O acto criativo é imperfeito, devendo sempre ser objecto de várias revisões. No acto febril da escrita o escritor acompanha a velocidade da inspiração sacrificando-lhe tudo o mais. Só depois de este estar realizado, ele poderá inclinar-se sobre o texto para o melhorar, tendo em conta todos os aspectos antes forçosamente negligenciados. Para tal, é preciso um distanciamento em relação ao texto que nem todo o autor tem ou consegue por mais que se esforce. E mesmo quando, e se, consegue esse distanciamento, há sempre aspectos/pormenores lhe escapam, por mais revisões que faça. Desta forma, é imperioso que alguém para além dele, confira o texto. E há pessoas que são muito boas a realizar esta tarefa. Para se fazer uma revisão em condições, é necessário o autor conhecer alguém de confiança, o que é difícil e às vezes mesmo impossível, que se digne a fazer tal tarefa. O ideal seria a editoras terem ao seu serviço pessoas qualificadas para tal, isto é, capazes de apanhar todos os pormenores que escapam aos autores, respeitando sempre o texto inicial, porque, muitas vezes a criação afasta-se das regras, o que nem toda a gente entende. A criação não tem regras, embora muitos se adaptem a elas. O acto de criação é de pura liberdade. Não dá para ser entendido de outra forma. (Quantas vezes, os autores, ao escreverem, escolhem uma determinada palavra no ardor do momento da criação, depois, não realizados com a mesma, voltam atrás, substituem-na por outra esquecendo-se de fazer o acordo com a nova palavra escolhida. Este é um exemplo entre muitos.) Nos dois primeiros livros por mim editados, não tive a sorte de ter alguém de confiança que pudesse fazer a revisão ou ajudar na mesma. Não conhecia ninguém. (As circunstâncias também não ajudaram. O furto de um dos contos, constante do primeiro livro, levou à precipitação da publicação do mesmo, uma vez que não se sabia o que o furtador tinha em mente.) Quanto ao terceiro, foi diferente, já tive a oportunidade de ter a ajuda preciosa de uns colegas que ao lerem o meu manuscrito apontaram algumas gafes que não detectei na minha revisão. Neste último, procedi à correcção via e-mail, e entreguei à editora para que procedesse à revisão. Depois de muitos envios e reenvios, verifiquei se a revisão tinha sido feita. Não verifiquei o texto todo, só algumas partes. Quando, finalmente, tive a coragem de abrir um exemplar e de o ler, verifiquei, horrorizada, que muitas das correcções, realizadas pelos meus colegas e por mim, não haviam sido feitas. Já havia solicitado à editora que me enviasse o programa da paginação para proceder, eu mesma, à correcção textual. Não me foi dado por razões que me pareceram justificáveis, mas o que se pode esperar é que o pessoal da editora o faça, pelo menos quando solicitado para tal. Algum e-mail, com as correcções, se deve ter perdido. Só isto explica que umas tenham sido feitas e outras não. O que foi pena porque o produto final estava bom.
A revisão é um trabalho necessário embora, na minha opinião, aborrecido. Prefiro mil vezes escrever um texto novo do que andar à caça do erro, seja ele qual for. Depois a falta de distanciação do autor em relação ao texto criado não ajuda. Esta consiste em entendê-lo como um prolongamento de nós, e estamos tão apaixonados por ele, (pela estória, entenda-se), que não conseguimos detectar as gafes. Todo o acto de criação é um acto de paixão, ou não teria sentido de outra forma. Leva algum tempo a arranjar a objectividade necessária para procedermos à revisão. E tempo foi o que me faltou nos dois primeiros. No terceiro, terá sido a perda de um e-mail… Assim ter-se-á de arranjar uma solução. Talvez a editora faça a correcção na segunda edição. Assim o espero…
Fátima Nascimento
Bravo, senhor Presidente. Já desesperava por encontrar alguém que visse os problemas da nossa sociedade e os ajudasse a denunciar. Não se trata de denunciar só por denunciar, mas no sentido de tratar de arranjar soluções, o mais justas possíveis, para construirmos uma sociedade mais justa para todos. Hoje, o senhor Presidente da República deu uma ajuda nesse sentido e não é a primeira vez que o faz. Sempre achei que a figura do Presidente da República deve ser tudo menos meramente decorativa, ou de ser um mero mediador de conflitos… ele deve ter um papel mais interveniente a nível social, não só com vista a eleições mas preocupações verdadeiras, afinal, ele é o presidente de todos, os que votaram e dos que não votaram nele. Eu não votei nele, (ainda me lembrava dos tempos em que ele, enquanto primeiro-ministro, não se importou tanto com o aspecto social!) mas devo dizer que ele me está a surpreender neste sentido. Estou de acordo com ele. Num país onde o ordenado mínimo é muito baixo e onde há muita pobreza, acho que a riqueza está muito mal distribuída: há aqueles que ganham muito e aqueles que ganham muito pouco. Não é que não saiba bem ganhar muito, o que não está certo é haver uns que ganham mais do que o suficiente para fazer frente ao alto custo da vida, enquanto outros há que mal conseguem sobreviver. Numa democracia a igualdade deveria ser uma prioridade, mas não é. Mesmo dentro dos empregados do estado há uma discriminação muito grande, como toda a gente sabe. Agora, estamos enfrentar uma crise hedionda que nos está a afectar a todos, mas todos gostaríamos de lhe fazer face com mais uns quantos cêntimos no bolso. Só que a única coisa que temos em comum é essa mesma crise. Não acredito em pessoas, sejam elas de que quadrante político forem, que não olham para o lado e se interessam pelo que se passa ali, vivendo única e exclusivamente para a sua vida estando-se a borrifar completamente para a vida dos outros. Eu, neste momento, estou desempregada, mas quando trabalhava, e sabendo que não tinha um ordenado por aí além, quando comparado com outros, não me importava de receber menos se isso fosse beneficiar alguém mais carenciado. Embora eu saiba que nunca se deve procurar a solução por baixo mas sempre por cima, e enquanto tal não for possível, teremos de nos contentar com uma solução menos feliz para todos. Mas mais justa…
Há uns dias atrás, não muitos, tive de realizar uma transferência bancária numa caixa Multibanco. Qual não é a minha surpresa, quando, ao receber o talão, verifico que ele estava impresso naquela tinta lilás, que, ainda por cima, era muito clara. Para qualquer normal olho humano, olha-se e vê-se perfeitamente bem o que lá está impresso, o pior é quando se tem de fotocopiar o dito talão. Não há cópia possível! Toda a espécie de cópia que se pretenda fazer sai… imperceptível. Pode-se dizer que as letras e números, constantes desse talão, (porque elas estão lá!), não se percebem em todas as tentativas de cópia realizadas por mim ou por outras pessoas, já mais acostumadas, e por isso mesmo mais hábeis nesta questão das cópias. Como já se vem falando do problema que constitui esta tinta, e os problemas que colocam às pessoas que utilizam as caixas de Multibanco como meio de pagamento (e são muitas!), julguei que o problema estava já solucionado, e que não haveria mais caixas Multibanco com tal tinta. (Devo acrescentar que, todos os semelhantes talões coleccionados, desde há alguns anos, e que constituem prova de pagamento das diversas facturas que chegaram até mim, já não estão legíveis. Olha-se para elas e vê-se um exíguo papel… em branco!) Esta situação colocou-me numa posição difícil. Como tinha de enviar a fotocópia, ela lá foi, ainda que de qualidade péssima. Agora, não estou livre de apuros. Posso, a qualquer momento, ser chamada à atenção para uma situação à qual sou totalmente alheia, pois, por minha vontade, essa tinta já teria sido erradicada de todas as caixas Multibanco. Posso ver-me obrigada, (e muito justamente, devo acrescentar), a ter de me deslocar à empresa, para mostrar o talão às pessoas que não conseguem ler a cópia. (E tenho de o levar quanto antes, prevenindo a hipótese de o original perder a pouca tinta que tem.) Mas, como para tudo há solução, o que eu posso fazer é deslocar-me lá, caso seja necessário, mostrar-lhes a prova do pagamento, que é o claro talão, para eles comprovarem a realização do pagamento. Poderão até ficar com ele, desde que me passem uma declaração, assinada, em como receberam o talão, em mão, como comprovativo da tal transferência. O que me aborrece sinceramente, não é já o dinheiro que vou ter de gastar com a deslocação, e todos sabemos como os bilhetes dos transportes públicos estão caros, mas a constatação de que, por muito que se fale ou proteste, as situações parecem não mudar… sejam quais forem as razões, e uma delas é fácil de perceber – é sempre a população que perde com este tipo de situações.
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