O Natal é um período mágico. Nele se diluem todos os medos, todas as preocupações, todas as raivas, todos os ódios… Vive-se um clima de harmonia excepcional exclusiva desta época. A pessoa concentra-se exclusivamente nas festas que se avizinham, na comida, nas prendas, na família… mas há um sentimento morno no ar, que nada tem a ver com a coluna quente de fumo que se desprende da boca do assador das últimas castanhas da época. Os traços faciais estão mais diluídos e o rosto parece emitir uma luz que vem da alma. Há uma inevitável esperança que preenche os espíritos das pessoas com que nos cruzamos na rua. Mesmo vivendo momentos difíceis, que ameaçam prolongar-se por uns bons longos anos, as pessoas necessitam de viver este momento, que lhes dará o ânimo que irá sendo carcomido pelos bichos da incerteza e da instabilidade, ao longo do ano que se aproxima. Esse estado de espírito começa a desvanecer-se logo a seguir ao dia de Natal. As notícias, que preenchem os ecrãs, anunciam um ano problemático cheio de aumentos e desemprego, enfim… anunciam aquilo que todos já sabemos mas nos recusamos a encarar, porque não queremos perder esse estado de graça, com que somos agraciados nesta excepcional época – não existe abismo nenhum entre o novo ano e o precedente, mas uma simples continuação. As pessoas acordam do seu curto estado de graça, para enfrentarem novos e velhos problemas do país que não tem pessoas capazes de lidar com as situações criadas interna e externamente. As velhas soluções servem para tapar os velhos novos problemas existentes. Sim, porque dentro do sistema capitalista, os problemas repetem-se e, enquanto dermos mais importância ao dinheiro que às pessoas, menos soluções possíveis encontramos para ele. A dura realidade faz renascer os receios que ameaçam corroer o sentimento harmonioso que preenche as esfomeadas almas, desequilibrando-as e ameaçando-as novamente com o fosso do desânimo, para onde, invariavelmente, somos projectados, ano após ano. Sim, não se fecha nenhum ciclo (como gostamos de pensar) antes se continua o que estivemos durante um ano (e mais!) a percorrer. Somos, aliás, uma consequência dele.
O sistema nacional de saúde é o mais usado pela generalidade dos portugueses, por ser não só o mais barato mas também por ser o que está mais à mão. No entanto, ele está tão sobrecarregado que, por vezes funciona mal. Os problemas são, por demais conhecidos: falta de médicos que os leva a trabalhar horas seguidas sem descanso nas urgências dos hospitais e, depois, nos centros de saúde, centros de saúde que fecham as portas levando os utentes a deslocarem-se para locais mais afastados do local onde habitam, etc. Se olharmos também aos médicos de família que têm um número de utentes que ultrapassa a sua humana capacidade diária, o que leva muitos doentes a recorrerem ao hospital mais próximo… vemos, desde já, que o sistema nacional de saúde não funciona como deveria. Se juntarmos a isto as consequências que geram todos estes problemas, vemos que a saúde pública corre sérios riscos de adoecer de vez… Um amigo meu, cujo filho se queixava havia já algum tempo de dores no joelho, foi com ele ao hospital da sua região e, após lhe terem feito vários exames, ao que parece inconclusivos, atribuíram as dores ao crescimento do filho. Como se o crescimento normal e saudável fosse acompanhado de dores… Conformados com as explicações médicas, regressaram ambos a casa. Como as dores continuavam, ambos recorreram mais do que uma vez aos serviços daquele hospital, ouvindo sempre as mesmas explicações, que acabaram por não convencer o pai do rapaz que procurou uma alternativa na medicina privada. Acertou em cheio! Depois de alguns exames, o médico ortopedista deu com o problema e explicou ao pai que o rapaz tinha de ser operado o mais rapidamente possível. E foi o que aconteceu, e o que andou empatado durante anos resolveu-se em menos de dois meses… Este é um exemplo de muitos que acontecem por esse país fora. Alguns casos têm a felicidade de conhecer um fim feliz, como este que aconteceu com o filho do meu amigo, mas outros haverá que não conhecem este final feliz. Agora há que pensar, sistema nacional de saúde sim, mas um sistema nacional que funcione e, já agora, com muitos finais felizes!
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