opiniões sobre tudo e sobre nada...
Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2014
A prisão dos activistas do Greenpeace
O planeta não é de ninguém. Não foi criado por seres humanos. Foi criado para os seres humanos. É de todos. A natureza não tem fronteiras. É universal. O Homem é só um dos muitos inquilinos. Os homens levantaram fronteiras imaginárias. Pintaram-nas no mapa. Mas estas só existem aí. Os seres humanos reclamam a posse de tudo quanto está dentro dessas fronteiras. Talvez imaginando que nada nem ninguém poderá, sem consentimento, interessar-se pelo que lá se passa. Ideia estranha.
As maiores interessadas, por esta ideia compartimentada do mundo, são as multinacionais que não respeitam regra alguma que a da sua própria ganância. E esta, sabemo-lo bem, sempre foi a perdição do ser humano. Os países, pelo menos alguns, parecem apoiar esta política ultrafronteiriça daquelas companhias. Mas o planeta é dos que a habitam. E, quando existe um problema ambiental, este não se cinge às fronteiras do país responsável pelo desastre. As armas químicas usadas na Síria ou na Guerra do Iraque contendo materiais letais criados em laboratório com o único intuito de matar seres humanos, não ficaram confinados ao ar desse país. Os ventos semeiam essas armas letais pela atmosfera do planeta. O mesmo acontece com as matérias poluentes levadas pelas correntes marítimas. Ora, tendo consciência disso, percebe-se que o que acontece do outro lado do mundo não deixa impunes as pessoas do outro lado do planeta. E não se conhecem as consequências dessa rotatividade. Logo, pode-se dizer que o planeta é uno apesar do que defendem e nos querem fazer crer as autoridades dos diferentes países. Visto este assunto por este prisma, podemos perceber que os activistas do movimento Greenpeace (e outros) defendem algo que é património de todos os seres humanos. Representando, e defendendo, um total de biliões de pessoas não se pode dizer que esteja a cometer um crime aos olhos da humanidade quando se insurge contra a perfuração do Ártico ou outras matérias ambientais. Está a defender a pátria máxima que é o planeta. A natureza é a nossa casa. Não poderemos sobreviver com ela suja. Não sobreviveremos com ela morta. Ninguém. O dinheiro não consegue tudo. Daqui poder-se-á inferir que os activistas deveriam ser homenageados pela coragem não fosse a política das multinacionais, apoiada por alguns países. Só à vista destas e da sua ganância se podem criar acusações absurdas que mais não fazem do que tentar amedrontar os cidadãos do mundo usando estes como exemplo e querendo, sem motivos aparentes acusá-los dos mais variados crimes (já terão chegado a um consenso ou ainda andam à procura de acusações que se possam encaixar naquela situação?) É vergonhoso! É o ser humano a agir numa das suas formas mais vis. Vamos actuar e apoiar estes activistas ou vamos deixar que nos amedrontem e ficar calados pactuando com esta situação ignóbil? É a nossa vida e a nossa sobrevivência que está em jogo não é só a vida deles!
Segunda-feira, 16 de Dezembro de 2013
De onde és?
Será que todos sabemos responder correctamente a esta questão? Talvez sim, talvez não.
Quando nos deslocamos frequentemente de um lado para o outro, mais tarde ou mais cedo, deparamo-nos com esta questão. Quando somos pequenos, nem nos apercebemos dela, sobretudo se permanecemos na mesma localidade. Os outros não podem dizer o mesmo. Estou nesta situação. Ainda há pouco, esta questão me era colocada. Numa sala, deserta de corpos humanos, entrou uma desconhecida. Após a troca de algumas palavras, a questão. Hesitação antes da resposta. Dada a minha situação pessoal, a resposta não é clara. Não sei. Não pode ser a localidade onde está a minha residência! Só lá passo as férias grandes! Agora nem isso sei! Pela mente passaram as variadíssimas terras por onde passei e que foram “a minha terra” durante um certo tempo. A umas afeiçoei-me (como não?) às pessoas encontradas. A outras, nem tanto. Mas posso afirmar que sempre houve pessoas diferentes (no bom sentido) em todas as que foram a “minha terra”. Mas nunca tive a oportunidade de me sentir pertencente a um sítio. Falta de raízes? Não creio. Visão da vida? Cada vez estou mais certa disso. Aprendi, pela minha experiência, que a nossa terra é onde nos sentimos bem. Depois, a vida ensinou-me que não há uma terra, a nossa terra, no sentido dado habitualmente. A terra só há uma – o planeta. E esta visão do mundo ajuda a compreender melhor os problemas globais mas que são interpretados localmente. Há problemas sérios e a interpretação local fica aquém da abrangência de certos temas. Se pensarmos que a poluição não tem fronteiras (estas existem apenas na geografia dos homens) e que nos atinge a todos, então talvez perceberemos que os problemas ambientais são de todos; então perceberemos que a vigilância é de todos e não pertence a um só país ou organização; então perceberemos que a Terra é só uma e que se destruirmos a natureza destruímos a nossa capacidade de existência; então perceberemos que o mal dos meus irmãos da outra metade do mundo é a nossa; então perceberemos a real magnitude dos problemas; então perceberemos que o mundo só faz sentido se o entendermos na totalidade. Um dia, quando respondermos à questão “de onde és?” com uma simples frase “Sou do planeta Terra”, aí, talvez haja esperança para a raça humana.