O que faz um país correr o risco de poder cair em bancarrota? É algo que me transcende! Como é que pode ocorrer uma situação destas? As pessoas que administram o país deveriam prevenir estas situações! A população farta-se de trabalhar, as empresas vão à falência. Ganhamos pouco, fartamo-nos de pagar impostos, e altos, e o país encontra-se em crise. Se estamos doentes descontam-nos os dias de baixa de tal forma que nos deixam à beira da bancarrota. E, agora, vêm-nos dizer que estamos em crise? De surgiu essa crise? Por que é que este país, que só conheceu breves períodos de prosperidade para logo mergulhar em longas e obscuras crises, nunca conheceu a verdadeira estabilidade? Não se pode culpar o povo que se mata a trabalhar e a quem não cabe a tarefa da administrar o país e/ou empresas. Como é que uns países passam quase ao lado de crises internacionais e outros não conseguem evitar cruzar-se com elas? Já percebemos que a recente crise financeira internacional se ficou a dever à desonestidade de pessoas sem escrúpulos altamente posicionadas na hierarquia financeira internacional. Mas o que faz com que um país seja tão dependente dessas crises? Como se entra numa derrapagem financeira? Como é possível gastar-se mais do que aquilo que a riqueza produzida no país permite? Como é possivel sair-se impune de uma situação destas, deixando à História a responsabilidade de repor a verdade sobre cada governante? Como é que os partidos se vão unir perante esta crise? Como vão legislar? Contra quem vão criar medidas? Até aposto que a resposta se antecipa à questão… é o povo que paga a irresponsabilidade dos governantes. Com tanto desemprego, resta explorar aqueles que ainda têm emprego… se não se lembrarem de retirar àqueles que já quase nada têm! No meio de tudo isto, as palavras do presidente checo, Vaclav Klaus, dirigidas ao presidente português, e que muitos consideraram pouco correctas mas que não deixam de ser significativas, ecoam nos meus ouvidos: “Como antigo primeiro-ministro e primeiro-ministro, nunca admitiria défices como hoje se registam em alguns países europeus” acrescentando que “as consequências desse acto sejam suportadas por quem o admitiu”. Duras palavras mas… não terá razão? Não será uma maneira de pôr ordem numa área que parece não ter regras?
Troco correspondência regular com amigos brasileiros, leio autores brasileiros, tive alunos e colegas brasileiros e nunca senti a necessidade de fazer fosse o que fosse em relação à língua que partilhamos, nem mesmo no que respeita à ortografia. Esta nunca foi impedimento para a compreensão do conteúdo da mensagem, pelo que nunca tive necessidade de impor nada a ninguém ou vice-versa. De lá, também nunca me apercebi de nenhuma dificuldade na compreensão dos meus textos, e devo já esclarecer que falamos através do msn, que está muito em voga agora. O que dificulta, por vezes, a compreensão dos textos é algum vocabulário brasileiro, com o qual nós estamos menos familiarizados, mas até isso é enriquecedor.
Um dia, uma aluna nova, de nacionalidade brasileira, veio ter comigo muito preocupada com a ortografia, pois sabia que havia disparidade entre o português do Brasil e o de Portugal. Punha-se a questão do que lhe haveria de exigir. Acordámos que a minha aluna escrevia em português com a ortografia brasileira (que aprendera durante os sete anos prévios) e eu respeitava, desde que estivesse correcta. Ajudava-a em muitos aspectos, mas nunca toquei na ortografia ou lhe disse que não era assim que se escrevia, pois seria eu que estaria errada. Jamais procurei impor a ortografia portuguesa à moça, respeitando sempre a forma e o trabalho de colegas brasileiros que, anos antes, se esmeraram a ensiná-la a escrever correctamente, isto é, de acordo com as normas ortográficas brasileiras. Foi muito enriquecedor, mesmo nestas idades, tanto para ela como para os colegas, saberem que a língua pode ter disparidades na sua evolução, só temos que as aceitar, como algo adquirido e respeitá-las. Muitas vezes, ao escrever no quadro, a aluna intervinha dizendo “Que engraçado, no Brasil, nós escrevemos… Eu já me tinha perguntado como seria escrita essa palavra, aqui, em Portugal”. Balanço do convívio das duas línguas? Muito positivo e enriquecedor, para ambas as culturas.
Um ano, tive uma colega brasileira, também ela professora da disciplina de Língua Portuguesa, e ela contou-me da dificuldade que encontrara em se afirmar aqui em Portugal, por ser brasileira e por ser professora da língua. Chegara mesmo a desenhar-se aquilo que poderia se ter tornado numa verdadeira perseguição, por parte de alguns colegas. Só por causa da língua… Que engraçado, onde alguns vêem riqueza, outros vêem ameaças. Os alunos aprenderam as diferenças ortográficas facilmente; ora, porque é que nós, adultos, complicamos sempre tudo?
Sempre fui apologista da liberdade, mesmo a da língua, reservando-lhe o direito de seguir o seu caminho sem confusões.
Fátima Nascimento
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