Sem os políticos não há política. E aqueles, antes de serem políticos, são pessoas. E as pessoas têm qualidades boas e más. Quando se vota deve-se sempre olhar à pessoa e nunca às ideias. Primeiro, há que acreditar no homem para se acreditar no político. Com os escândalos que têm aparecido nos meios de comunicação, não vejo muitos com as qualidades certas para ocupar o lugar tão importante como é o do primeiro-ministro deste país. Para já, e não sei se é defeito da pessoa ou dos meios de comunicação, que só mostram agressões verbais entre partidos. A política tem de ter ideias. Onde estão elas? Quem as conhece? A situação do país parece ocupar um segundo lugar na lista das prioridades políticas. O que se vê, de um lado é o apelo ao medo da parte de um grande partido e, do outro grande partido, o apelo para os portugueses derrotarem o actual chefe do governo que classificam de mentiroso e incompetente. Ninguém fala da forma como pensa encarar a crise. Mas, vendo bem, não é preciso. Quem ganhar as eleições, vai ter a vida simplificada: só tem de obedecer às ordens ditadas pela Europa. Vai ser ajudado a pôr o plano em prática e fiscalizado regularmente. O que, vendo bem, é bem. Pensem. Nunca nenhum governo deu contas ao povo do que fazia com o dinheiro que vêm buscar à força do nosso trabalho. Não teremos capacidade para entender as finanças do país? Serão estas muito mais complicadas do que a lógica utilizada na administração das nossas casas? Há uma coisa chamada responsabilidade. Mas esta responsabilidade pelos actos cometidos, parece só existir para as classes mais baixas, as outras acabam sempre, de uma forma ou de outra, por não ser responsáveis por nada. Quem governa o país tem de ser responsabilizado pelo que faz. Isto faria com que os políticos tivessem mais cuidado com a forma como governam o dinheiro do país. A primeira consequência era a diminuição de candidatos, porque há uma qualidade inerente a qualquer pessoa que exerça um cargo público: a honestidade. Só estes teriam vontade de ocupar tal cargo. Mas como se pode medir a honestidade de uma pessoa? Eu não acredito nem nos políticos nem na política, pelo menos da forma como está a ser usada. Não acredito em cargos, acredito em pessoas. E só quando houver uma máquina capaz de medir a honestidade de um político, acreditarei nele, mas só e se a máquina for inviolável. Neste momento, a imagem dos políticos e do seu clientalismo está gasta e não há nada que faça mudar esta situação. Quem está no governo deve trabalhar em prol do interesse do povo e não contra. Está lá para servir e não para mandar. Disto se esquecem os políticos logo que ganham as eleições. Governar deve ser sinónimo de “servir” e não um “país” mas um povo. O termo país é, na minha opinião demasiado fraca. Lembra só o rectângulo não quem nele vive! O que já dizia D. Pedro insatisfeito com os políticos do seu tempo pode, ainda hoje, aplicar-se aos de hoje. Nada mudou. O tempo passou mas nada se aprendeu com ele. Tudo continua na mesma. Com os mesmos vícios. Por isso nada me interessa menos do que a política e os políticos! Como me posso interessar por pessoas nas quais não acredito?
Depois de 25 de Abril, lembro-me de ter ouvido dizer que ficámos com uma das constituições mais justa do mundo inteiro. Tinham-se ganho muitos direitos que, até então, tinham sido proibidos por lei. Houve quem dissesse até que tínhamos uma das mais avançadas da Europa em termos sociais. Por que é de sociedade que é feito um país, onde vive um povo, estratificado ou não, não deixamos de ser farinha do mesmo saco ou seja, ninguém é melhor do que ninguém. Todos nós nos reduzimos a dois actos que nos mostram isso mesmo: o acto do nascimento e o da morte. Podemos nascer numa clínica de grandes recursos tecnológicos ou podemos ser enterrados em túmulos que parecem casas minúsculas com prateleiras de arrumação, mas o fim é o mesmo – o pó. Só durante vida nos ensinam uma sociedade estruturada em que uns fingem ser mais do que os outros. E tudo não passa disso mesmo – fingimento. Todos nós que nos encontramos neste mundo temos de encontrar um caminho onde haja lugar para todos. Socialmente isso não é possível. Quem teve a sorte (porque é de sorte que se trata) de nascer numa família endinheirada tem mais ou menos a vida garantida no que diz respeito à sua sobrevivência carnal, os outros não. Ora, se querem continuar a ter esses privilégios têm de olhar pelos outros que, quando chegaram já viram esse lugar ocupado. Restou-lhes um humilde lugar. Não tem nada de mal esse lugar ainda que pobre. O pior é quando essa sociedade que lhes é imposta não lhes garante as condições mínimas de sobrevivência a si e aos seus. E estas pessoas, largamente favorecidas pela sorte, têm o dever de olhar pelos demais. Não estou a falar de caridade. Longe disso. Sou da opinião que se “deve ensinar a pescar” e não a “dar peixe”. A não ser em casos críticos, como por exemplo em casos de fome. Todos aqueles que detêm o poder económico não devem deixar de respeitar os mais pobres, acusando-os, muitas vezes, de tudo e mais alguma coisa. Fazendo comparações a nível de inteligência, responsabilizando esta pela desigualdade. Não é verdade. É a sociedade desigual que encontramos e dois ou três indivíduos sem escrúpulos que conseguem enriquecer às vezes à custa dos bens alheios. O que não está certo é que depois do passo dado após o 25 de Abril se queira retroceder com pretextos para levarem o povo a crer que é o melhor para todos. (E isto sem uma consulta popular!) Ora, isto foi decidido sem lugar para negociações. Sejamos justos. A quem é que esta revisão constitucional vai privilegiar? Não é muito difícil de ver. Os trabalhadores e a sociedade em geral, sobretudo os mais desfavorecidos e sobretudo a classe média, vai pagar caro esta proposta de revisão constitucional caso ela venha a vingar. Quem faz uma proposta destas não pode ter uma ideia do que é viver neste país. Não tem ideia das dificuldades, não tem ideia de nada. A única ideia é a do capitalismo ganancioso que não olha a meios para atingir os fins. É a estes que a revisão constitucional vai proteger. Uma ideia: há tanto para fazer neste país a nível social, porque não começar por uma reforma social e, quando o país estiver mais equilibrado financeiramente, quando houver mais igualdade, então aí talvez se possa falar disso. Mas nem assim deixa de ser injusta, desleal e provocadora para aqueles que dão o seu melhor vestindo a camisola da empresa para a qual trabalha e que os abandona quando vêem a oportunidade de explorarem outros trabalhadores que, perante a extrema pobreza, se vendem por uma ninharia. Tudo isto com a conivência dos políticos. O capitalismo já deu com os burros na água, mas parece não ter aprendido. Parece estar mais ganancioso ainda. Dá-me a sensação que ele vai acabar com ele próprio. É uma espécie de escorpião que acabará por tirar a própria vida. Só que ele não consegue ver isso nem a classe política que só tem a ganhar aliando-se a eles. Talvez o recém-chegado à política deva ficar uns anos no banco até perceber o que se passa no país. Ou então, se querem ganhar eleições, terão de escolher outro líder. Este não convém ao país que temos.
Para além de serem sempre as mesmas caras, algumas das quais, e ao contrário do que muitos possam pensar não deixaram boa impressão. Talvez isto explique, em parte, a abstenção que continua a “ganhar” eleições. A indiferença perante um acto que elege pessoas que nada nos dizem, cada vez é maior. A surpresa veio do primeiro-ministro que, ao aceitar aparentemente, a derrota afirmou a sua determinação em lutar para as próximas eleições. Talvez fosse uma mensagem para as pessoas do seu partido ou para o eleitorado que ele julga estar insatisfeito. Uma questão, desde logo, me assaltou o espírito: Por que é que os políticos só se lembram de trabalhar durante as campanhas? Não é isso que os mantém no poder: é o seu desempenho como governantes. A ideia que as pessoas têm dos políticos é o de pessoas que querem um “tacho”, encontrando nesta ampla via um meio para o enriquecimento fácil. Não é de pessoas assim que o país precisa nem é de pessoas assim que o povo precisa. Precisa de pessoas que sabem o que fazem e não que entram no poder pela sua capacidade de convencer o próximo. Estas pessoas sabem convencer mas poucas vezes têm a razão do lado delas. Não podemos viver de aparências sem corrermos o risco de naufragar, até como país. O aparecimento de caras novas faz-nos também desconfiar que seguem o rasto do que lá passaram antes deles e aprenderam a pior lição. Estará a democracia em perigo? Se olharmos a indiferença dos cidadãos perante uma classe política amplamente desacreditada, em que tudo aquilo que parece dizer respeito ao povo é olhado com indiferença, não admira que os eleitores os olhem já também com descrédito. Mais do que nunca as pessoas perceberam que devemos olhar à pessoa que está por trás do político e não ao cargo que ocupa. Cada vez mais esta nos surpreende pela negativa. Logo, o risco é grande. Pergunto-me até que ponto a democracia não será uma fonte de cargos para uma clientela política e não passa disso mesmo. Talvez isto explique o marasmo em que o país caiu e que se reflecte no desânimo popular. O senhor primeiro-ministro vai-se voltar para aqueles que perderam tudo e, à semelhança de Obama, vai imitar o optimismo daquele, esquecendo-se de que não é ele. Vai também ele vomitar esperança, para as pessoas, depois das eleições, perceberem que elas não passaram de meios para ele atingir o poder e que tudo continua na mesma. Quem ocupa o poder não tem soluções. Como eu costumava dizer aos meus alunos que ficaram pelo caminho escolar, eles têm mais imaginação para resolverem problemas que aqueles que ocupam altos cargos. Porque não é só conhecer, é preciso imaginação. Depois, a posição dos políticos apontando o dedo aos aparentes responsáveis pela perda da maioria, indicando as classes profissionais responsáveis, segundo ele, pela perda de maioria, revelando despeito, não os fez cair nas boas graças de ninguém. Penso que ainda há liberdade para escolher as cores políticas sem que sejam apontadas armas… ou a liberdade não existe?
Fátima Nascimento
É do conhecimento de todos a classificação que nos é atribuída de "povo de brandos costumes". De facto, não nos insurgimos contra nada nem ninguém, e, aparentemente, tudo parece estar bem e todos parecemos estar de acordo com as decisões do governo. A resignação parece ser o prato forte deste povo, aparentemente indiferente a todas as decisões políticas que lhe possam transtornar a vida. (Eu digo "aparentemente" porque o que me diz a experiência é que o povo português aprendeu a governar-se a si próprio - pelo menos alguns - e, debaixo daquela capa de aparência, reina a anarquia do "salve-se quem puder" que lesa não só o próximo como também o próprio estado.) Se reflectirmos um pouco, não conhecemos nenhum governo que tenha tomado alguma decisão política, em tempo de crise (ou não), capaz de aliviar o povo, (porque os sacrifícios são feitos por uns portugueses não por todos!). A resignação é consequência directa da certeza que, qualquer que seja a cor política instalada nas cadeiras do governo, a política é sempre a mesma: desfavorável aos pobres e favorável aos mais ricos. E ainda há pessoas que se dão ao luxo de justificar as acções do governo, com conversas que já não convencem ninguém. O povo português é um dos mais trabalhadores do mundo mas não tem incentivos nenhuns para trabalhar num país onde a palavra sacrifício se aplica àqueles que saem cedo para trabalhar e só chegam à noite, em troca de salários insuficientes para fazer face ao custo de vida (isto já para não falar na ameaça do desemprego!). Aqui, em Portugal, temos os únicos governantes que pensam que o povo vive do ar, e que só os amigos deles, colocados em lugares escolhidos a dedo e com salários que não reflectem em nada a crise que atravessamos, têm necessidades a preencher. Quando há pessoas nossas conhecidas que dizem que fariam igual ou pior se estivessem no lugar deles, dá a sensação que, por muito que as situações mudem, os valores serão sempre os mesmos e, deste modo, também as políticas. O povo sabe disto melhor do que ninguém e o desânimo grassa neste país. Só o primeiro-ministro (funcionário público ele também, tem motivos para se alegrar: todas as decisões por ele tomadas e pela sua equipa, também esta constituída por membros todos eles funcionários públicos), são acatadas com uma aparente resignação. Mas, contrariamente àquilo que vem sendo dito até aqui, há cada vez mais vozes que se levantam em protesto, mostrando o seu desagrado por medidas que têm sido aplicadas por este governo e seus apoiantes. A única diferença é que as informações que passam de mão em mão, umas estão assinadas e outras não. Não é difícil de perceber a razão. O medo instalou-se... as informações mais graves capazes de pôr em polvorosa toda a classe política, essas são anónimas, as outras, artigos de opinião, crónicas... essas são assinadas. Tenho lido as que me têm chegado às mãos, todas elas de pessoas com opiniões, senão iguais, então, no mínimo, parecidas com aquelas que eu defendo. Mas o poder é demasiado vaidoso e arrogante para dar ouvidos à razão: só eles é que sabem. As bases, aquelas que contactam, no dia-a-dia com a realidade, esses não sabem avaliar nada. Só o poder e a sua política de gabinete sabem o que é melhor para nós, ou melhor, não sabem uma vez que estamos tão mal governados por pessoas de horizontes estreitos e curtos. Assim, andamos a funcionar a anti-depressivos, temendo a próxima decisão errada que o governo irá tomar. Gostaria de retomar uma ideia já atrás evidenciada por mim: o povo português é um dos povos mais trabalhadores (e dos melhores!)... só não tem governantes à altura! Se houvesse alguém com capacidade e imaginação para resolver os problemas do país, e se fosse honesto e justo e não tivesse a sua roda de parasitas clientalistas que levam este país à ruína com os seus salários e reformas brutais,... arrancá-lo-iam de lá! Por isso, não sei se este país alguma vez o terá... vejamos o que aconteceu no passado e no presente. Se há alguém íntegro e com formação para ver que algo não está a correr bem dentro de uma empresa pública, por exemplo, as chamadas derrapagens financeiras, (cuja responsabilidade fica sempre por apurar) e se essa pessoa tem a coragem de a denunciar, a solução é sempre a mesma: procura-se algo no passado dessa pessoa que a possa desacreditar aos olhos do público e... já está! ( A moral dos políticos parece ser "vergonha é roubar e ser apanhado!" Tem-se a sensação que os casos conhecidos, só o são devido à traição dentro da classe, traição daqueles que não estão satisfeitos com as contrapartidas). Então, arranja-se uma explicação muito bem elaborada sobre a interpretação errada feita acerca daquela situação... o povo, que não é parvo, só sabe que não tem outro remédio senão aceitar (não acreditar!), aceita as explicações que logo esquece, encolhe os ombros e passa a outro tema... mas a situação denunciada fica guardada na memória e, quando algo semelhante acontece, salta logo à conversa aquele "Foi o que aconteceu aqui há..." Não é que o povo concorde com o que se passa, ele não sabe é o que há-de fazer acerca desse assunto, e se é ele que há-de tomar alguma iniciativa e o que é que ele deve fazer exactamente... os meios normais, levam muito tempo e parecem revelar-se incapazes... como dizia Camões, o nosso querido Camões, só para ele a justiça funcionava... também com o povo português assim acontece... Gostaria também de acrescentar que não é através da repressão que se deve governar mas sim do estímulo... o primeiro, leva o povo ao desânimo, o segundo, leva-o a ter orgulho em ser melhor... só um espírito estreito insiste em perseguições, seja de que tipo forem... depois, só quem tem medo é que se serve da repressão para obter os resultados pretendidos... e só também quem não tem ideias para resolver situações se serve dela... e o desânimo aumenta como uma bola de neve... Eu, se pudesse, emigraria... estou farta destes governantes!
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