há em respeitar a mesma natureza, de forma que a equação pessoas-ambiente saia a ganhar, o que nem sempre acontece, já que este acaba sempre a perder, quando há abusos. E todos nós temos conhecimentos de casos desses. Quantas vezes, não procuramos um lugar para estender um cobertor ou uma toalha num espaço natural, e qual não é a nossa surpresa, quando nos apercebemos do cheiro a fezes humanas (e não só!) ou então vemos o local ambicionado cheio de detritos espalhados pelos anteriores ocupantes. O que quero dizer é que nesta luta homem-ambiente, raramente é o ser humano que sai a perder mas, pelo contrário, é à natureza que cabe sempre o papel de perdedora e, quando acontece o contrário, muitas vezes, é por descuido do ser humano. O que fazer então para evitar problemas para ambas as partes, sobretudo para o equilíbrio ambiental? Há que apostar na educação e, sobretudo, na sensibilização das pessoas. Quando falo de educação, refiro-me às regras necessárias para o saudável convívio entre homem e natureza. Mas, mais do que o mero conhecimento de regras, precisamos de compreender e sentir o que a natureza precisa, para não interferirmos no equilíbrio ambiental. Esta necessidade torna-se tanto mais imperativa, uma vez que o turismo natureza de massas está às portas e, mesmo sabendo que basta o descuido de uma pessoa para deitar tudo a perder, é assustador pensar o que muitas pessoas insensatas juntas poderão fazer.
Uma vez ultrapassado este problema, poderemos passar à fase seguinte e pensar no benefício que este tipo de turismo pode trazer às localidades perdidas nesses pequenos paraísos: dinheiro. Todos sabemos que a deslocação de pessoas implica investimento em localidades abandonadas, cuja população tem tendência a abandonar, em busca de trabalho, contribuindo, desta forma, para a desertificação de certas zonas do país. Estará a solução para estas zonas só no turismo natureza? Não creio... A curto prazo e, quem sabe a médio prazo, passará pelo turismo, mas, se não quisermos criar só um país para "inglês ver", há que investir nos outros sectores, para além dos serviços. Sobretudo na agricultura... Pelo menos, estas duas actividades têm uma vantagem sobre a indústria... não são poluentes!
Não é sem um rasgo de espanto que ouvimos falar no que se passa em relação aos trabalhadores da ASAE, ou da PJ ou mesmo noutros serviços estatais. Os objectivos são bons para que não nos afastemos deles, seja em que trabalho for. O que me preocupa são os números tão claros, tão rigorosos… e, aparentemente, tão mal intencionados? Como é que se exige um determinado número de trabalhos a trabalhadores que têm uma responsabilidade muito grande, pois têm nas mãos o meio de subsistência de muitas pessoas, que realizem tais números de encerramentos, de coimas, etc.? Isto leva-nos a questionar a boa fé de quem decide tão claramente o que pretende de tais serviços. Objectivos ou pressão? Talvez os dois. Como objectivos sempre os houve, mesmo que não estivessem definidos no papel, esta súbita, e algo caricata, ordem parece ter mais a ver com pressão do que com os objectivos propriamente ditos. Para já, estes objectivos têm como consequência directa a pressão a que os funcionários públicos estão sujeitos. Um dia destes, uma pessoa, dentro de um dos muitos serviços estatais, sentada ao computador, desesperava, queixando-se que o sistema operativo informático não funcionava e, em voz alta, perguntava, algo irritada, como é que “eles” queriam que os objectivos fossem atingidos se o próprio sistema informático não funcionava? No que respeita ao serviço de investigação, estes têm de ser muito mais cautelosos para não cometerem erros, porque, e mais uma vez, está a vida das pessoas
Fátima Nascimento
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