Odeio esta expressão. Mas já a ouvi algumas vezes. Talvez demasiadas para o meu gosto. Não tenho nada contra nem a favor. São opções de vida. Neste caso, opções de educação. Posso concordar ou não mas é tudo. Educar para o sucesso nada tem de mal se for feito como deve ser, isto é, se tivermos sempre em conta a moralidade das situações. Passo a explicar: se tudo for feito como deve ser, nada há a apontar. Se a criança/adolescente tiver talento nada mais a fazer do que incentivá-la. Mas, quando se tem algum talento e se usam artimanhas para se conseguir o que se quer, aí, tudo é reprovável. Se juntarmos à educação para o sucesso a filosofia de Maquiavel que defendo que “os fins justificam os meios” todos temos uma ideia das bases da educação para o sucesso. Ficamos também com uma ideia das pessoas que colocam em prática este tipo de educação. Vou ser mais explícita: imaginem um profissional que tem uma pedagogia tão extraordinária quanto eficaz. Esta pedagogia é natural nele. Tão natural que quase não se apercebe do tesouro que possui. Ao lado desse colega, há um outro que vai atentamente seguindo os seus passos. Assim que percebe como tudo funciona, muda de escola e põe em prática essa pedagogia aprendida gratuitamente com o outro. A sua ambição é tão desmedida que sistematiza o que aprendeu e candidata-se a um prémio com algo que não lhe pertence… Imaginem agora que este tem um filho com alguma queda para a escrita. Nada de especial. O suficiente para ter ganho um prémio num concurso da localidade onde o pai lecciona. Entretanto, conhecem um outro colega. Percebem que escreve e que a sua escrita causa impacto no leitor. Passam a correr para a casa deste numa “peregrinação” familiar em nome de uma suposta amizade que acaba por levantar suspeitas. Imaginem que, de repente, este profissional-escritor dá pela falta de um original. Aflito, começa a questionar-se sobre o paradeiro deste. Como as perguntas certas levam as conclusões também elas certas, percebe que aquelas “peregrinações” nada tinham de inócuo. Tudo tinha sido preparado antecipadamente com um objectivo bem definido. Dá o alerta e, acobardada, a família-ladra muda de intenção. Não guarda já o original para o publicar em data apropriada, mas incentiva o filho mais novo a ler repetidamente o original para perceber como deverá escrever mais tarde para ter sucesso de vendas… Parece incrível, não? E se vos disser que tudo se passou? Dá para ter uma ideia do mundo em que vivemos, não dá? Estas pessoas não cobiçam o trabalho, cobiçam unicamente o sucesso dos outros. Basta aperceberem-se do valor dos outros para se aproximarem de forma a perceberem como poderão lucrar com isso. Às vezes, nem se apercebem do real valor, apercebem-se só que são diferentes… e como nas comparações saem inferiorizados, percebem logo o valor do outro. E, para cúmulo, estas pessoas de reconhecido valor, não foram educadas para o sucesso! Educar para o sucesso? Sim. Não há nada de mal nisso. Mas, como em tudo na vida, os meios são preciosos. São estes que fazem a diferença – em tudo!
Não é sem um rasgo de espanto que ouvimos falar no que se passa em relação aos trabalhadores da ASAE, ou da PJ ou mesmo noutros serviços estatais. Os objectivos são bons para que não nos afastemos deles, seja em que trabalho for. O que me preocupa são os números tão claros, tão rigorosos… e, aparentemente, tão mal intencionados? Como é que se exige um determinado número de trabalhos a trabalhadores que têm uma responsabilidade muito grande, pois têm nas mãos o meio de subsistência de muitas pessoas, que realizem tais números de encerramentos, de coimas, etc.? Isto leva-nos a questionar a boa fé de quem decide tão claramente o que pretende de tais serviços. Objectivos ou pressão? Talvez os dois. Como objectivos sempre os houve, mesmo que não estivessem definidos no papel, esta súbita, e algo caricata, ordem parece ter mais a ver com pressão do que com os objectivos propriamente ditos. Para já, estes objectivos têm como consequência directa a pressão a que os funcionários públicos estão sujeitos. Um dia destes, uma pessoa, dentro de um dos muitos serviços estatais, sentada ao computador, desesperava, queixando-se que o sistema operativo informático não funcionava e, em voz alta, perguntava, algo irritada, como é que “eles” queriam que os objectivos fossem atingidos se o próprio sistema informático não funcionava? No que respeita ao serviço de investigação, estes têm de ser muito mais cautelosos para não cometerem erros, porque, e mais uma vez, está a vida das pessoas
Fátima Nascimento
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