Madre Teresa não precisa de apresentações. A sua dedicação humanitária, junto dos mais pobres, abriu-lhe o caminho dos corações de todos nós. Tenho a certeza que ninguém ficou indiferente ao seu duro trabalho. E não deve ser fácil trabalhar num dos países mais pobres do mundo, assistindo a tanta miséria e sofrimento, a tanta maldade e prepotência e, sobretudo, sofrer isso tudo, no dia a dia, sem desistir… é obra. O que ninguém pode saber, por nunca ter vivido uma experiência dessas, e, por isso só pode fazer mesmo uma mínima ideia, é do sofrimento pessoal que esse trabalho deve envolver e o consequente desgaste físico e psicológico, e não só. E isto durou a maior parte da sua vida. Quando ouço falar das suas dúvidas de fé, durante cinquenta anos, a mim, pessoalmente, isso não me admira nada. Neste mundo, já quase nada sobra da mensagem de Deus, quanto mais encontrar no ser humano, tão preocupado com falsos valores, esse mesmo Deus. Quem se sente seguro no mundo como ele está actualmente? E se se sentem assim tão seguros, como conseguem explicar tanta segurança, que ainda assim não chega nem para as necessidades reais? E, naquele lugar, lutando contra tanta injustiça social, contra a degradação humana, e contra sabe-se lá mais o quê, quem pode alguma vez, alguém julgá-la por ter tido dúvidas? Só por ser freira? As freiras não são seres humanos? A provação por que ela passou foi grande, e a todos os níveis. Quem tem o direito de julgá-la, quando não fez nem um décimo daquilo que ela realizou? Faço uma ideia mínima das decisões que teve de tomar, das pressões a que esteve sujeita, do imenso trabalho a que teve de fazer face… Mas, se olharmos aos factos, o que me surpreende é nunca ter desistido, e para não se desistir de algo tão importante como o que estava fazer, e num mundo que lhe era completamente adverso, é preciso ter… fé! O que eu quero dizer, é que, no fundo, a fé esteve sempre lá, apesar de tudo… porque, para lutar como ela lutou, é preciso acreditar no que fazia, e num mundo melhor… e isto é ter, mais uma vez, fé! Para já não falar de que a dúvida, seja a que nível for, é sempre saudável… é bom questionarmos o que nos rodeia e não só, pelo menos, nela, isso deu resultado, pois a sua fé saiu reforçada! E a prova disso é a sua obra…
Com a sua morte, apagou-se mais uma luz, neste mundo onde a escuridão é cada vez maior.
Estamos num país onde se está a perder todos os direitos democraticamente adquiridos depois do 25 de Abril. É por esse motivo que eu não acredito em revoluções, mesmo naquelas onde a violência foi poupada! É nas mentalidades que temos de apostar e essas... levam séculos a mudar e outras há que não mudam mesmo, só aparentemente! Depois, passados uns anitos, depois de se deixar acalmar os ânimos, e adormecer os ideais, volta-se à carga! Colocam-se no poder pessoas novas com ideais antigos, (para já não falar de outros aspectos também importantes e decisivos no que respeita a quem nos governa e respectivos grupos de apoiantes e clientalistas que, depois da eleição, assumem qualquer cargo desconhecido, bem remunerado, claro está), tudo isto faz com que caminhemos para trás nos direitos já conquistados! Tudo se resume a uma única visão do mundo, da sociedade, do poder, etc.. Nota-se que a tentativa de controlo total é uma realidade, e não me venham com as desculpas dos abusos... sempre os houve e sempre os haverá... e isso não justifica a tentativa de transformar o poder numa polícia secreta com o intuito de saber tudo sobre todos! Deste modo, acaba-se a sociedade de direitos para se transformar numa sociedade só de deveres, com todos os abusos incluídos, só que, desta vez, da parte de quem governa e respectivo clientalismo. A célebre expressão muito usada aqui há uns anos atrás "Big brother is watching you", parece adaptar-se perfeitamente à sociedade em que vivemos actualmente. O cidadão, se conquistou um horário de trabalho com menos horas, vê agora essa mesma mancha horária alargada por ordem de quem parece não saber o que é família e as obrigações que se devem ter para com ela ou da necessidade de descansar para voltar ao trabalho com as forças restabelecidas, tanto físicas como anímicas; se um trabalhador adoece, só os médicos do Sistema Nacional de Saúde parecem ter conhecimentos académicos para atestar essa mesma doença; ora, os trabalhadores que auferem de salários pequenos e médios, é a esses que recorrem porque não têm dinheiro para pagar consultas caríssimas e os medicamentos que compram são os genéricos... então o que pretende o governo com o novo decreto-lei nº 181/2007 de 9 de Maio? Controlar melhor as faltas dos trabalhadores ao emprego? Acabar com o negócio particular que já se tornou a medicina? Então porque é que qualquer médico pode atestar o internamento de um doente? Dá jeito porque os hospitais públicos não conseguem diminuir as listas de espera de doentes que desesperam a aguardar uma operação? Caros governantes, numa sociedade de direitos onde só quem tem dinheiro pode escolher... este decreto e outras medidas seriam escusadas, mas o que me revolta é o "ter de" porque gosto de sentir que tenho alguma liberdade de escolha!
Mais recentemente houve outra notícia que me chocou: as entidades empregadoras têm de fazer chegar ao poder central o número de faltas que os trabalhadores dão por motivo de greve... ora, porque é que o governo tem de conhecer o número de faltas dadas por um trabalhador por motivo de greve? Não acham que estão a querer saber demasiado? Ou até esse direito já perdemos? Onde está a liberdade individual? O que vão tirar-nos a seguir? Eu já sempre esperei tudo dos políticos e não me posso esquecer que são eles os governantes! Não é verdade? Não podemos separar os dois aspectos... pelo menos não convém. São governantes mas antes já eram políticos, continuam a sê-lo durante a governação, e sê-lo-ão a depois dela... é como uma segunda pele!
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