opiniões sobre tudo e sobre nada...

Quarta-feira, 28 de Novembro de 2012
Estudo e dúvidas

Há pouco tempo, fui confrontada com uma aluna insegura que me dizia não estar a compreender a matéria. Acedi ao pedido deixando-a assistir à aula de apoio pedagógico acrescido. Comecei a realizar exercícios no quadro tentando perceber onde residiriam as dúvidas, uma vez que ela não me tinha dado qualquer tipo de indicação nesse sentido. Para meu espanto, ela não dominava a matéria não porque não a compreendesse mas porque jamais olhara para ela, desde que a dera na aula, há algumas semanas atrás.

Desde sempre, tenho o cuidado de, depois de dar um conteúdo, perguntar, aos alunos, se perceberam. Quando a resposta era positiva, avançava sem outras preocupações. Foi o que aconteceu desta vez, pelo que foi com espanto que recebi a notícia da aluna. Pedi-lhe que abrisse o livro em determinada página, o que a levou a questionar-me sobre o motivo. Disse-lhe que só poderia resolver os exercícios se soubesse o que cada fenómeno fonético significava. Disse-lhe para não ter pressa, até refreei alguns alunos que, impacientes e cansados, punham e tiravam o dedo do ar. Ela, notando a ansiedade dos colegas, apressava-se e atrapalhava-se atirando com um nome para o ar. Pedi-lhe calma e que tomasse o tempo que precisasse. Quando, finalmente, encontrou aquele que encaixava, na perfeição, no exercício, disse-o em voz alta. Fiquei contentíssima! Ela percebera onde estava a sua dúvida. E, quando a empregada bateu à porta para lhe dizer que o pai estava à sua espera para almoçar, ela saiu toda contente. Percebera que precisava de conhecer a matéria para, então, tentar fazer os exercícios. E, melhor, que conseguia fazê-lo, em casa, sem ajuda! Bastaria, para tal, ler os fenómenos e resolver, depois (ou em simultâneo), os exercícios.

Fiquei orgulhosa dela! E já avisei os outros, mais novos, que me dizem também que percebem tudo e que é fácil que fico à espera do teste para ver se continuam com a mesma opinião. É que já estou à espera que estudem, também estes, na véspera do mesmo!

Isto faz-me perceber que, desde o meu tempo, a escola ou a maneira como é encarada pelos alunos, não mudou em nada. Tal como eu já fiz, também apanhei duas alunas que, sob o pretexto de não terem o livro da disciplina, resolviam os exercícios de matemática na minha aula. Expliquei-lhes como poderiam ultrapassar esse problema e elas concordaram, tendo ficado com a matéria no caderno! Tudo foi resolvido sem dramas e com muita calma. Afinal, tudo tem solução, se estivermos à altura da situação!



publicado por fatimanascimento às 18:26
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Segunda-feira, 4 de Janeiro de 2010
Alguém compreende este tempo?!

O Inverno começou oficialmente no dia 21 de Dezembro, mas, estranhamente, a temperatura do ar não corresponde ao frio habitual. Mesmo o vento, embora por vezes, bem violento, nem frio é! Lembram-se da tempestade que se abateu sobre o país uma noite destas, com ventos muito fortes, capazes de causar grandes estragos? Tive de sair à rua, alertada pelo ruído das portadas que batiam violentamente contra a parede. Estranhei a temperatura do ar: morno?! Os dois casacos vestidos com que agasalhava de nada serviram. De facto, só atrapalharam. A chuva caía intensamente, capaz de derrubar o telhado acima das nossas cabeças. Só esta fazia lembrar o Inverno. Mas não forçosamente. A luz, na rua, desapareceu e apareceu como uma lanterna gritando apelos urgentes em código morse. (Aquele que consegue, para quem conhece, formar palavras com simples desenhos de pontos e traços luminosos ou auditivos.) À obscuridade sucedeu a escuridão. Lá fora, o vento uivava furioso. O som de objectos caídos pela força do ar agitado rompia o longo uivo do vento. A casa, encolhia-se debaixo da tempestade. Só o romper do dia trouxe a calma ambiental. De lá até aqui, o estado do tempo não se modificou. O ar continua morno. As pessoas mais cautelosas ainda se envolvem em casacos que a temperatura não justifica. Aqui, a único aspecto que não se encaixa no puzzle ambiental é a temperatura. A humidade parece ter ocupado o lugar do frio. A água escorre e acumula-se em todo o lado. Os buracos que deveriam escoar a água dentro das cidades, e que se encontram junto dos passeios, não conseguem esvaziar tanta água. A cada carro que passa levanta-se uma vaga de água. Os vidros das casas e dos carros embaciam-se mas não se consegue limpar por dentro. Só as escovas apagam a película enevoada colada ao pára-brisas. Por fora, gotas de água escorrem dos vidros como insectos apressados rumando em direcções desconhecidas. E o ar continua estranhamente morno! Só as terras altas parecem ter a possibilidade de viverem um Inverno frio. Lembro-me dos meus Invernos infantis. Frios e secos. Este ano, só tive oportunidade de apreciar um dia ou outro com estas características. A paisagem à minha volta desfilava coberta de um leve, branco manto. O termómetro marcava pouco mais de um ou dois graus. Ainda era Outono. Foi o único ar frio capaz de fazer justiça à estação que principiámos. Mas ainda estamos no início e muito estará ainda para vir. Só espero é que este balanço da temperatura, registado ultimamente pelos termómetros, desapareça e leve estas temperaturas desajustadas à época que atravessamos! Entretanto, vamos ficando atolados em água, e um pouco mais temos de comprar um barco para sairmos de casa! Se juntarmos a isto a má construção das casas, qualquer dia ficamos todos com um aspecto verde-azulado! Valham-nos os poucos dias de sol que têm vindo para nos ajudar a expulsar o excesso de humidade das nossas casas, ainda que frios!



publicado por fatimanascimento às 14:35
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Segunda-feira, 19 de Maio de 2008
O perigo de certos ideais

 

Acabei de rever o filme de Claude Leclouch, Les uns et les autres, que, como tantos outros filmes sobre o mesmo tema, me marcou profundamente. Como todos sabem o filme roda à volta da Segunda Guerra Mundial, e de todos os contornos marginais à própria guerra, como a tentativa de extermínio de certas etnias. O filme, tal como todos os que se debruçam sobre o mesmo tema, revela bem o sofrimento provocado nas populações pela consequência desses ideais, sem excepção. Não vamos pensar que todos os alemães eram nazis. Muitos daqueles que se manifestaram de alguma forma contra o regime ditatorial, sofreram as consequências, chegando mesmo alguns a pagar com a própria vida a sua audácia. Depois, com as consecutivas invasões, esse extermínio estendeu-se a outros países. O mesmo ambiente de medo e desconfiança, as denúncias…

Uma das boas razões porque se estuda a História, é não só para aumentar a cultura dos alunos, ou chateá-los com datas, pessoas que já morreram e factos passados, mas é, sobretudo, para podermos reflectir, enquanto adolescentes, e aprender com os erros do passado de forma não contribuir, no futuro, para a realização da sua repetição. Sobretudo ter a sensibilidade e a inteligência de ler os sinais que poderão contribuir com um retrocesso na História da Humanidade. Mas, para além da História, os documentários com os testemunhos das pessoas que sofreram os horrores físicos e psicológicos (e psíquicos!) dessa época, debaixo do domínio do regime nazi, e das directivas que o orientavam. Talvez, estes testemunhos na primeira pessoa sejam os que melhor traduzem todo aquele horror. Não esquecer os diários que sobreviveram àquela época e que corroboram em tudo o que os documentários revelam. Isto, para já não falar dos próprios soldados russos e americanos que libertaram os prisioneiros dos campos de concentração e que observaram presencialmente, e em primeira mão, o estado das pobres pessoas aprisionadas.

O que me admira são os novos movimentos, que se regem pelos mesmos ideais e que parecem ganhar, cada vez mais, adeptos, apesar da informação toda que existe. A acrescentar a isto, o que chega a ser incrível é a audácia de rejeitarem a própria História, chegando ao ponto de negar certos factos por todos já aceites como uma verdade inequívoca. Depois, o ódio e a violência inerentes a estes grupos assusta qualquer um, quanto mais pactuar com eles… Há certos ideais que têm de ser submetidos a uma séria reflexão, e há que pensar nas consequências reais deles, antes de serem abraçados pelos adolescentes e jovens. Há que pensar seriamente, porque nem vale a pena imaginar o que será uma sociedade submetida a tais ideais, pois disso já temos, infelizmente, exemplos bastante concretos e elucidativos e ainda não muito distantes no tempo.

 

Fátima Nascimento.



publicado por fatimanascimento às 10:13
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Segunda-feira, 10 de Setembro de 2007
Ainda aquela falta...

Cada dia se torna mais difícil manter um emprego, pelo menos quando os problemas se avolumam, acabando na dicotomia - ou eu ou o emprego. Foi o que aconteceu comigo, após quase vinte anos de ensino. Ao longo destes anos todos, passei por muitas escolas, só repeti uma, e de todas guardo boas recordações e com todas tenho boas relações. Sempre encontrei pessoas dispostas a ajudar e a cumprirem bem com o seu trabalho, o que originava um bom trabalho de equipa e um ambiente óptimo. No ano passado, tive a triste ideia de pedir destacamento para uma escola mais próxima da minha residência e foi o que poderia ter feito de pior na minha vida, uma vez que, ali, fiz a descida aos infernos. Nunca me lembro de me sentir tão mal numa escola. Desde que para lá entrei, confrontei-me sempre com perseguições mais ou menos dissimuladas que acabaram, à falta de outros motivos, com uma falta injustificada. Sabendo que, depois desta falta, os problemas teriam tendência a agravar-se, se lá continuasse, resolvi pedir a rescisão do contrato que me ligava ao ME, no dia dois de Agosto de 2007. Em Setembro, a escola onde estava efectiva contactou-me dizendo que o ME tinha devolvido o meu pedido porque teria de ser dirigido ao Presidente do Conselho Executivo da escola a cujo quadro, eu pertenço, e que teria de pedir a exoneração do cargo. Reformulei o requerimento nos termos requeridos e enviei-o por correio. Acabou assim a minha relação de quase vinte anos com o ensino. Esta falta injustificada, que só me foi anunciada  dezassete dias depois, faz-me muita confusão. Nunca tal me aconteceu… e nunca pensei que tal me fosse acontecer, logo a mim, que sempre fui tão cuidadosa.

   No final do ano lectivo, já muito cansada, eu tentava passar a informação que estava no placcard dos exames do secundário, e não só, para a minha agenda. Primeiro a informação parecia que não entrava na minha cabeça e a que entrou, foi para emendar o que estava bem. No dia seguinte, cheguei atrasada ao exame. Muito aflita, expliquei o que se tinha passado ao Conselho Executivo daquela escola, a dificuldade que tivera em passar a informação e a confusão que fizera. Fui ao médico, nessa mesma manhã, e expliquei-lhe o que se passava. Exaustão, foi o diagnóstico. Para evitar arranjar complicações para a minha vida e a dos alunos, resolvi faltar aos exames e pedi um atestado que pensava que cobrisse o período até às férias que começariam a 16 de Julho. Outra confusão minha. Começavam a dezoito. De modo que o atestado ia só até 13 de Julho que era sexta-feira. Estava em casa descansada. Comecei as férias e, no dia dois de Agosto, o empregado da secretaria que trata das faltas dos professores comunicou-me que lhe chegara, naquele dia, uma falta minha injustificada do dia 16 de Julho. Depois de algumas trocas de telefonemas, para eu tentar descobrir o que sucedera, fiquei a saber que fizera mais uma confusão, e que as férias começavam só a dezoito. Fiquei arrasada! O senhor sugeriu-me que tentasse encontrar um médico que me passasse um atestado. Após dezassete dias da falta? Fiquei admirada com a sugestão. Seria gozo? Comuniquei-lhe que nesse mesmo dia iria pedir a rescisão do contrato (que não era rescisão!) como já expliquei anteriormente. Sempre me fez confusão esta falta… como é que dão pela falta só dezassete dias depois? Quem é que não fez bem o seu trabalho? O secretariado de exames, o conselho executivo ou o senhor que trata das faltas? Gostava de saber quem é ou são os responsáveis por esta falta comunicada tanto tempo depois. Nas outras escolas, os serviços comunicavam com os professores informando-os das faltas, poucos dias depois da data das mesmas, e lembro-me dos colegas agradecidos responderem que iam enviar atestado… como as pessoas fazem toda a diferença!



publicado por fatimanascimento às 15:30
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Segunda-feira, 5 de Fevereiro de 2007
Os pais, esses estranhos...

É o drama de muitos pais que trabalham e dos respectivos filhos, sobretudo quando aqueles trabalham longe de casa e que, para além do tempo de trabalho, ainda têm que juntar o tempo que gastam nas viagens. Salvo quando existem problemas de saúde, ou ao fim-de-semana e feriados, é que esses pais têm mais tempo para dedicar aos filhos e vice-versa. Este tempo, contudo, não compensa o largo espaço de tempo semanal que os pais passam longe dos filhos. Há aquela ideia que defende que não se deve olhar à quantidade de tempo passado com os filhos mas à qualidade. É verdade... mas, muitas vezes, a qualidade precisa de tempo... porque ninguém faz nada bem à pressa! Se contarmos as horas que os filhos passam na escola e se as compararmos com aquelas que eles passam connosco em casa, sem contar as actividades extra-curriculares, veremos que nós, as famílias, ficamos a perder... (embora muitos pais se queixem que se não fossem essas actividades, eles tornar-se-iam insuportáveis... em casa)! Se descontarmos a horas diárias de trabalho, os trabalhos domésticos, os trabalhos de casa dos filhos, o estudo, o computador, etc., pouco resta, em termos qualitativos, para dedicarmos aos nossos filhos. Por causa disso, vemos a família a ser, cada vez mais, substituída pelos amigos... (quando eles têm a sorte de encontrá-los e eu refiro-me aos verdadeiros!)... quando digo família, refiro-me aos pais, avós... que deixam de lhes servir de referência na vida para o serem os amigos que eles mais gostam e admiram... é claro que este facto arrasta consigo um risco grande... Mas vejam as razões... eles têm um problema na escola, é com esses amigos que eles falam primeiro, pois os pais estão a trabalhar e só os vêem à noite, e quando chegam a casa, a não ser que sejam problemas graves e que eles não saibam como solucionar ou como reagir a eles, aí, eles talvez se abram, mas muitas vezes, já estão tão fartos de falar da mesma coisa com os colegas/amigos que já não o fazem em casa e, quando nos apercebemos desse problema, já está solucionado e já não interessa falar disso.  Os bons exemplos existem em todos e se os pequenos forem maduros ou sensatos, eles sabem distinguir um bom exemplo de um mau, mas quando tal não sucede ou se os conselhos que lhes são dados não os melhores, temos complicações sérias... Os acontecimentos felizes ou engraçados na vida dos nossos filhos, as novas namoradas, as peripécias do dia-a-dia também nos passam despercebidos, e é pena... Depois, nas alturas em que temos mais tempo, chegamos, finalmente, a conhecer todos esses factos da vida deles e ouvimos frases como "Eu, antes, calava-me a tudo o que me diziam, agora, já não faço isso... Aprendi com fulana!" ou "Mãe, eu sempre tive segredos para ti.  Repara, eu tenho mais confiança nos meus amigos do que em ti. Passo mais tempo na escola com eles...!" Por isso, pais, resignem-se, qualquer dia, somos uns estranhos em casa a passar algum tempo com aqueles desconhecidos a quem chamamos filhos...



publicado por fatimanascimento às 13:37
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