Foi um título que me despertou a atenção e me deixou a pensar. Não é de agora este título. Já foi tópico de uma revista nacional há alguns meses. Durante algum tempo, esqueci o assunto, mas guardei a revista, para ler o artigo assim que pudesse. Consegui com dificuldade uma vez que o artigo era enorme. Falava da morte dos jornais tal como os conhecemos: em suporte de papel e com o parâmetro administrativo existente. Falava do risco que esse mesmo desaparecimento constituía para a democracia. Apontava algumas soluções financeiras para impedir o desaparecimento total dos mesmos e falava da transição para o formato digital. Como em tudo há prós e contras. O chamado jornalismo de investigação poderia desaparecer. Ora, sabendo que, nas democracias há abusos, e que é necessário denunciá-los para obrigar os prevaricadores a pagar pelos seus erros, seria um sério atentado à democracia. Aqui em Portugal, dando ouvidos a tudo quanto é denunciado, se este tipo de jornalismo desaparecesse seria o gáudio geral de certas classes! Não são só os quadros políticos, económicos e financeiros, há que ter em atenção o aspecto social, onde existe também toda a espécie de abusos. Eu não acredito que vá desaparecer este tipo de jornalismo. Julgo que poderá ser mais localizado tal como o artigo também afirmava, mas enquanto houver curiosidade, interesse e coragem haverá sempre alguém a fazer este tipo de trabalho mesmo correndo os riscos que não devem ser poucos. A internet servirá também de suporte rápido à divulgação de notícias, sejam elas boas ou más. É este também o género de jornalismo mais importante e o mais interessante também, uma vez que serve um pouco de polícia aos órgãos ditos democráticos e o que mais atrai as atenções: veja-se as tiragens! Os jornais, sobretudo os regionais, não podem viver só de inaugurações e de outras informações semelhantes. Costumo defender que a reportagem é a forma de jornalismo mais interessante. E tudo pode servir de tema ou assunto, basta estarmos atentos ao que se passa à nossa volta! E há tanta matéria para desenvolver! Tudo o que parece simples não é. É preciso interrogarmo-nos. Olhar com olhos de quem está a/quer aprender. Só assim poderemos fazer dos jornais um meio de comunicação mais interessante.
Lembrei-me de uma frase de Platão que defendia que "Pessoas inteligentes
falam de ideias, pessoas comuns de coisas e pessoas medíocres
falam de pessoas". Seguindo a linha filosófica de Rousseau, defendo também que todo o homem nasce potencialmente grande. Então o que os faz pequenos? O que são então os espíritos pequenos? Alguém sabe? Por que nos preocupamos com eles? Valerá a pena?
Os espíritos pequenos são espíritos mesquinhos. Os sentimentos e as ideias são mesquinhos. Interessam-se por ninharias. Falam da vida alheia, só para denegrir. Vivem da mentira e da difamação. São a grande maioria. Não querem e não sabem mudar. Não há cursos superiores que lhes valha. Aliás, não há nada que lhes valha! São sedentos de honras e poder. Adoram manipular. Precisam disso. Para tal “cativar” é só a aproximação para levar a vítima a confiar para depois ser prejudicada. A inveja é o seu sentimento dominante. Tomam as atitudes certas pelos motivos errados. Adoptam ideias erradas que lhes dão a falsa ideia de superioridade. Fazem mal ao próximo sempre que podem. Falam imenso de Deus para se esconderem. São eles que impedem a modificação, teimando na continuidade. São vaidosos e arrogantes, têm de ter sempre a última palavra. Deixam à descendência um reflexo deles próprios que viverão com a mesma convicção dos seus ascendentes. Ninguém se preocuparia com eles não fossem os estragos capazes de realizar.
Os espíritos grandes são humildes. Dão-se conta da sua grandiosidade mas sabem que o devem a um Ser superior. Não dão valor ao que fazem, porque o fazem com desprendimento e generosidade. Não manipulam mas também não se deixam manipular. Dão atenção às grandes matérias que afectam o mundo e o ser humano. Defendem a felicidade deste independentemente da particularidade que o caracterize. Mostram aquilo que são. Não condenam, acreditam na mudança. Tentam modificar mentalidades, lutando contra a corrente. Ajudam o próximo sem fazer alarde disso. Raramente falam de Deus, mas sabem-No presente. Não inveja, congratula-se com a vitória do amigo. Têm defeitos, mas conseguem ultrapassá-los. Tratam todos como iguais, independentemente da sua posição. Amam verdadeiramente o próximo, embora percebendo e defendendo-se dos seus defeitos. Não Têm medo de errar pois já assimilaram que errar é humano e combatem a ideia de perfeição que atribuem a um só Ser – Deus.
Outra frase de Platão para concluir: "Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz"... Residirá aqui a verdadeira diferença entre os grandes espíritos e os espíritos mesquinhos? Não serão os grandes espíritos simplesmente e só espíritos iluminados? Haverá esperança para os espíritos pequenos?
Não existem regras sem as devidas excepções. Se não acreditasse nisto, provavelmente, não estaria a perder o meu tempo a escrever um texto como este. Quem sabe, não há por aí algum espírito medíocre que esteja só à espera deste empurrão? Nããããã… Será?
Há algum tempo atrás, li uma entrevista do comandante Marcos, onde ele alertava para os perigos da globalização e da nova fórmula política. Esta em nada irá modificar, como é de esperar, a ordem já estabelecida, irá agravar antes alguns problemas já existentes. O ocidente, e a sua cultura, imposta ao resto do mundo, não tem soluções, porque não existe vontade. Os dirigentes nada mais fazem do que perpetuar os sistemas herdados. E têm pessoas a trabalhar para eles, justificando os seus actos que são os intelectuais. Ele tem razão. As soluções passariam por uma nova sociedade mais justa e igualitária. Não há, na filosofia ocidental, capacidade para fazer essa transformação, nem vontade. Só evoluímos tecnologicamente. Mas serão todos assim? Estarão todas as pessoas tão afundadas nestes sistemas que não consigam pensar em soluções alternativas? Talvez não haja pessoas capazes de pensar em alternativas fora dos sistemas conhecidos (devem existir!), mas elas sabem o que está bem e mal. E há pessoas de boa vontade, e pessoas boas, que sabem bem o tipo de sociedade que gostariam de construir. Só que os parâmetros são pobres. E são-nos dados pela História que estudamos. Pouco ou nada sabemos das sociedades diferentes que existem neste mundo e que nada têm a ver com aquelas em que vivemos e que desenvolvemos. Se não estamos contentes com este modelo de sociedade, talvez devêssemos procurar outros. A América tem uma herança fantástica nesse sentido. Não falo das grandes civilizações que deixaram grandes monumentos. E estou a lembrar-me do filme do Mel Gibson, Apocalypto, que mostra a inteligência da personagem índia que se afastou dos estranhos barcos que acabavam de chegar à praia. Já cansado da escravidão vivida, resolve desaparecer, juntamente com a sua família, perdendo-se no interior da selva, onde encontraria a dignidade e a liberdade tão necessárias à vida. Se olharmos às sociedades tribais da América do Sul, especialmente as da floresta da Amazónia, damo-nos conta do bem-estar aí vivido e que nada têm a ver com a aquela em que vivemos. Onde todos são iguais, com um peso igual nas relações. Ali, ninguém vive com medo do seu semelhante. Há outros exemplos históricos bem sucedidos e que não são estudados na História, só quem pesquisa encontra essa informação. Todas elas representam modelos de sociedades alternativas que poderíamos seguir. Lembro-me particularmente do Paraguai, há séculos atrás, onde tudo quanto se produzia era para o bem de toda a comunidade, contemplando todos sem excepção. É mais estes modelos que deveríamos seguir. É disto que fala o comandante Marcos e é por isto que ele tem de se bater, junto da população, mostrando-lhes que há alternativas, herdadas de sociedades antigas, com as quais podemos e devemos aprender. E se não as pudermos seguir exactamente, pelo menos a sua filosofia. Não se pode só combater o que está mal, tem de se apresentar alternativas às pessoas. Ele é um bom veículo, dependendo do que ele quer fazer...
Não sei se é só aqui, no nosso país,… não sei se é só agora. Mas há uns anos para cá que me tenho apercebido da dificuldade que existe em mudar seja o que for. Não falo de grandes assuntos, mas de pequenos. Mas imagino que, se nos pequenos assuntos é difícil, então nos grandes dever ser maior… ou talvez não. Talvez isto só se passe neste mundo singelo que é o nosso dia-a-dia. As pessoas, quando começam a trabalhar e se habituam a agir de uma maneira, têm certa dificuldade, perante uma pequena mudança, decidir qual a atitude correcta a tomar em determinada situação. E isto passa-se um pouco por todos os serviços com que tenho contactado. Lembro-me de casos simples de solucionar e o problema e os receios que esses mesmos casos simples levantavam antes de se resolverem. Lembro-me do caso das mudanças de residência dos alunos. Quando os alunos, durante o acto da inscrição, davam uma morada e a seguir, quando alguns papéis mais recentes chegavam às mãos dos directores de turma com outra, a indecisão em escolher a morada certa… Quando mudei de residência, informei os correios e alguns serviços dessa mesma mudança, e mesmo assim, a correspondência continua a dirigir-se para a morada antiga. É claro que, os novos inquilinos têm a paciência de a entregarem em casa dos meus pais e esta situação arrastou-se até há bem pouco tempo… e já me mudei há cinco! Agora, e mais recentemente, o caso das facturas da net. O meu antigo companheiro pediu factura electrónica a consultar na área do cliente. Já comuniquei aos serviços que, para mim, não pode ser assim e que me reenviassem a conta mensal pelos CTT, que pagaria no Multibanco. Esta mudança foi feita em Abril e escusado será dizer que, sempre que pretendo receber a factura a tempo e horas, tenho de telefonar para os serviços, reclamando essa mesma factura, de forma simpática, como sempre faço, explicando que não entendo a demora, uma vez que esse pedido já foi feito uns meses antes. A resposta é sempre a mesma: que a factura está na área de cliente onde a posso consultar, com todos os dados para efectuar o pagamento. Volto sempre a pedir que ma enviem pelos CTT, explicando que esse pedido já havia sido feito por mim, há alguns meses atrás. Depois, vêm as nefastas consequências: cartas ameaçando o corte se o pagamento da última factura não for paga! Para evitar mais gastos, e vendo a vida como ela está, o melhor será mesmo esperar por ela e evitar mais gastos… Mas o que me continua a intrigar é a dificuldade da mudança. Sempre que há uma escolha a fazer faz-se pela mais antiga, como é o caso das moradas, quando têm de decidir entre a mais antiga ou a mais recente, e quando se trata de modificações nos serviços, como é o caso da factura da net, após várias informações da minha parte, no sentido de mudarem a situação pré-existente. É desmoralizante… Será que a informação, dentro dos serviços, não fica registada ou não é passada? O que se pode fazer para mudar esta situação e evitar este problema? Talvez uma maior atenção seja o começo para a mudança no sentido certo…
Há pouco tempo, li uma notícia sobre a recuperação de casas, de traço e construção antigos, que estavam votadas ao completo abandono numa localidade onde só existiam dois habitantes, já idosos, que haviam resistido ao destino da partida. Uma empresa portuguesa, antecipando-se a outra inglesa, adquiriu aquela aldeia e reconstruiu as casas com fins turísticos. Aqui poderão adquirir-se casas de férias para portugueses e estrangeiros. As outras que não serão vendidas irão, ao que parece, ser exploradas como unidades turísticas. Até aqui conseguiu-se algo bom para aquela pequena localidade, esquecida no tempo e no espaço, a recuperação do património habitacional, e a sua repovoação, ainda que periódica, que dará vida àquelas paragens.
Este património que estava votado, até há pouco, a um desaparecimento total, uma vez que o ninguém ligava àquelas casas ou pensava sequer
No que à recuperação do património diz respeito, pode dizer-se que o objectivo foi atingido, agora, temos é de pensar, ao mesmo tempo, na repovoação e fixação das populações às localidades. Para isso, os projectos têm de ir mais além do património habitacional. Têm de ser acompanhados por um projecto de desenvolvimento da própria localidade. Não falo só da parte mais lógica que será o desenvolvimento agrícola, que tanta falta nos faz, mas de outros projectos que, a partir daquele, virão atrás. É só pôr a imaginação a funcionar. Há muito a fazer neste país, para além da parte económica, a que se dá tanta importância hoje em dia, há muito a fazer no que respeita ao conhecimento da flora e fauna locais, a preservação do património arqueológico… e muito mais. O resto virá, estou desconfiada, por si.
Fátima Nascimento
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