Já há muitos anos fui a uma junta médica que modificou para sempre a minha vida. Fazendo o quê? O seu dever. Não sei como evoluíram as leis desde daí. A verdade é que eles conseguiram ver acertadamente o que se passava comigo e sinto que lhes devo algo. Porquê? – poderão justamente perguntar. Repito: realizaram todos um bom trabalho. Todos eles juntos. Nunca me esqueci daquela equipa e jamais me esquecerei. Agora, ao que parece, as leis devem ter mudado. Tudo indica que sim. Os médicos que fazem parte do sistema e têm de julgar os pacientes seguidos por outros não têm tarefa fácil. O que torna tudo ainda mais difícil é o sistema que parece regulado por leis imbecis que determinam que, para terminada doença bastam um x número de dias para a recuperação. Não dão mais. Se a pessoa não recompuser nesse espaço de tempo, não há nada a fazer. A lei não dá espaço para manobras. Custa-me a crer mas estas leis só podem ter sido redigidas por pessoas de má fé ou que se estão borrifando para os outros ou pensando mesmo o pior deles. Não sei exactamente que tipo de ideias ou imagens querem passar às pessoas: as pessoas não querem trabalhar e o português é preguiçoso procurando todo o tipo de esquemas para fugir ao trabalho. O que me custa nisto tudo é que as pessoas regulam de tal forma as nossas vidas que qualquer dia não damos um passo sem a hipótese de quebrar uma lei tal ela está apertada à volta de todos os portugueses. Depois, as doenças do foro psíquico ou psicológico, que são as mais difíceis de provar, uma vez que não deixam marcas conforme acontece com as quedas ou qualquer outro tipo de violência, são vistas com olhos apertados. Desconfianças da parte de colegas ou mesmo gozo à volta do assunto mas isso a ninguém interessa porque não são essa pessoas de má vontade que governam as nossas vidas? Mas, e as outras? O que acontece quando o médico na junta percebe que o doente ainda não está preparado para enfrentar o seu local de trabalho e um trabalho que requer o melhor de cada um e se vê apertado por uma lei incontornável? O que fazer? Surgiram as mais diversas hipóteses, mas nenhuma a mais adequada. Afinal, eles não sabem o que se passa, a história que despoletou toda a doença. Por que há sempre um motivo para qualquer doença. Até mesmo a do foro psiquiátrico. E eles não sabem. Não perguntam também. Não têm tempo. Tudo é realizado num tempo apertado. Mas, no final, sabe Deus, como acabaram por tomar a decisão mais correcta. Não sei por quanto tempo. Tenho colegas que estão há mais tempo de baixa do que eu, só que pertencem a outro subsistema de saúde, será que continua a haver portugueses de primeira e portugueses de segunda neste país? Há uns anos atrás, tendo o meu filho mais velho uma doença que precisava de cuidados só providenciados por hospitais centrais, fui parar a uma ponta do país. Baseada na necessidade de cuidados constantes pedi destacamento para uma escola que permitisse o meu filho ter os melhores cuidados quando precisasse. E aconteceu. Lutei contra todas as forças que alegavam que o destacamento era só para os efectivos. Pedi a lei com o intuito de a ler. Ficaram amuados com a minha decisão. Estava a duvidar da palavra deles! Não estava nada! Achava simplesmente que era impossível haver uma lei que fizesse tal distinção. Li a portaria até ao fim e descobri uma das alíneas, mesmo no final da redacção, que me permitia aproximar-me do meu local de residência! Foi toda uma descoberta. Ninguém lera a portaria até ao fim! Agora, não sei o que se passa mas há colegas que afirmam que tudo isso que a portaria defendia se havia esgotado. Será verdade? Ainda há pouco tempo tentei aproximar-me de casa por motivos pessoais mas não havia enquadramento legal para tal. Será isto uma demonstração de que aquela portaria foi revogada? Se assim foi, que pena! Recuámos uns quantos passos para trás…
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