opiniões sobre tudo e sobre nada...

Segunda-feira, 30 de Julho de 2018
Cidadãos de primeira e… de segunda-feira

Não é a primeira vez que escrevo sobre este tema. Vivemos numa sociedade tão estratificada que parece ser impossível para muitos perceber que, como cidadãos que somos, a lei deve ser igual para todos. Não faz sentido ser de outra forma. Nem deve ser de outra forma. E é uma gritante injustiça.

Aconteceu comigo este ano. Não percebo porque é que uns, quando estão doentes, podem escolher o local onde podem ser atendidos e outros são obrigados por lei a correr para o Centro de Saúde, levantando o corpo da cama de madrugada para fazer fila à porta daquela instituição. Sim, se não temos médico de família, temos de nos levantar muito cedo para garantir a consulta. E se nos descuidamos, já não há vagas. E isto acontece muito. Mais do que pensam as pessoas que governam este país, tão alheadas da realidade.

Um dia tive necessidade de ir ao médico. Sentia-me tão mal, que não consegui levantar-me da cama. Resultado: demasiado tarde para conseguir consulta. Tive de recorrer à saúde privada – facto que o estado agradece – onde me foi passado um atestado. Com grande surpresa minha, o atestado foi recusado na secretaria. Tive de perder outro dia de trabalho para me dirigir, desta vez, ao centro de saúde para que outro médico atestasse, noutro formulário, a minha condição física já atestada antes por outro. Os colegas efetivos, pasmados, não percebiam o que se passava porque entregam atestados dos mais variados médicos do sistema de saúde privado.

Percebendo a injustiça para com os professores contratados – eu já fui efetiva – tratei, pelas vias à minha disposição, de contactar o ministério da saúde contando o que me tinha acontecido e perguntando porque é que não disponibilizavam esses formulários eletrónicos aos hospitais privados e a outros centros particulares destinados ao mesmo objetivo. Tive reposta: pediam o número da ocorrência para poderem averiguar. Ora, não havia nada para averiguar. O que havia a fazer seria alertar para esta injustiça e dar a possibilidade aos professores contratados de poderem escolher o local onde querem ser tratados dando-lhes a possibilidade de levar o respetivo atestado sem mais delongas. E isso não sucede por serem contratados como se isso fosse alguma espécie de crime ou uma vergonha que os obrigasse a um tratamento diferenciado.

Acho que estamos tão habituados a uma sociedade diferenciada por classes sociais que nem damos conta das injustiças criadas na vida das pessoas. O próprio ministério, com este despacho normativo (ou lá o que é) acaba por prejudicar não só a vida às pessoas como também promove a falta ao trabalho. Antes de fazer seja o que seja, as pessoas que trabalham para o estado têm de pensar bem antes de redigir qualquer norma que vá condicionar a vida das pessoas. Essas normas - e conheço várias regulando vários setores relativos aos profissionais do ensino - são extremamente penalizantes o que leva as pessoas a desmoralizar. Esta é uma delas e não tem aparentemente razão de existir, para além da injustiça que acarreta, tratando os mesmos profissionais de forma diferente. Nem os sindicatos - dos quais já desisti há muito - parecem dar-se conta disto. Não faz sentido.



publicado por fatimanascimento às 20:45
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Segunda-feira, 27 de Janeiro de 2014
Obamacare
Grande furor. Grande expectativa. Desilusão! Injustificado furor! Lei pouco ambiciosa! Mas se esta desencadeou tamanho furacão, imagine-se uma mais radical!

Na memória a tentativa de Clinton. Pretendia a reforma do sector da saúde. Não me lembro do desfecho. Lembro a luta. Nada mais. Pela tentativa de Obama, não conheceu êxito. Anos depois. Obama tenta uma lei. Parecida. O mesmo objectivo. Aprovação difícil. Uma explicação. Grandes interesses económicos por trás de tal recusa. Incompreensível a posição dos republicanos. Não do Tea Party. Ala direita extremista dos republicanos. Não surpreendem ninguém. Pela positiva. Defende os direitos dos privilegiados. Com uma visão estreita ou inexistente do mundo.
Esta medida vai beneficiar os pobres. (Pensei ser mais ousada pela oposição recebida. Nada disso.) Também a classe média. Esta medida não seria necessária não fosse a pobreza e as carências da classe média americana. Não percebo. Politicamente, os Estados Unidos, país reconhecido como maior potência económica mundial, tem um programa de saúde que lembra um país do terceiro mundo. Os mais pobres não têm possibilidade de pagar os seguros. Estão desprotegidos. Tentativa de Obama de colmatar uma falha grave num país assumido como defensor dos direitos humanos. E o direito à saúde? Não está defendido na Carta dos Direitos Humanos? O partido republicano americano não leu essa parte? Só os mais ricos estão abrangidos por seguros caríssimos. A classe média alta, quando se trata de doenças crónicas ou fatais, pode também perder tudo nos tratamentos caros de longa duração, reduzindo-se a uma pobreza forçada. Continuo a não perceber os republicanos pactuantes com o boicote da aprovação do orçamento. O que os leva a colocar em perigo o próprio país? A defesa dos interesses financeiros já referidos? Os seguros ganham muito dinheiro com o programa actual de saúde. Por que não continuam os grandes magnatas com o sistema de seguros e deixam criar o “Obamacare” para as classes mais desfavorecidas? Que ideais maquiavélicos dominam os políticos americanos de direita? Quem se revê, a não ser os mais ricos ou os racistas, na posição dos republicanos? Quem vota nestes políticos? (E têm medo de perder votos? Como li algures?) Não me revejo nesta ideologia. Sendo a nação americana uma nação solidária, são os primeiros a ajudar outros povos em dificuldades, não saberão que a caridade começa em casa? Esta posição republicana só vem favorecer a imagem do presidente Obama e do partido democrata. Ficam para a História como os defensores dos mais desprotegidos. E a História julga os actos friamente. Na distância do tempo. Como querem os políticos republicanos ser recordados? Ou são indiferentes a esse aspecto? Se assim for, o caso é mais grave do pensava. Pertencem à classe dos que “têm medo mas não têm vergonha”. Há pessoas assim em todos os sectores da sociedade. Do mundo. Pessoas que jamais deveriam ocupar cargos políticos ou outros quaisquer. Não fazem diferença nenhuma. Só empatam. Não deixam criar um mundo melhor. Um mundo onde todos tenham um lugar. São o prolongamento mesquinho do passado. Injusto. Cruel. Infame.


publicado por fatimanascimento às 23:15
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Domingo, 12 de Outubro de 2008
A nova era dos alimentos

Sempre vivi em contacto com a natureza. Embora vivesse, desde garota, numa pequena vila no interior do país, na minha família e/ou entre os conhecidos, sempre houve pessoas com áreas de terreno grandes onde cultivavam os mais variados legumes e criavam o mais variado tipo de animais destinados à sua alimentação. Lembro-me de comer queijo fresco das cabras, das ovelhas e ou das vacas de pessoas conhecidas, lembro-me da matança do porco em casa da minha avó materna, lembro-me também dos mais variados animais criados na tira de terreno estreita pertencente aos meus avós paternos… Também houve uma altura em que os meus próprios pais se dedicaram ao cultivo de legumes destinados à nossa alimentação. Dado o esforço que representava, (para já não falar na dedicação), depois de um dia de trabalho e noites mal dormidas, sempre achei que o talho e o mercado serviam bem, (eu também dedicava algumas horas do meu estudo à rega daqueles legumes, o que me servia de saudável distracção!). Os mais velhos sempre respondiam com uma certa graça à minha conversa travessa e explicavam, rindo-se, que era sempre bom as pessoas cultivarem o que comem, porque desse modo sabiam o que comiam. Eu, para além dos problemas conhecidos popularmente como a febre-de-malta, ou a doença dos coelhos, etc., nunca ouvira nada de extraordinário. Tudo quanto comia, desde o leite que ia buscar a casa de uma senhora que tinha várias vacas e vendia à vizinhança, (e não só), o leite e seus derivados, a fruta vinha das freguesias limítrofes pertencente àquela vila e era vendida no mercado local… eu não dava por grandes problemas relacionados com a alimentação. Agora, entendo o grave problema que é, hoje em dia, a alimentação. Independentemente dos locais de proveniência desses mesmos produtos, estamos sempre a deparar com problemas, mais ou menos graves, relacionados com ela. Não se trata só de um problema de sabor, mas de um problema de saúde pública. Então, nos últimos anos, temos sido bombardeados com notícias quase contínuas sobre os géneros alimentares que nos deixam os cabelos em pé. Como sujeitar esses mesmos alimentos a um controlo eficaz, capaz de despistar qualquer tipo de químicos passíveis de afectar a saúde pública ou até de provocar a morte? Vivemos numa economia mundial onde se transportam quantidades colossais de géneros alimentares, por isso não é fácil, pelo menos, à primeira vista, mesmo que haja laboratórios dedicados somente a esta tarefa, é impossível, no mínimo, intervir a tempo para evitar que pessoas sejam afectadas por esses alimentos manipulados. Então, como fazer? Não precisamos, se calhar, de importar de todo o sítio do mundo… se nos cingíssemos somente a uma área do globo? O problema da quantidade manter-se-ia, mas a origem seria mais controlada. Depois, e sempre fatalmente, teremos de passar pela responsabilização dos fabricantes para que eles não repitam o problema. Porque tudo passa pelas pessoas e pelas suas decisões. E enquanto o objectivo final for sempre o lucro, e só, estamos e estaremos sempre sujeitos a decisões erradas tomadas por pessoas com falta de escrúpulos.



publicado por fatimanascimento às 13:32
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