Todos os docentes sabem, e não só, também os psiquiatras que os tratam, que esta profissão é não só desgastante como esgotante. Não é por acaso que muitos docentes chegam ao final do ano lectivo de tal maneira cansados que nem um mês de férias dá para se recomporem. Não é por acaso também que, há já alguns anos, existe um artigo 75º que concede aos docentes com bastantes anos de trabalho uma redução horária lectiva. De facto, esta profissão, se vivida a fundo, exige um envolvimento afectivo, emocional e intelectual, ano após ano, de tal maneira grande que vai desgastando as pessoas que se envolvem inteiramente nesta profissão. Com certeza que ninguém fica indiferente a um aluno que se droga, a uma aluna jovem que engravidou, a outro que tem graves problemas familiares, etc., e todos tentamos, na medida do possível, ajudar, embora nem sempre consigamos os resultados que esperamos. Se juntarmos a isto, o problema da indisciplina e violência nas escolas, que afecta não só os professores como também os alunos da própria escola, e os outros funcionários, dá já para ter uma ideia do inseguro ambiente escolar em que vivemos. Escusado será dizer que os momentos de insegurança e stress vividos nas escolas aumentaram muito, o que veio também aumentar o desgaste físico, psicológico e emocional dos docentes. Ora, todo o docente, ao longo dos anos, vai perdendo a força e a energia exigidas nesta profissão, e a força que tem no meio ou no final da carreira, não se compara, em nada, com aquela que se tem no início, apesar da inexperiência. Foi esta situação que se teve em conta, (entre outras que possivelmente me possam escapar), quando se criou o artigo 75º. Por ironia ou não, foi através deste mesmo artigo, que o ministério pegou para aumentar novamente a carga dos professores. Eu explico. Tiraram-lhes as horas lectivas e substituíram-nas por aulas de substituição. Assim, quantos mais artigos 75º, mais aulas de substituição! O que quer dizer que o ministério teve o condão de tornar o artigo 75º obsoleto. Ou então, as aulas de substituição não são, para ele, aulas. Se pensa assim, não percebe muito de escola, ou então o que sabe é só de teoria ou está ultrapassado. Agora já há professores que dizem abertamente que preferem ter aulas normais a aulas de substituição! Não seria por isto que o ministério esperava? Os professores voltam, mais cedo ou mais tarde, às cargas horárias de antigamente, com claro prejuízo da sua saúde e com claro prejuízo da tão afamada pedagogia. Porque debitar conhecimentos não é difícil, criar actividades é que é… e todo o trabalho criativo necessita de tempo! Ou limitar-nos-emos a copiar o que já foi feito nos outros anos até ao final dos nossos dias e a debitar conhecimentos? É claro que há as super-mulheres e os super-homens em qualquer profissão que dizem ser capazes de tudo… não discuto, limitar-me-ei só a dizer que se encararmos esta profissão como se de um trabalho de escriturário se tratasse, então, é fácil ser-se professor!
Projecto Alexandra Solnado
links humanitários
Pela Libertação do Povo Sarauí
Músicos
artesanato
OS MEUS BLOGS
follow the leaves that fall from the trees...
Blogs
O blog da Inês
Poetas