Acho engraçada a ideia de pedirem aos trabalhadores para darem mais meia hora às empresas ou seja aos patrões. Será essa meia hora que vai fazer a diferença, em tempo de crise ou fora dela? O aumento da produção será o único problema, será mesmo esse o problema? Não percebo porque é que, em tempos de crise, se pedem sempre sacrifícios aos mesmos, sem tentar perceber onde está o erro? Ou saberão e continuarão a apontar, ainda assim, as armas para os mesmos?
Não é meia hora que vai alterar seja o que for. Se se quiser aumentar a produção, tem de se saber se há escoamento para ela! O aumento da produção não quer dizer aumento de consumo ou baixa de preços. Talvez, se se baixassem os salários mais elevados das empresas e moderassem ou mesmo terminassem com as regalias que os quadros superiores auferem, talvez isso viesse a viabilizar as empresas e a torná-las competitivas. Não é um ordenado mínimo que vai influenciar a competitividade da empresa no mercado! Continuo a defender que são os gastos elevados, sejam eles de que ordem forem, que prejudicam as empresas. Há que fazer com que não haja tanta disparidade entre as posições sociais das empresas! Afinal, todos são igualmente importantes. A empresa não pode sobreviver sem os gestores mas também não podem sobreviver sem os operários. Sem estes não há produção! Se não há produção, não há vendas; se não há vendas, não há ganho; se não há ganho, não há sobrevivência possível no mercado. Mas também se tem de ter atenção aos salários exagerados! São estes que desequilibram o orçamento de uma empresa. É como se, numa casa, os filhos vivessem com o mínimo e os pais, porque são os responsáveis pelo vencimento, gastassem tudo com eles! Não se compreende!
Procuram-se gestores que tenham os pés bem fixos na terra e que sejam, sobretudo, honestos! Depois, há que responsabilizar, criminalmente, aqueles que, por gestão danosa, levam empresas à falência ou as tornam dependentes da banca (de preferência antes disto acontecer!). Desta forma, acho que conseguiríamos um país mais responsável! Para mim, uma empresa de sucesso, não pode nem deve estar dependente dos empréstimos bancários! Isto, para mim, significa o princípio do fim, para qualquer tipo de negócio!
Desde sempre e, muito provavelmente, até sempre a pagar os erros dos outros! O que é impressionante é que há sempre outras formas de vencer crises, e muitos são os que contribuem com ideias, mas os que governam parecem ser surdos, e acabam sempre por recorrer ao mesmo meio para chegar ao mesmo fim. É sempre aquele que mais custa aos mais pobres. Não há outra maneira porque não há vontade para tal. E são muitas as vozes, quais velhos do Restelo, que anunciam desgraças que vêm por aí, em termos pecuniários. E as pessoas já sabem que vai ser assim, já não é novidade nenhuma. O que parecem não conhecer são as outras formas de pagar a crise que não custariam tanto aos mais necessitados e aos que se encontram na corda bamba temendo cada dia a miséria que eventualmente poderá bater às suas portas. É a essas pessoas que quero dizer que há outras formas e que podemos exigi-las aos representantes do governo. Todos nós, sem excepção, teremos e pagar pelos erros de meia dúzia de pessoas que não souberam ou não quiseram fazer o trabalho como deve ser, assim é justo que todos sintam o mesmo dever. O que mais me preocupa é a cumplicidade dos governantes com o grande capital. Precisam do povo para serem eleitos mas esquecem-se que, quando lá chegam, têm de cumprir aquilo para os quais foram designados e que é representar a vontade popular. Mas é aí que tudo muda. “Mudam as moscas mas a … é a mesma!”, diz o povo. Assim, as vozes que anunciam outras ideias, são esquecidas e até consideradas pessoas inconvenientes porque não têm medo de dizer o que pensam. Lembro-me, por exemplo de uma voz que anunciava que se o governo quisesse, e olhando aos ganhos da Bolsa do ano anterior, poderia impor um imposto de 1% a esses ganhos e que, deste modo, já as pessoas não teriam de renunciar à metade do seu décimo terceiro mês. Ora, aqui está uma solução que não custaria nem metade a todos. Mas não! O governo continua a pronunciar-se da mesma forma sem mudar uma vírgula ao seu discurso. E até já anunciaram isso com antecipação. Os funcionários públicos vão mesmo ficar sem metade do seu subsídio de Natal. Não sei se os trabalhadores vinculados a empresas particulares vão passar pelos mesmos apertos. Oxalá não!
Agora, que idoneidade nos mostram essas pessoas que sabendo de antemão que pode resolver-se o problema de muitas maneiras acabam por prejudicar e desanimar sempre os seus eleitores. Isto não é representar o povo Portugal, é só representar os interesses de alguns privilegiados. E isto não é governar. Podem chamar-lhe muitas coisas mas não governação. Pelo menos, não nos enganem a esse ponto! Ainda temos cabeças para pensar!
Depois de 25 de Abril, lembro-me de ter ouvido dizer que ficámos com uma das constituições mais justa do mundo inteiro. Tinham-se ganho muitos direitos que, até então, tinham sido proibidos por lei. Houve quem dissesse até que tínhamos uma das mais avançadas da Europa em termos sociais. Por que é de sociedade que é feito um país, onde vive um povo, estratificado ou não, não deixamos de ser farinha do mesmo saco ou seja, ninguém é melhor do que ninguém. Todos nós nos reduzimos a dois actos que nos mostram isso mesmo: o acto do nascimento e o da morte. Podemos nascer numa clínica de grandes recursos tecnológicos ou podemos ser enterrados em túmulos que parecem casas minúsculas com prateleiras de arrumação, mas o fim é o mesmo – o pó. Só durante vida nos ensinam uma sociedade estruturada em que uns fingem ser mais do que os outros. E tudo não passa disso mesmo – fingimento. Todos nós que nos encontramos neste mundo temos de encontrar um caminho onde haja lugar para todos. Socialmente isso não é possível. Quem teve a sorte (porque é de sorte que se trata) de nascer numa família endinheirada tem mais ou menos a vida garantida no que diz respeito à sua sobrevivência carnal, os outros não. Ora, se querem continuar a ter esses privilégios têm de olhar pelos outros que, quando chegaram já viram esse lugar ocupado. Restou-lhes um humilde lugar. Não tem nada de mal esse lugar ainda que pobre. O pior é quando essa sociedade que lhes é imposta não lhes garante as condições mínimas de sobrevivência a si e aos seus. E estas pessoas, largamente favorecidas pela sorte, têm o dever de olhar pelos demais. Não estou a falar de caridade. Longe disso. Sou da opinião que se “deve ensinar a pescar” e não a “dar peixe”. A não ser em casos críticos, como por exemplo em casos de fome. Todos aqueles que detêm o poder económico não devem deixar de respeitar os mais pobres, acusando-os, muitas vezes, de tudo e mais alguma coisa. Fazendo comparações a nível de inteligência, responsabilizando esta pela desigualdade. Não é verdade. É a sociedade desigual que encontramos e dois ou três indivíduos sem escrúpulos que conseguem enriquecer às vezes à custa dos bens alheios. O que não está certo é que depois do passo dado após o 25 de Abril se queira retroceder com pretextos para levarem o povo a crer que é o melhor para todos. (E isto sem uma consulta popular!) Ora, isto foi decidido sem lugar para negociações. Sejamos justos. A quem é que esta revisão constitucional vai privilegiar? Não é muito difícil de ver. Os trabalhadores e a sociedade em geral, sobretudo os mais desfavorecidos e sobretudo a classe média, vai pagar caro esta proposta de revisão constitucional caso ela venha a vingar. Quem faz uma proposta destas não pode ter uma ideia do que é viver neste país. Não tem ideia das dificuldades, não tem ideia de nada. A única ideia é a do capitalismo ganancioso que não olha a meios para atingir os fins. É a estes que a revisão constitucional vai proteger. Uma ideia: há tanto para fazer neste país a nível social, porque não começar por uma reforma social e, quando o país estiver mais equilibrado financeiramente, quando houver mais igualdade, então aí talvez se possa falar disso. Mas nem assim deixa de ser injusta, desleal e provocadora para aqueles que dão o seu melhor vestindo a camisola da empresa para a qual trabalha e que os abandona quando vêem a oportunidade de explorarem outros trabalhadores que, perante a extrema pobreza, se vendem por uma ninharia. Tudo isto com a conivência dos políticos. O capitalismo já deu com os burros na água, mas parece não ter aprendido. Parece estar mais ganancioso ainda. Dá-me a sensação que ele vai acabar com ele próprio. É uma espécie de escorpião que acabará por tirar a própria vida. Só que ele não consegue ver isso nem a classe política que só tem a ganhar aliando-se a eles. Talvez o recém-chegado à política deva ficar uns anos no banco até perceber o que se passa no país. Ou então, se querem ganhar eleições, terão de escolher outro líder. Este não convém ao país que temos.
Os saldos são o período mais aguardado pelas pessoas que, com poucos recursos, gostam de se manter a par da moda. Estes são já um dado adquirido: para acabar os stocks e acumular algum dinheiro para a compra de novas peças, os saldos são também a oportunidade das lojas. O que eu nunca assistira, até agora, fora a saldos de comida. É, em tudo, igual aos outros, a única diferença é que enquanto os outros se realizam no final das estações, estes têm lugar no final do dia.
Já me acontecera comprar, em pastelarias, cafés e até grandes superfícies, produtos que, depois, verificava que já não eram do dia, alguns eram já tão duros e secos que me vi forçada, por mais de uma vez, a trocá-los. Nunca tive problemas ao fazê-lo. Consegui facilmente a troca que foi sempre acompanhada por um pedido de desculpas do funcionário que, para mim, deve ser o menos culpado. Aceitei-as gentilmente, sempre justificando a situação com o facto deles não estarem dentro dos produtos para averiguarem o estado dos mesmos, (e não os podem provar antes de os venderem!). Já aconteceu e virá a acontecer, disso não tenho dúvidas. Dentro das grandes superfícies, já também assisti a saldos de comida cujo prazo de validade estava a terminar, (aqueles que aparecem, em grandes quantidades, atados por largas e coloridas fitas gomadas exibindo a palavra promoção). Mas nunca assistira a isto. Um dia destes, eu regressava do trabalho (sabe tão bem dizer isto!), e passava diante de uma pastelaria, quando deparei com um placar sustendo um anúncio invulgar. Ele anunciava a baixa de preço dos bolos, todos os dias, a partir da 17h e 30m, para metade do preço – trinta e cinco cêntimos. Alguém ainda se lembra de comprar bolos a este preço? A pastelaria do lado, não sei se para resistir à concorrência, baixou os preços para trinta cêntimos. A verdade é que esta medida inteligente resolve o problema removendo das prateleiras os produtos atrasados, permitindo aos clientes a obtenção de um bem que, para muitos, estaria fora das suas possibilidades. É só observar a quantidade de pessoas que por lá passam, depois das 17h e 30m (agora 17h), procurando o produto a metade do preço. Há-as de todas as idades, desde avós com netos, a jovens que por lá passam depois das aulas, e outras que, depois do trabalho, passam por lá, para levarem alguns bolos para casa. É talvez uma maneira também de fazerem face a uma crise que ainda só vai no início e que promete vir para ficar, durante uns bons tempos. A ideia é excelente. Alguém quer aproveitar a ideia? Seria bom para todos…e ninguém parece perder com a baixa de preços!
Projecto Alexandra Solnado
links humanitários
Pela Libertação do Povo Sarauí
Músicos
artesanato
OS MEUS BLOGS
follow the leaves that fall from the trees...
Blogs
O blog da Inês
Poetas