Os jornais, de vez em quando, fazem-se acompanhar de ofertas, para estimular a compra dos mesmos. Ao conversar com o senhor onde raramente compro jornais ou revistas, devido à situação de desemprego em que me encontrei desde o dia 2 de Agosto até Janeiro deste ano, e só o faço agora, devido às ofertas que revistas e jornais fazem, com livros e dvds, que também promovem o gosto pela leitura, uma vez que dão possibilidades a muitos pessoas sem possibilidades económicas, jovens incluídos, de poder obter esse livro pela módica quantia de um euro apenas, embora junto com a revista, o preço a pagar seja consideravelmente mais alto, sempre é uma oportunidade para quem não pode dar quinze ou mais euros, por eles.
Sempre que um jornal se faz acompanhar de uma oferta, há sempre aqueles leitores que compram os jornais declinando a oferta que os acompanha. Por outro lado, há sempre aqueles que os procuram, e sabendo que há sobras, as pessoas procuram-nas nas tabacarias e nos quiosques. Estando esses dvds nas grandes superfícies a preços exorbitantes, para os salários praticados no nosso país, quando nos debatemos com aumentos de preços que aqueles mal podem cobrir, esses dvds são uma tentação para quem ama a sétima arte. Procurei-os em vários quiosques e tabacarias. O que me surpreendeu foram os preços que variam consoante os locais. Os preços podem ir do 1,95, 2,70 aos 3,7, 4,90 e alguns deles vão mesmo até aos 7 euros. Só compra quem quer ou pode, pelo que não há grande problema nisso. O que percebi é que cada ponto de venda, independentemente das justificações que dão, não tem um critério certo para o preço dos dvds, e eu averiguei isso mesmo, uma vez que entrei
Há já alguns anos atrás, devido à minha vida nómada, tive de comprar um carro. Como nada é eterno, o outro já tinha dado a sua corajosa contribuição para ela. Como toda a gente que precisa de comprar qualquer coisa, e tem tempo, entrei em várias lojas de carros, não só para admirar os carros, mas, e sobretudo, para ver os preços. Estes, dentro da linha económica que procurava, não variavam muito. O que variava era o preço do dinheiro. Recordo o senhor, ainda novo, que suava para vender o carro que me agradou, mas a financeira à qual estava associada a marca, naquela cidade, jogava com uns juros muito altos. Alargou o nó da gravata, enquanto deixava escapar entre dentes, num sopro, a necessidade urgente de encontrar outra financeira. Em desespero de causa, o senhor chegou mesmo a aconselhar a procurar uma loja da capital, da mesma marca automóvel, cuja financeira, com quem trabalhava, praticava uns juros mais de acordo com a realidade social do país. Ali, num pedaço de tempo, e mesmo apesar de nunca me ter debruçado sobre este assunto, compreendi que eram as financeiras e não as marcas propriamente ditas, pelo menos naquele caso, que eram, em grande parte, as responsáveis pela crise na produção automobilística.
Ainda há pouco, passei por um quiosque onde estava anunciada uma marca automóvel, que anunciava um modelo e o preço a pagar pelos audaciosos, que, e apesar dos tempos difíceis que atravessamos, apresentava um preço que rondava os 400 euros, precedido pela já conhecida expressão a partir de. Não está, aqui, em causa a marca ou o valor do modelo, mas o preço exigido só pode ser pago por meia dúzia de pessoas e elas poderão ser ou não apreciadoras da marca. Se a indústria automóvel já está em crise, tendo já havido despedimentos na mesma, estes preços não vêm ajudar, em nada, a mesma. Só vem prejudicar ainda mais. O que eu não compreendo é a lógica do mercado. Em tempos de crise, como a que atravessamos, este tipo de publicidade dirige-se a que camada social? Como é possível que o dinheiro continue tão caro? Acho que toda agente já percebeu que os grandes ganhos só existem em tempos de vacas gordas. E não me parece que sejam os juros altos que ajudem aos ganhos. Será que eles nunca ouviram falar de concorrência? Ou passa-se nas financeiras
o mesmo que se desconfiou já passar-se com as gasolineiras? Será que combinam entre elas o preço do dinheiro? Se assim for, elas vivem num mundo muito diferente do resto do país. Nem percebo bem onde querem chegar…
Os saldos são o período mais aguardado pelas pessoas que, com poucos recursos, gostam de se manter a par da moda. Estes são já um dado adquirido: para acabar os stocks e acumular algum dinheiro para a compra de novas peças, os saldos são também a oportunidade das lojas. O que eu nunca assistira, até agora, fora a saldos de comida. É, em tudo, igual aos outros, a única diferença é que enquanto os outros se realizam no final das estações, estes têm lugar no final do dia.
Já me acontecera comprar, em pastelarias, cafés e até grandes superfícies, produtos que, depois, verificava que já não eram do dia, alguns eram já tão duros e secos que me vi forçada, por mais de uma vez, a trocá-los. Nunca tive problemas ao fazê-lo. Consegui facilmente a troca que foi sempre acompanhada por um pedido de desculpas do funcionário que, para mim, deve ser o menos culpado. Aceitei-as gentilmente, sempre justificando a situação com o facto deles não estarem dentro dos produtos para averiguarem o estado dos mesmos, (e não os podem provar antes de os venderem!). Já aconteceu e virá a acontecer, disso não tenho dúvidas. Dentro das grandes superfícies, já também assisti a saldos de comida cujo prazo de validade estava a terminar, (aqueles que aparecem, em grandes quantidades, atados por largas e coloridas fitas gomadas exibindo a palavra promoção). Mas nunca assistira a isto. Um dia destes, eu regressava do trabalho (sabe tão bem dizer isto!), e passava diante de uma pastelaria, quando deparei com um placar sustendo um anúncio invulgar. Ele anunciava a baixa de preço dos bolos, todos os dias, a partir da 17h e 30m, para metade do preço – trinta e cinco cêntimos. Alguém ainda se lembra de comprar bolos a este preço? A pastelaria do lado, não sei se para resistir à concorrência, baixou os preços para trinta cêntimos. A verdade é que esta medida inteligente resolve o problema removendo das prateleiras os produtos atrasados, permitindo aos clientes a obtenção de um bem que, para muitos, estaria fora das suas possibilidades. É só observar a quantidade de pessoas que por lá passam, depois das 17h e 30m (agora 17h), procurando o produto a metade do preço. Há-as de todas as idades, desde avós com netos, a jovens que por lá passam depois das aulas, e outras que, depois do trabalho, passam por lá, para levarem alguns bolos para casa. É talvez uma maneira também de fazerem face a uma crise que ainda só vai no início e que promete vir para ficar, durante uns bons tempos. A ideia é excelente. Alguém quer aproveitar a ideia? Seria bom para todos…e ninguém parece perder com a baixa de preços!
Lembram-se das manhãs em que nos levantávamos cedo para ir ao pão? Pegávamos no saco branco bordado e dirigíamo-nos à padaria do bairro, com o número das unidades bem memorizado ou com o papel riscado (ajuda aos mais distraídos) à pressa pelos pais que jazia perdido no fundo desse saco? Lembram-se das carcaças também conhecidas por papo-secos? Aquele pão ligeiramente esguio, leve e pequeno, com um vinco ao meio e terminado por duas pequenas pontas redondas, uma de cada lado, com uma côdea levemente dourada e estaladiça, do qual se desprendia um aroma delicioso a pão quente? Sim, esse mesmo. Voltávamos para casa, com o pão agasalhado dentro do saco, e aquele aroma acompanhava-nos, reconfortando-nos a alma. Esperávamos ansiosamente pelo momento de chegar a casa, para pegar numa faca, retirar a manteiga do frigorífico, abri-lo e barrá-lo… que delícia! Lembram-se como as carcaças eram acessíveis à maioria dos bolsos? Já não são mais…
Estava, um dia destes, numa daquelas intermináveis filas, características das grandes superfícies, quando dei por mim a reflectir no preço do pão. Trazia quatro sacos de carcaças, dentro daquelas embalagens plásticas, com uns buracos minúsculos, cada uma com cinco, a 89 cêntimos cada saco… dá 3,56. Isto, na antiga moeda portuguesa, dá 712 escudos. Dei 712 escudos por 20 carcaças! Já o havia pago mais caro - a 98 cêntimos o saco de cinco! Ao que parece desceu. Não percebo muito da política de preços, mas, com a crise financeira instalada, o aumento dos preços e o desemprego são um sinal de fome nos tempos vindouros… se ela não existir já! E com ela o enfraquecimento do corpo e toda a espécie de doenças! Como todos nos cruzamos com todos, as doenças não irão conhecer fronteiras e, tal como na Idade Média, (nem sei porque me lembrei desta época), ela não distingue o pobre do rico. A peste pode ser outra, mas os contornos estão lá. Isto mostra que não evoluímos nada a nível das mentalidades desde os tempo mais remotos! Que rico mundo, estamos a construir! E que tal optar por um não aumento dos preços, este ano, para variar, e não piorar o problema social com que nos debatemos?
Sabem aquelas pessoas que dizem que vendem tudo mais barato e se ajeitam para fazer tudo? Todos aqueles que estão financeiramente mais apertados, recorrem a estas pessoas que começam com um trabalho e, mais tarde, dão a conhecer outras actividades, dentro do mesmo ramo, a que se dedicam nas horas livres, para juntar mais algum dinheiro. Desde que façam um bom trabalho, as pessoas que geralmente são conhecidas deles, não se queixam. O pior é quando eles nos enganam!
Aconteceu há já algum tempo. Eu tinha um computador mas precisava de um outro para trabalhar. A pessoa que trabalha no ramo, e que me arranjava o computador sempre que havia algum problema, propôs-me ser ele próprio a fazê-lo, uma vez que ele não trabalha só com software mas também sabe trabalhar com o hardware. Ficou combinado. Ele montou o computador, que me ficou ao preço de um computador normal, comprado numa loja. A decepção veio quando, uma amiga, cujo pai coordena a unidade informática de um banco conhecido, veio a casa e se colocou a oportunidade de actualizar o Windows. O Windows detectou um software que não era genuíno. Questionada sobre o preço pago pelo computador, a minha amiga nem queria acreditar - pagara uma cópia do software como se se tratasse da verdadeira. Ainda que fosse falso o software, o que mais custa é o engano de alguém em quem confiamos, e o facto de a ganância levar a pessoa a cobrar pelo falso aquilo que é o preço do genuíno. Mais tarde ainda, acabei por descobrir, por pessoas amigas, que um aparelho que eu lhe comprara, uns meses antes, me tinha, também, sido vendido a um preço inflac cionado, na ordem dos cem por cento. Ainda foi mais barato do que o preço que pagara pelo aparelho que perdera no processo de divórcio, mas em proporção, ganhou ele mais do que a empresa que dá emprego a bastantes trabalhadores. Estes indivíduos acabam por se safar porque ainda que levem muito caro, os preços deles saem ainda mais baratos do que os praticados pelas empresas. Agora, das duas uma, ou as empresas baixam os preços, acabando com esta concorrência desleal que, ainda por cima, não passam recibos, não aceitam cheques, ou outras formas de pagamento que possam denunciar a sua actividade, ou continuam a praticar os preços altos, alimentando este comércio paralelo que só os prejudica. Cabe às empresas decidir… e é tudo uma questão de preço, só!
Fátima Nascimento
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