O meu filho já trabalha há algum tempo. A sua preocupação, enquanto actual chefe de família, é mantê-la unida. Eu estou colocada bastante longe de casa e com um horário muito incompleto. Não posso ir a casa tantas vezes quanto deveria ou queria e, como tive de trazer o carro para transportar tudo quanto é necessário a uma pessoa que anda com “a casa às costas”, e estando no interior, não tenho meio de locomover a não ser de carro. (Aliás, ter, tenho, mas os horários não servem, logo é como se não os tivesse.) É com o produto do seu trabalho que ele vai comprar o carro para levar as irmãs à escola e ir, de seguida, para o trabalho, depois dessa volta. Para o rapaz é também um sonho tornado realidade. Comprar um carro com o seu próprio dinheiro.
Até aqui, nada há a dizer não fosse o rapaz contar-me que o carro comprado por ele estava no nome do pai assim como o seguro embora seja o filho a pagar ambos. Não sei qual a vantagem de se pagar um objecto (carro) que está no nome de outra pessoa. Porque pai, muitas vezes, e é o caso deste homem, não tem o significado que tem para a maioria das pessoas, isto é, aqui não a palavra “pai” não tem, definitivamente, o mesmo significado que tem para a maioria das pessoas. Aqui, “pai” é mais sinónimo de “padrasto”. Mas um padrasto do estilo dos contos populares, isto é, mau. E o rapaz conseguiu mais, neste pouco tempo de vida, do que o pai na mesma idade. Talvez resida aqui a sua incomensurável inveja sempre cuidadosamente disfarçada com um sorriso para iludir os demais. Eu era incapaz de fazer isto! Ultrapassa-me completamente. Já lhe enviei uma mensagem dizendo que não concordava. Alguém tem de parar um indivíduo destes! Mas, como não tem vergonha, só medo, o resultado é o mesmo. Eu, que tive um pai tão diferente, tão bom, não compreendo estas atitudes, ainda por cima vinda de um indivíduo que só conseguiu chegar onde chegou na vida com bastante ajuda! Estou tão revoltada, enquanto mãe, que até tremo com a injustiça. Detesto injustiças! Se fosse eu a fazê-lo era diferente. Jamais lhe pediria que o carro ficasse em meu nome! Depois, não acredito num homem que já nos prejudicou bastante. Agora, como vamos proteger a família de alguém que está tão perto familiarmente de outra? Como proteger um filho de um pai daqueles? Como evitar que um pai assim explore o seu próprio filho? Eu, que já fui tão prejudicada por pessoas como ele, vejo o filme a repetir-se com o meu próprio filho! E sei que, um dia, mesmo que ele aparentemente mostre boa vontade, sei que teremos de andar atrás dele para colocar o carro no nome do filho e ele só o fará quando quiser e lhe apetecer. Sabendo o sadismo que o caracteriza, tarde ou nunca isso acontecerá. A única coisa que posso fazer é pedir desculpa aos meus filhos. Adoro-os, mas se soubesse o que sei hoje, teria tido os mesmos filhos mas, definitivamente, com outro homem! Não é a atitude que está em questão, é a pessoa! Se fosse outra pessoa, totalmente diferente, estaria descansada. Assim, não!
A crise instalou-se em todos os sectores. Até nas escolas que se queixam de falta de dinheiro, com os cortes aplicados. E já começa a gerar conflitos em certos curtos. Os rapazes que, há anos atrás, trocaram a oportunidade de estudar para encontrar um emprego e ganhar dinheiro e outros porque, simplesmente o dinheiro era pouco ou nenhum, ou porque simplesmente não gostavam, voltaram a estudar à noite alimentados pelo dinheiro, não muito, que o Estado lhes pagava para estudar. Era um atractivo para chamar as pessoas que, por alguma razão, as levara a desistir do estudo. Agora o caso parece estar feio. A confusão instalou-se. Ninguém sabe por quantos anos se vai estender o curso, e quanto ao dinheiro e, segundo informações da escola, esta não tem dinheiro para lhes pagar. Enfim, o que, de início, despertara a atenção dos alunos de variadíssimas maneiras parece estar, neste momento, a desiludi-los. Já se ouvem histórias de possíveis desistências ou mesmo da troca deste curso por outro. Indecisos e confusos os alunos mais velhos dos cursos nocturnos parecem desiludidos. Não sabem se deverão ir à procura de emprego, os que não o têm, ou se se limitarão simplesmente a abandoná-lo escondendo-o num local recôndito da sua memória, como se se tratasse de uma má experiência que quisessem esquecer. A desestabilização, como é natural, não está a ajudar no aproveitamento escolar. Alguns alunos, depois de um dia de trabalho, ainda se arrastam para as aulas que duram, muitas vezes, até à meia-noite mas muitos já desistiram. Ninguém acredita. Só alguns estudantes cuja fé abalada ainda não os abandonou ficaram. Mas, até quando? Por que não pode ser o dinheiro um motivo para a frequência do curso? Quando oiço pessoas a falarem deste aspecto, dá a impressão de que vivemos num país sem dificuldades! Muitos dos alunos da noite que não terminaram os estudos foi simplesmente porque precisavam e queriam ganhar dinheiro por razões várias que só a eles diz respeito. Vão agora puxar-lhes o tapete debaixo dos pés?
Há uns dias atrás, não muitos, tive de realizar uma transferência bancária numa caixa Multibanco. Qual não é a minha surpresa, quando, ao receber o talão, verifico que ele estava impresso naquela tinta lilás, que, ainda por cima, era muito clara. Para qualquer normal olho humano, olha-se e vê-se perfeitamente bem o que lá está impresso, o pior é quando se tem de fotocopiar o dito talão. Não há cópia possível! Toda a espécie de cópia que se pretenda fazer sai… imperceptível. Pode-se dizer que as letras e números, constantes desse talão, (porque elas estão lá!), não se percebem em todas as tentativas de cópia realizadas por mim ou por outras pessoas, já mais acostumadas, e por isso mesmo mais hábeis nesta questão das cópias. Como já se vem falando do problema que constitui esta tinta, e os problemas que colocam às pessoas que utilizam as caixas de Multibanco como meio de pagamento (e são muitas!), julguei que o problema estava já solucionado, e que não haveria mais caixas Multibanco com tal tinta. (Devo acrescentar que, todos os semelhantes talões coleccionados, desde há alguns anos, e que constituem prova de pagamento das diversas facturas que chegaram até mim, já não estão legíveis. Olha-se para elas e vê-se um exíguo papel… em branco!) Esta situação colocou-me numa posição difícil. Como tinha de enviar a fotocópia, ela lá foi, ainda que de qualidade péssima. Agora, não estou livre de apuros. Posso, a qualquer momento, ser chamada à atenção para uma situação à qual sou totalmente alheia, pois, por minha vontade, essa tinta já teria sido erradicada de todas as caixas Multibanco. Posso ver-me obrigada, (e muito justamente, devo acrescentar), a ter de me deslocar à empresa, para mostrar o talão às pessoas que não conseguem ler a cópia. (E tenho de o levar quanto antes, prevenindo a hipótese de o original perder a pouca tinta que tem.) Mas, como para tudo há solução, o que eu posso fazer é deslocar-me lá, caso seja necessário, mostrar-lhes a prova do pagamento, que é o claro talão, para eles comprovarem a realização do pagamento. Poderão até ficar com ele, desde que me passem uma declaração, assinada, em como receberam o talão, em mão, como comprovativo da tal transferência. O que me aborrece sinceramente, não é já o dinheiro que vou ter de gastar com a deslocação, e todos sabemos como os bilhetes dos transportes públicos estão caros, mas a constatação de que, por muito que se fale ou proteste, as situações parecem não mudar… sejam quais forem as razões, e uma delas é fácil de perceber – é sempre a população que perde com este tipo de situações.
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