Nunca fui apologista da designada “teoria da conspiração” por muito atractiva que esta se mostre. Como por exemplo a relacionada com o 11 de Setembro e que defende que os serviços secretos norte-americanos são os responsáveis por aquele atentado. Isto seria terrível! Pensar que os serviços secretos teriam acordado e matar inocentes conterrâneos seus só para defenderem a sua ideia, é terrível! Maquiavélico, mesmo! A par disso, seria também responsável pela desinformação revelada ao presidente ou seria este conivente com tal plano? É impensável pensar assim. Tornaria aqueles serviços assim como os políticos envolvidos nuns monstros.
A questão é que depois do que aconteceu, o mundo nunca mais foi o mesmo! Estão processar-se algumas mudanças e muitas delas nem sempre são razoáveis. A questão da informação e da transferência de dados pessoais parece ter assumido proporções desmesuradas, o que leva a abusos. Não concordo com a matança que tem sido feita contra supostos elementos terroristas e que leva à penetração em países soberanos por objectos voadores, conduzidos de forma remota, dirigidos a alvos concretos. Executam-se pessoas sem julgamento prévio. Eu não sei, não tenho provas de que eram culpados. Não foram julgados! Mas isto não fica por aqui. Chegou-se ao ponto de incomodar o cidadão comum que, muitas vezes, se vê detido por algumas horas e sujeito a interrogatórios que depois não dão em nada, só porque o sistema alertou a polícia contra aquele determinado cidadão. Quem foi o responsável? Que informação concreta levou à sua detenção e consequente interrogação? Nunca se sabe. O que se pode apurar é que este sistema de vigilância que lembra a forma de actuação das polícias secretas, não está, ao que parece, a surtir efeito, uma vez que estão a ser ineficazes, talvez até enganadoras. Se calhar até deixam passar os verdadeiros criminosos para se concentrarem em pessoas inocentes. Todo o processo informático pode ser vítima de intrusão. Sabemos que o sistema informático ainda não é seguro e qualquer pessoas entendida no caso pode conseguir aceder a informações e até, eventualmente, manipulá-las. A verdade é que, a paranóia da segurança, está a deixar as pessoas temerosas e com medo do que dizem mesmo em conversas telefónicas. O que está a haver é uma forma mais de matar a democracia, uma vez que está em causa a liberdade individual de cada um e não está a ter o sucesso pretendido, já que a criminalidade continua impune, pois já conta com formas de ludibriar este tipo de segurança. Se é que lhe podemos chamar assim! Então, há que repensar esta paranóia da segurança, talvez limitando-nos a estar mais atentos ao que nos rodeia. A verdade é que muita gente já tem mais medo da cura do que do mal!
Por muito que se faça, fica ainda sempre muito por fazer… Sempre que passamos por uma obra, vemos muitas regras de segurança, que mesmo não sendo peritos, percebemos que há falhas. Muitas vezes, começa pelo próprio patrão, que, tendo começado como trabalhador, já não observava quaisquer regras de trabalho. Depois, vem a adaptação ao material de protecção, e aos objectos usados na segurança dos trabalhadores… que, aliados à pressa de começar a trabalhar, ao cansaço, etc., acabam por ser descurados. Como alguém me dizia, há algum tempo atrás “Temos de começar uma hora mais cedo a trabalhar, só fazermos aquilo que eles querem!” Não é bem assim. Há objectos de sinalização que não é preciso tocar mais, quanto ao material com que se protegem, é só uma questão de hábito. E o problema reside aqui – no hábito! Falando com outra pessoa, cujo trabalho não implica os riscos do outro, sobre o aspecto da protecção e da segurança, ela conhecia toda a informação, mas, com a pressa, reconhecia que não as aplicava. Era tudo à pressa. Quando lhe falei no esforço do cumprimento dessas regras aprendidas, desde os primeiros tempos, que lhe facilitaria depois a vida, evitando possíveis futuros problemas de saúde, ela reconheceu que teria de fazer um grande esforço para não se esquecer de as cumprir. Isto lembra-me uma ideia defendida pela OIT, que defendia que esta sensibilização deve começar desde tenra idade. Os dois exemplos, acima ilustrados, vêm sublinhar essa mesma filosofia. Entendo que, mais do que regras, elas devem ser encaradas com a sensatez com que lavamos as mãos antes de comermos – uma necessidade. E esta sensatez deve guiar todos aqueles que trabalham, desde patrões a empregados. Todos ganham com essa preocupação. Os mais interessados serão os próprios trabalhadores cuja saúde pode ser afectada de forma que pode ficar incapacitado de trabalhar para o resto das suas vidas, e se olharmos às pensões recebidas do estado… Quanto aos patrões, é certo que também eles têm a ganhar, porque um trabalhador bem protegido, trabalha com mais desembaraço (facto observado pela OIT). Aqui há uns anos atrás, ainda não se ouvia falar tanto de segurança e já eu ouvia, ainda pequena, nas conversas dos adultos, as preocupações dos trabalhadores, cujo trabalho exigia o contacto com substâncias químicas, às quais se encontravam expostos, e dos medos que eles tinham dos acidentes. Como eu me lembro deste senhor, de meia-idade, que me mostrava a estreita arrecadação onde os frágeis recipientes de plástico, se encontravam arrumados e os apontava com o dedo, temendo tocar-lhes. O pior, dizia ele, era durante a mistura…
A segurança é um aspecto que toca a saúde de todas as pessoas, desde o emprego aparentemente mais inócuo, ao que envolve mais riscos e esforços físicos, e o bolso de todos os contribuintes, pelo que deve ser respeitada. Todos temos a ganhar com isso.
Voltei à vida de nómada. Outra vez para longe e por umas poucas horas lectivas. Fui, há relativamente pouco tempo, apresentar-me na nova escola. Tentando economizar nas portagens, fiz um desvio, meu conhecido, e… perdi-me. Até Viseu, as estradas estão bem sinalizadas, sobretudo as auto-estradas (embora se esqueçam de sindicar o sentido a quem desconhece). Seguindo por estradas nacionais, o mesmo já não se poderá dizer. Sabia que, seguindo a estrada nacional escolhida, desembocaria algures numa estrada nacional que me levaria ao meu destino. Segui confiante o meu caminho até perceber que, através das indicações imprecisas, não conseguiria chegar fosse a que lugar fosse. Todas as pequenas terras beirãs estavam bem sinalizadas, o pior era perceber como conseguiria dirigir-me aos distritos mais a norte. Parecia, pela sinalização encontrada, que o país terminava por ali. Parei a carrinha e perguntei nalguns, (poucos), restaurantes que encontrei a direcção a seguir. Para além de vagas, elas eram também imprecisas. A sinalização indicando a auto-estrada 24, muitas vezes, indicava só a direcção de Vila Real, (quando indicava) ignorando o sentido Vila Real-Porto. Depois de andar às voltas, verifiquei que me afastara do destino (Guimarães)
12.40. Estou sentada na sala de atendimento de uma instituição pública financeira, à espera de ser atendida. A sala está quase cheia de pessoas que esperam pacientemente a sua vez. Os números passam lentamente no ecrã, colocado acima das nossas cabeças. No topo direito desse ecrã, um canal de televisão emite o seu programa que se prolonga por toda a manhã. Difícil distracção, quando temos de adivinhar o que os lábios mudos da apresentadora dizem. Chega a minha vez. Explico a minha presença naquela instituição. Não, não passam declarações com o número total de dias de descontos efectuados para aquela instituição pública. Insisto que a instituição, à qual devo apresentar essa declaração, quer o número de dias. Não, só passam declarações com a data do início e do término desses mesmos descontos. Penso para comigo que a declaração redigida naqueles termos serve perfeitamente, uma vez que prova o necessário – tenho mais de 365 dias de descontos. É isto que a instituição à qual se destina a declaração quer saber. A funcionária procura o meu número de subscritora no computador, preenche o papel que eu assino. Não, não sou Martins. Vai para cinco anos que perdi esse apelido, com o divórcio. Ela risca. Com a boa vontade de alguns trabalhadores, consigo trazer a declaração no próprio dia, que tiveram em conta o longo caminho que percorri, para ali estar. Telefona para o serviço de cadastros e avisa que já não tenho o último apelido. Volto à imensa sala de espera. Passado algum tempo, tenho a declaração nas mãos. Agradeço a dedicação da senhora e preparo-me para sair. Olho os papéis para ver se está tudo bem. Chocada, deparo-me com o apelido ainda colado ao meu nome. Volto atrás. O funcionário é outro. Substitui a colega que foi almoçar. Perplexo com a situação, ao princípio, ele não sabe muito bem como resolver o problema, sem começar tudo de novo. De repente, tem a solução: ele próprio passaria a tal declaração, assinada por ele, e com o selo branco da instituição, ficando ele com as provas do erro, caso houvesse algum problema. Mandou-me embora descansada. Regresso, no dia seguinte, à instituição com a declaração. Não foi a mesma pessoa que me atendeu. Não, não era aquela declaração, mas uma da segurança social. Expliquei-lhe o que acontecera. Não tinha os dias suficientes de segurança social para receber a bolsa por inteiro, uma vez que os professores nunca descontaram para a segurança social, mesmo quando uma vez pedi explicitamente para o fazerem, tal não aconteceu. Nunca tinham feito isso, nem sabiam como fazê-lo. Desisti. Agora, deparo-me sempre com o mesmo problema – para tudo pedem papéis da segurança social. Uma vez que descontei durante quase vinte anos, a primeira senhora que me atendera, perguntara-me se eu não poderia ir à Caixa, para a qual descontei tantos anos, e pedir essa declaração. Seguira o conselho da colega dela e deslocara-me lá na véspera, expliquei à nova senhora. Agora voltara tudo à estaca zero. Deparo-me com o problema da instituição que não passa declarações com o número total de dias de desconto e esta que não quer aceitar a declaração redigida naqueles termos, embora esteja bem explícito que esses descontos perfazem mais do que o tempo pretendido por eles. O português é bem claro – atesta o início e o término dos descontos. Não percebo a dúvida deles. Não me garantem a frequência do curso, por causa daquela declaração. A frustração tomou conta de mim. Deparo-me sempre com barreiras no meu caminho – quando não é a segurança social é a redacção das declarações. Não tenho muitas esperanças. Para terminar, a senhora foi muito animadora. Que deixasse a declaração, no meio de tantos candidatos, nada me garantiria a admissão ao curso. Isto é de doidos!
Fátima Nascimento
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