opiniões sobre tudo e sobre nada...

Sábado, 20 de Fevereiro de 2010
A estória das duas cegonhas

Estava a trabalhar em casa, num daqueles dias livres de componente lectiva mas dedicado à elaboração de materiais didácticos, quando ouvi uma estória extraordinária para crianças. A minha filha mais nova, aproveitando este dia em que fico em casa a trabalhar, quis também ficar comigo, mesmo sabendo que não lhe poderia dispensar muita atenção. Ligou a televisão da cozinha, preparou o pequeno-almoço (que raramente tomo) para ela e para mim e, terminada a refeição, deslizou para outros horizontes deixando a pequena televisão da cozinha ligada. A indolência, aliada ao entusiasmo com que trabalhava no computador, fez com que o aparelho continuasse ligado. A certa altura, quando procurava resolver um problema inesperado da impressora, ouvi uma voz que contava uma estória de duas cegonhas, mães de um rapazinho. À medida que o enredo se desenrolava, ia ficando cada vez mais fascinada. O que mais me encantou foi a ideia e a sensibilidade com que foi desenvolvida. A mensagem social não me passou despercebida. A minha posição sobre ela também é conhecida. Sempre defendi e defendo a ideia da estória. O que interessa é o amor e não interessa quem ama. O que interessa é a natureza da pessoa e não quem é. O problema, como não poderia deixar de ser são os outros, mas o que se estranha hoje, amanhã é encarado com naturalidade. Tudo tem o seu momento. O que está errado, na minha opinião, é que encarar-se mais o amor no aspecto físico do que espiritual. Quando encontro algumas pessoas, tenho a nítida sensação que nada me dizem ou então, pelo contrário, que me dizem algo. E quando nada me dizem, nem vale a pena forçar, respeito-as, nada mais. O que quero defender aqui é que todos têm a liberdade de escolherem o seu parceiro. Que o amor, antes de ser físico é espiritual. E sei a força arrebatadora que ele tem. Que todos temos necessidade de amor, não importando de onde ele vem. Deve-se realçar que é estúpido pensar que a adopção por casais homossexuais pode trazer problemas à criança. Problemas têm aquelas que não sabem o que é o amor da parte daqueles que as deviam amar e proteger, ainda que venham de famílias ditas normais. O que interessa, repito, é o amor e este está acima do sexo, religião, política… A criança antes de tudo precisa de se sentir amada e só no amor ela pode encontrar-se e crescer equilibrada e feliz. E é disto que precisamos: de crianças felizes e equilibradas que possam construir um futuro melhor e mais tolerante. Ah, já agora, o livro, cujo título desconheço, é um dos que vou comprar para juntar à minha colecção infantil, que não é grande e que, com muita honra, irei ler aos meus filhos. Faço questão disso. A autora é a excelente Ana Zanatti. Muito obrigado por esse maravilhoso livro! É desta forma que se combatem preconceitos mesquinhos que se debatem na escura lama da ignorância e da má vontade.



publicado por fatimanascimento às 16:22
link do post | comentar | favorito

Sábado, 18 de Outubro de 2008
Preconceitos ou mentalidades?

Apesar das mudanças já aceites na nossa sociedade, ainda persiste muito preconceito sobre certos aspectos. Então, nas pequenas localidades interiores ainda parece ser pior. Tudo depende das pessoas, e sobretudo delas, mas também depende dos outros. Há aquelas pessoas que querem viver as suas vidas descansadas da melhor maneira que conseguem e podem e, o que sucede, é que não conseguem devido a pessoas intrometidas, pertencentes ou não à família, que fazem das vidas dos outros o único sentido que dão às suas. Ninguém parece ter ouvido a expressão “vive e deixa viver”… Então, e no que respeita à liberdade feminina, ainda muita gente vê com maus olhos certas liberdades que as mulheres, depois de tantos anos de vigilância, conquistaram, sendo ainda muitas submetidas a uma certa bitola apertada, que vai tão alto quanto a visão estreita da pessoa alcança. Ainda há pouco tive oportunidade de conviver com um dos muitos problemas que ainda subsistem teimosamente, indiferentes a todo o tipo de evolução de mentalidades que vão lentamente mudando a sociedade. Nem toda a mudança é para mal, ao contrário do que muita gente pensa, há mudanças com as quais todos só temos a ganhar, e a liberdade pessoal é uma delas. As mulheres, ainda hoje, depois de casarem e se a relação não evolui de maneira favorável, terminando depois, não conseguem a liberdade de que tanto necessitam para refazer as suas vidas. A ideia de que a mulher tem de namorar e casar já passou, mas se, depois, precisa de namorar vários homens até ter a certeza de que encontrou o homem certo para refazer a sua vida, e,aí, a porca torce o rabo! A guerra familiar ou extra-familiar de que é vítima faz com que muitas se resignem a ficar sós, pelos mais diferentes motivos. As que têm a independência financeira e teimam em seguir as suas vidas, essas enfrentam a mesma batalha pertencente à mesma guerra todos os dias, o que é desgastante. Nalguns casos, acabam mesmo por pôr fim a relações familiares, sempre dolorosas. Tenho uma pequena, minha conhecida, cuja mãe foi vítima desse mesmo preconceito. Depois de um casamento falhado devido à violência doméstica, a senhora tentou refazer a sua vida e, depois de várias tentativas falhadas, lá conseguiu, finalmente, acertar, como ela diz. O que acontece é que os familiares não aceitaram estas “tentativas” todas. Ora, isto irritou-me sobremaneira. Expliquei à moça que a mãe era a primeira vítima desta situação toda, que os irmãos da mãe não compram a primeira camisa que provam numa loja, vão provar outras, antes de se decidirem pela que melhor lhes fica. Na vida pessoal, é um pouco assim. São raras as pessoas que têm a sorte de encontrar o homem das suas vidas à primeira vista. Isto simplificaria imenso a vida a muita gente. Mas como nem sempre isso acontece, tem de haver liberdade para as pessoas resolverem as suas vidas. Eu própria encontrei alguns homens, talvez a maioria e, se fosse hoje, sabendo o que sei, eliminá-los-ia da minha vida. Desde o meu casamento às relações que se seguiram, não valeram a pena, pelas mais variadas razões, mas de uma coisa tenho a certeza – não é minha culpa. As razões por que se juntaram a mim, sei eu agora, foram sempre as erradas. O que posso dizer é que ainda bem que acabaram… e por tudo isto que passei, eu sei dar valor! Por tal, e antes de julgarem seja quem for, façam um favor - calem-se!



publicado por fatimanascimento às 23:47
link do post | comentar | favorito

Segunda-feira, 10 de Setembro de 2007
Preconceitos

Na nossa sociedade, e embora sejamos conhecidos como um povo de brandos costumes, existem ainda muitos preconceitos que estão cristalizados e profundamente enraizados. Um dos que permanece bastante aceso, é o sentimento de pavor que nos provocam as pessoas de etnia cigana. Eu sei que há imensas histórias que nos levam a manter-nos em estado de alerta contra as pessoas desta etnia. Eu própria assisti, pessoalmente, em Lisboa, junto do Fórum Picoas, a uma cena bastante desagradável, e outras se passaram, aqui há muitos anos, comigo. Eu e a minha colega e amiga de faculdade, a Elsa, assistimos a tudo. Uma senhora comprou uma camisola de manga curta a uma cigana que vendia ilegalmente na rua, e deu-lhe os mil escudos que a vendedora lhe pedia pela camisola. Não sabemos ao certo o que esta fez ao dinheiro, mas o que é certo, é que depois de mais conversas, acabou por lho pedir novamente. A senhora que só tinha aqueles mil escudos na carteira, que até mostrou a mesma à vendedora, não sabia que volta havia de dar ao assunto, sendo já acusada de ter enganado a cigana. Não sei ao certo como tudo terminou, mas julgo que a senhora foi levantar o dinheiro para pagar à vendedora, uma vez que outros cidadãos da mesma etnia se iam juntando, aparentemente curiosos acerca do que se passava. Não me vou alongar mais em exemplos. Acho basicamente que todos nós já vivemos ou já ouvimos histórias que os prejudica aos nossos olhos. Mas por uns pagam os outros, é sempre assim. Para mim, que já sofri, na pele, alguns incidentes com eles, não me levou, contudo, a marginalizá-los, mas tenho algum receio que tento a todo o custo ultrapassar. Como? Avaliando, na medida do possível, as pessoas que tenho à frente. E, isto, porque se sofri alguns contratempos com ciganos, sofri muito mais com pessoas que não pertenciam a esta etnia ou a outra cultura ou raça. E ainda não me dei mal, com esta posição. Há dois anos atrás, uma família cigana comprou a casa ao lado da minha. No início, houve um certo receio, uma vez que ninguém conhecia a família. Depressa começaram a correr notícias de que eram boas pessoas. E são. São o tipo de vizinhos que todas as pessoas gostariam de ter – educados, discretos, solidários. Quando tive um problema com o portão grande de acesso à garagem, que ficara encravado no cimento, foram eles que me ajudaram. Agora, que tenho a casa à venda, e já esteve quase vendida, uma vez que o preço é acessível e a casa óptima, as pessoas, ao descobrirem que os vizinhos são ciganos, desistem imediatamente da compra. E tudo devido ao preconceito. Não interessa se são boas pessoas ou não, são de etnia cigana e para eles basta. Nem sequer têm a inteligência de pedir informações sobre eles aos vizinhos, ou à polícia, para saberem de possíveis desacatos nesta zona da cidade, nada. Assim que chegam aqui para ver a casa e se deparam com eles ou com as carrinhas de trabalho, desistem do negócio! Tanto pior para eles. Ainda estou à espera das pessoas inteligentes, capazes de ver para além dos rótulos que colocam nas pessoas e de olharem somente àquilo que as pessoas são. Porque é de pessoas que se trata, não de raças, credos ou religiões. Pessoas más existem em todo o lado independentemente daquelas três variantes. Quando será que as pessoas vão entender isso?



publicado por fatimanascimento às 07:42
link do post | comentar | favorito


mais sobre mim
Julho 2018
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
13
14

15
16
17
18
19
20
21

22
23
24
25
26
27
28

29
31


posts recentes

A estória das duas cegonh...

Preconceitos ou mentalida...

Preconceitos

arquivos

Julho 2018

Outubro 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Agosto 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

tags

todas as tags

favoritos

A manifestação de Braga

links
blogs SAPO
subscrever feeds