Já se vem falando desde há algum tempo. Primeiro, não passavam de previsões nas quais não se perdia muito tempo a pensar. Depois, passaram a avisos sérios vindos de cientistas profundamente preocupados com a situação do planeta, mais concretamente a poluição, e com o desaparecimento de algumas espécies animais e vegetais. Agora, fala-se de uma intervenção urgente junto de algumas zonas já muito afectadas pela acção humana, para evitar o desaparecimento de algumas espécies únicas em todo o mundo. Ao longo da história do nosso planeta vimo-nos confrontados com desaparecimentos e estou a lembrar-me de um, em particular, talvez por ser o mais conhecido – o dos dinossauros. Mas esta foi, segundo se pensa, um desaparecimento que se deveu a um acontecimento excepcional, que levou à extinção desses animais. Depois desse, houve outros, não já devidos só à acção da evolução natural, mas algo mais premente – a acção humana. Só que esta, desde há uns anos para cá, tem sido determinante na vida do planeta, condicionando-o de uma forma alarmante. O que antes levava alguns milhares de anos a extinguir-se, na força da evolução ou não, agora, basta alguns anos, não muitos, para se atingir esse patamar de extinção. O que parece esquecer ao homem, encerrado em selvas de betão e cimento, e afastado da natureza, é que essa acção acabará por afectar o próprio ser humano, de muitas maneiras, algumas das quais só avaliadas após a própria extinção, se isso for possível. Não falo só da riqueza assente na pluralidade de espécies, refiro-me também àquilo que a própria natureza tem para nos dar, bem-estar psíquico e físico. Não poderemos contar, para sempre, com a actividade química desenrolada nos laboratórios, até porque há substâncias que só se podem encontrar na própria natureza. E, em termos humanos, é tudo preocupante, porque embora sejamos, muitos de nós, adeptos de tratamentos baseados em substâncias retiradas da natureza, a sua procura frenética poderá levar à ruína da própria natureza. O que mudou, ao longo da evolução humana, foi a relação com a natureza. Ante, estávamos dependentes dela, e tínhamos consciência disso mesmo, agora, continuamos dependentes, mas parece que deixámos de ter consciência disso. Agimos em prol do enriquecimento, sujamos o planeta em nome do emprego, do enriquecimento e da própria evolução, esquecendo-nos de que há outras formas, igualmente boas ou até melhores, de evoluir. O que acontece é que, enquanto houver alguém a ganhar, de alguma forma, com esta acção irresponsável e indiferente, em relação à natureza, nada irá mudar. O que é urgente perceber é que o planeta é a nossa casa, e se ela estiver suja, como poderemos nós ter saúde? Acredito na vida noutros planetas. Para mim, o espaço é infinito, pelo que mais longe ou mais perto deverá haver outros sistemas solares com vida mais ou menos idêntica à nossa. O que mais me custa perceber, é que devemos ser os únicos a contribuir para a extinção da vida no nosso planeta, a nossa incluída. Aproximamo-nos, sim, do fim de mais uma era e, ao que parece, a uma velocidade estrondosa. Os responsáveis directos? Nós, os seres humanos.
A água não é só um elemento essencial à conservação da vida da terra, ela é também um elemento de bem-estar psicológico. Todas as pessoas que vivem perto do mar sentem isso, assim como aquelas que, só por vezes, se podem dar ao luxo de se deslocarem a locais tão privilegiados como os mencionados. Há muitos anos atrás, eu vivi numa pequena localidade cujo jardim municipal era atravessado por um pequeno rio. Este jardim acompanhava a extensão da avenida, e, embora mantenha muitas das características de então, foi aumentado em largura, aproveitada pela câmara aquando da venda de uns terrenos privados adjacentes. Uma das atracções desse jardim era sem dúvida a proximidade da água, e ainda é. A água cria um ambiente especial que faz com que todos se sintam bem, até mesmo aqueles que parecem não notar a sua presença. Este fim-de-semana, eu tive oportunidade de voltar a constatar isso mesmo – a importância do mar e da natureza em geral no equilíbrio mental das pessoas. Assim sendo, há que preservar esses mesmos locais de forma a que possam continuar a ser um bálsamo para a alma humana. Como em tudo, só depende da vontade humana e, como todos sabemos, há vontades para tudo. Há vontades que fazem preservar esses locais maravilhosos assim com há outras que parecem não ligar aos mesmos. É aqui que entra o problema da poluição com todos os problemas que acarretam consigo. Aquele maravilhoso jardim, onde brinquei tantas vezes, a partir de certa altura, deixou de ser isso mesmo para passar a ser uma espécie de esgoto ao ar livre. Foi então que as janelas das vivendas habitualmente abertas ao ar fresco das manhãs passaram a ficar quase permanentemente fechadas e os vidros cobertos de uma rede para travar as investidas dos incomodativos mosquitos. Nós, os miúdos, quando passávamos a ponte em direcção à escola eram raros os dias em que a poluição era tal que não nos atrevíamos a abrir a boca e tínhamos de tapar o nariz para nos defendermos do insidioso cheiro nauseabundo. Os peixes, e até a flora aquática tão viva, desapareceram transformando aquele rio numa espécie de rio fantasma onde se agitavam os restos mortais da outrora flora subaquática. A responsável era uma indústria do papel que poluía aquele rio logo à nascente e que por pouco não transformava aquela vila num local inabitável. A vila adoeceu com a morte do rio. Todas as pessoas evitavam aquela zona, tão desagradável. Mas, e como para tudo, a vontade humana, desta vez no bom sentido, devolveu àquele rio e, consequentemente, àquela vila a vida de que estava tão carenciada e, hoje em dia, é um local muito aprazível onde as pessoas se juntam para passarem umas agradáveis horas de lazer. Mas o perigo espreita sempre e as águas muitas vezes já não estão tão límpidas como no início do tratamento das mesmas. Também os mares estão ameaçados com a indústria poluente e lembro-me da praia onde passei muitos dos meus verões e que, a certa altura, e devido à falta de escrúpulos de certos empresários e/ou à ignorância dos mesmos, puseram em risco esses locais abençoados com a presença da água.
A natureza é um bálsamo para a nossa saúde, quer mental quer física. E todos sabemos disso, por isso a procuramos, com os mais variados objectivos. Uma das razões terá a ver com a comunhão que precisamos, nem que seja de vez em quando, de ter com ela. Esta necessidade é sentida, sobretudo, por aqueles que vivem o quotidiano em grandes cidades, e cujas vidas estão sujeitas a grandes momentos de ansiedade e pressão, devido às suas responsabilidades laborais e outros problemas inerentes a essas mesmas funções: ruídos, trepidação das máquinas, etc.. E há mais. O que interessa aqui salientar é o benefício não só para as pessoas que procuram a natureza, mas também a necessidade que há em respeitar a mesma natureza, de forma que a equação pessoas-ambiente saia a ganhar, o que nem sempre acontece, já que este acaba sempre a perder, quando há abusos. E todos nós temos conhecimentos de casos desses. Quantas vezes, não procuramos um lugar para estender um cobertor ou uma toalha num espaço natural, e qual não é a nossa surpresa, quando nos apercebemos do cheiro a fezes humanas (e não só!) ou então vemos o local ambicionado cheio de detritos espalhados pelos anteriores ocupantes. O que quero dizer é que nesta luta homem-ambiente, raramente é o ser humano que sai a perder mas, pelo contrário, é à natureza que cabe sempre o papel de perdedora e, quando acontece o contrário, muitas vezes, é por descuido do ser humano. O que fazer então para evitar problemas para ambas as partes, sobretudo para o equilíbrio ambiental? Há que apostar na educação e, sobretudo, na sensibilização das pessoas. Quando falo de educação, refiro-me às regras necessárias para o saudável convívio entre homem e natureza. Mas, mais do que o mero conhecimento de regras, precisamos de compreender e sentir o que a natureza precisa, para não interferirmos no equilíbrio ambiental. Esta necessidade torna-se tanto mais imperativa, uma vez que o turismo natureza de massas está às portas e, mesmo sabendo que basta o descuido de uma pessoa para deitar tudo a perder, é assustador pensar o que muitas pessoas insensatas juntas poderão fazer.
Uma vez ultrapassado este problema, poderemos passar à fase seguinte e pensar no benefício que este tipo de turismo pode trazer às localidades perdidas nesses pequenos paraísos: dinheiro. Todos sabemos que a deslocação de pessoas implica investimento em localidades abandonadas, cuja população tem tendência a abandonar, em busca de trabalho, contribuindo, desta forma, para a desertificação de certas zonas do país. Estará a solução para estas zonas só no turismo natureza? Não creio... A curto prazo e, quem sabe a médio prazo, passará pelo turismo, mas, se não quisermos criar só um país para "inglês ver", há que investir nos outros sectores, para além dos serviços. Sobretudo na agricultura... Pelo menos, estas duas actividades têm uma vantagem sobre a indústria... não são poluentes!
É incrível como as pessoas se afastam de si próprias, cada vez mais! À medida que avançamos no tempo, as pessoas disfarçam os odores naturais do corpo delas para os substituírem por outros que nada têm a ver com elas, por muito agradáveis que sejam e por muito que se possam identificar com a maneira de ser da pessoa. Não são elas e nada têm a ver com elas! O pior de tudo, é que elas exigem o mesmo das outras pessoas e, se elas não o fazem, já são vítimas de comentários depreciativos! Quanto aos ruídos naturais, resultantes do funcionamento do nosso corpo, são igualmente reprovados socialmente, por muito inocentes que sejam. Estas reacções não são mais do que regras sociais que as pessoas se limitaram a engolir sem as digerirem convenientemente. Logo, qualquer ruído ou cheiro proveniente do nosso corpo é muito mal aceite pelo próximo. Deparamo-nos com estas reacções e comentários diariamente, geralmente pronunciados por pessoas que vivem para reparar nesses pormenores. Depois, é nas crianças e adolescentes que é mais flagrante este tipo de atitudes, uma vez que eles não fazem mais do que copiar as atitudes das pessoas mais próximas que lhes servem de exemplo e lhes incutem essas mesmas regras, não lhes deixando espaço para reflectirem sobre tudo o que lhes ensinam. Mas há algo que me intriga… não aceitamos nada proveniente do nosso corpo, mas convivemos com cheiros nauseabundos de proveniência desconhecida, cheios de bactérias e outros microrganismos que provocam doenças que mesmo os médicos não conseguem identificar, limitando-se a um lacónico relatório clínico de “é uma virose”! Convivemos com ribeiros e rios poluídos, fumos negros e nauseabundos que invadem a privacidade das nossas casas, se colam às roupas ainda mal secas… e limitamo-nos a queixar no momento em que passamos por eles, para logo nos esquecermos do assunto. Todos nós convivemos com toda a forma de ruídos que nos provocam fadiga e doenças, e que acabamos por encarar da forma mais natural, acabando por os ignorar e habituarmo-nos a eles (e nada têm de natural), mas se o corpo faz um ruído é logo notado e comentado, como se de um acto imoral se tratasse! Se nós aceitamos tudo o que é exterior a nós, porque não fazemos o mesmo com o nosso corpo, aceitando-o como ele é, e consequentemente com o dos outros? Porque estranhamos tanto os outros? Não estou a dizer que devemos descuidar a limpeza, só me refiro ao supérfluo! O corpo tem de ser cuidado diariamente, mas não nos podemos esquecer que ele tem o seu próprio cheiro e ruídos naturais, que já nascem connosco e que morrerão connosco. E ninguém é melhor do que ninguém nesse aspecto! Somos todos iguais! Não se deveria repensar a atitude perante estes ruídos e estes cheiros naturais intrínsecos ao nosso corpo? Talvez assim não estranhássemos tanto o próximo...
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