Toda a profissão requer trabalho. Todo o trabalho tem horário. Só há uma enorme diferença entre os empregos: enquanto uns fazem horas a mais e são pagos pelas mesmas, o que é ótimo e continuam, e há outros cujo trabalho se estende para além do horário normal e não é recompensado. Já houve uma época em que não era assim. Havia horas extraordinárias que poderiam ser ou não aceites pelo trabalhador. Agora, de repente, tudo se tornou obrigação. Mais trabalho sem respeito pelas horas mais dispendidas a mais para além do horário normal. Mas tal só acontece em certas classes. Vejamos. Os médicos negociaram mais horas extraordinárias em troca de um aumento de quinhentos euros. Os enfermeiros têm horas extraordinárias. Os professores universitários foram aumentados. Mas estes privilégios parecem só acontecer a certos profissionais. Há outros a quem isso é negado. O trabalho aumenta e a responsabilidade mas nada vem em troca a não ser exigência. Podemos dizer que a motivação sã os miúdos para os quais trabalha a classe mas as outras também têm a sua motivação – os doentes – e, ainda assim, são recompensados pelo excesso de trabalho sempre há necessidade para tal. Um colega meu retrocou que não lhe conseguiriam pagar todas as horas dispensadas à preparação de toda a atividade relacionada com o ensino. Talvez seja por isso que não lhe pagam. Não tem horários. Se se não contabilizam as horas não se pagam. Não se paga o que não se contabiliza. Mas o problema não reside só aí. É a falta de respeito que existe pela classe que não vai desaparecer tão cedo. quando a classe se volta contra ela própria, não está a colocar em cheque este ou aquele profissional, todos os outros estão sujeitos ao mesmo tratamento, ainda que nada tenham a ver com o assunto, são todos tratados de igual forma. Assim, esta classe é responsável pela imagem que cria de si própria. Não sou das que acha que se deve esconder seja o que for, mas todos somos humanos e todos cometemos erros. Ninguém é perfeito, mesmo aqueles que se fazem passar por tal. O que se passa é que todas as classes profissionais cometem erros, o que acontece é que se protegem uns os outros. Conheço casos desses, Houve maus desempenhos. Um advogado percebeu isso num caso que se passou, percebi isso também, mas jamais admitiu isso na minha presença. Tem a ver com a imagem da classe. Só imagem… Outros casos com outros profissionais também são abafados em nome da classe. E, no entanto, as suas posições estão mais protegidas uma vez que metem mais respeito, pelo poder que detêm…
Nesta profissão ninguém consegue qualquer tipo de destaque pois é um trabalho de equipa. Quem quer ou deseja notoriedade terá de escolher outra profissão. Distinção, nesta profissão, só pela negativa.
Ouvi há dias na rádio. A viva voz. Duas pessoas falavam do Rendimento de Inserção Social. Eram dois testemunhos. O primeiro falava da ajuda e da gratidão para com todas as pessoas que haviam ajudado no momento certo. Todo o bem que viera dessa ajuda e o sucesso garantido por ela. Não me escapou a gratidão demonstrada por aqueles que haviam sido essenciais na conseguida ajuda. Era, sem dúvida, uma história de sucesso, a todos os níveis. Não era só no aspecto financeiro mas também nas relações interpessoais estabelecidas entre ajudantes e necessitados. A voz, mais do que as palavras, testemunhava isso mesmo. O segundo testemunho falava de dois aspectos muito importantes não só da ajuda como das já referidas relações interpessoais. Falava da ajuda preciosa que, apesar de pouca, fazia toda a diferença na qualidade de vida da sua família. Este rendimento havia feito toda a diferença! As palavras utilizadas nesse testemunho revelava uma pessoa com uma certa cultura que traduziam também uma certa revolta – todo o triunfo conseguido pela obtenção do R. I. S. havia sido manchado nas relações interpessoais – mostrando o lado mais escuro do mesmo. Revelava a irritada voz que estava sujeita a uma espécie de fiscalização. As pessoas encarregadas desta, entravam em casa da pessoa interrogando-a sobre aspectos relacionados com as tarefas caseiras. E ela tinha de responder a questões como por exemplo “por que é que não tinha lavado a loiça ou o chão ou não tinha limpo o pó”, o que a irritava sobremaneira, pois via-se que, para ela, as “fiscalizadoras” nada tinham a ver com o assunto que ultrapassava claramente o seu foro. Pensando um pouco, e pondo-me na posição daquela voz, compreendo-a perfeitamente. O que não compreendo é o comportamento dessas pessoas. Não entendo como pessoas de formação académica, partindo do princípio que deverão ser assistentes sociais, não mostram um pingo de sensibilidade para com estas questões! Como se estas pessoas não tivessem já problemas que chegassem e alguns deles bem graves! Isto mostra que o curso não faz as pessoas! Elas não têm nada que se meter na vida das pessoas e tratá-las indirectamente como seres inferiores! Foi assim que se sentiu a pessoa entrevistada! Daí a sua queixa! Ou não teria abordado sequer a questão! E é preciso coragem para denunciar estes casos! Podemos mesmo interrogar-nos se tais pessoas terão de facto vocação para a profissão. E se compararmos o primeiro testemunho com o segundo, poder-se-á concluir que o sucesso daquele, se deve não só ao dinheiro, ficando também a dever-se à acção e sensibilidade dos intervenientes. Estes estão de parabéns! Aos outros intervenientes, esperemos que aprendam com a experiência. Se é que aprendem! Há coisas que nascem com as pessoas ou se adquirem com vivência. E, aparentemente, não foi o caso. Que este testemunho sirva de exemplo para que revelem mais tacto futuramente quando abordarem as pessoas mais desfavorecidas! Ou as denúncias aumentarão! Eu, pessoalmente, espero que sim!
Toda a gente sabe que o vedetismo é efémero, mas não é por isso que as pessoas deixam de o procurar. É como se vivessem para esse momento. Como se não houvesse mais nada importante na vida. Só que, e como tudo, este desejo de vedetismo pode ser usado para o bem como para o mal. Há pessoas que tentam atingir esse objectivo com trabalho e algum talento. Contudo, outras há que o procuram com uma espécie de desespero tudo valendo para atingir o ambicionado fim – quantas vezes não vemos pessoas a acenar por trás dos repórteres! Este é um caso sem consequências. Depois, há outras que utilizam os meios de comunicação, também eles ávidos de sensacionalismo, (não todos, só alguns!) e notícias capazes de preencher as páginas ou alguns minutos de televisão. Há problemas que, antes mesmo de serem comunicados às entidades competentes, para possíveis e necessárias averiguações, são denunciados na televisão ou nos jornais. Embora aquela seja a preferida. Nestes casos, penso sempre no sentimento por trás de tal denúncia/atitude. Não estou a referir-me ao jornalismo de investigação por quem nutro um grande respeito, desde que seja realizado de forma séria. E não tenho razões para pensar o contrário. Este é mesmo necessário sendo só temido por pessoas que têm algo a esconder. O que não se compreende é como é que chegam primeiro aos meios de comunicação do que às autoridades competentes. Às vezes, há casos graves que, por falta de ouvidos, são expostos perante a opinião pública, porém outros há que não são mais do que má vontade contra a pessoa perseguida, e, perante o amorfismo dos companheiros, tudo manobram para conseguirem o desejado protagonismo. Não excluo os possíveis casos graves que devem ser denunciados. Só que devem fazê-lo às autoridades capazes de abrir um inquérito para averiguar a verdade dos factos. Numa classe como é a dos professores, não há ninguém que consiga destacar-se. É um trabalho de equipa e, para todos que vivem em função do vedetismo, saem forçosamente frustrados. E há muitos! Costumo defender que os doentes de vedetismo devem procurar um outro emprego capaz de lhes dar o realce pretendido. Então, por que escolheram o ensino? Não vamos pensar que todos os professores são assim! Não é verdade. Há os que têm um verdadeiro espírito de equipa e uma noção de solidariedade para com os colegas que é louvável, nos dias que correm e depois do que ficou atrás dito. São estes os professores não só do ano mas de todos os anos. Aqueles que ajudam a criar o bom ambiente capaz de transformar o trabalho
Falando há um dia atrás com uma pessoa conhecida, de há muito tempo, e que insinuava que a minha saída do ensino poderia ter tido outros motivos que não os verdadeiros, resolvi, de uma vez por todas, esclarecer totalmente a situação.
Não vou contar tudo, porque seria impossível, mas algumas situações bastante elucidativas de situações impensáveis, pelas quais eu passei. Ao princípio, os colegas da nova escola, onde fui colocada, por destacamento, mostraram-se simpáticas. Pareciam uma família. Depois, à medida que o tempo foi passando, o cerco foi-se apertando à minha volta, buscando incessantemente um mínimo deslize para me prejudicarem. Nessa escola, eu tive uma turma de CEF, onde havia miúdos referenciados por vários problemas: roubos, droga, etc.. Como desde que entrei para o ensino tive sempre as piores turmas, expliquei que teríamos de agarrar a turma para bem deles e nossa. Não seria possível. As turmas de CEF eram olhos do Ministério da Educação, pelo que não se tocaria nos meninos. Quando diziam alguma coisa no sentido de os intimidar, logo desdiziam porque afinal, as coisas até não se passavam assim. Vi o Director da turma atrapalhado, dizendo que daria o dito por não dito, e que seria comunicado aos miúdos que tudo não tinha passado de uma brincadeira. Isto durou até ao meio do ano lectivo, quando começaram a chegar notícias de suspensões e até de expulsões de outras escolas, relacionadas com as turmas de CEF. Foi aí que começaram, então, a ser severos com os alunos. Numa actividade organizada por mim e por outra colega, eu levei essa turma de CEF, ocupando lá a nossa hora e meia lectiva. Um cesteiro dava-lhes uma ideia de como se fazia as mais diversas peças
Projecto Alexandra Solnado
links humanitários
Pela Libertação do Povo Sarauí
Músicos
artesanato
OS MEUS BLOGS
follow the leaves that fall from the trees...
Blogs
O blog da Inês
Poetas