A medicina é um negócio lucrativo. Se assim não fosse, não haveria tantos interesses rodando a privatização de hospitais ou criando outros com este fim. Na localidade onde me encontro, não há hospital, só um centro de saúde sobrelotado. Há contudo um hospital, mas é privado. Só as pessoas utentes de cartões ligados a seguradoras poderão ter acesso a ele, mas pagando um custo bastante alto para ser consultado… e só. Quando lá fui, acompanhando um colega, percebi que tudo ali se pagava. É assustador, para quem não tem dinheiro. Na sala de espera, só umas inglesas idosas esperavam para ser consultadas. À saída só uma senhora portuguesa portadora da maior quantidade de cartões que alguma vez vi na vida, esperava impaciente. Sim, já se nota a diferença de cidadãos de primeira e de segunda. A saúde, ainda que privada, tem sempre clientes: os mais ricos. Uns quilómetros mais à frente, um centro de saúde com muitos clientes e pouco espaço para tanta gente e uma espera longa, com crianças misturadas com adultos. Uma senhora grávida, agitava-se aflita e quase desesperada com a espera a que estava destinada. Mas embora poucas e dadas as dificuldades, ainda temos uma forma de nos podermos socorrer em horas de aflição. Não podemos é deixar que acabe. Já que pagamos a saúde sob a forma de impostos, que tenhamos acesso a ela. Agora, temos é de exigir uma saúde proporcional ao que pagamos por ela. Sobretudo exigir transparência quando percebemos que a Segurança Social é alvo de buracos financeiros (e ao que parece não é só de agora) e exigir ser servidos como merecemos enquanto contribuintes. É para a saúde e bem-estar dos nossos compatriotas desempregados. E deve durar enquanto durar o desemprego. Não é culpa dos trabalhadores o desemprego, muitas vezes, é uma consequência da ganância de certos empresários que nada devem a este nome. A saúde e a segurança no desemprego é uma prioridade num país onde a pobreza grassa como uma doença contagiosa. Não nos podemos deixar iludir com cartões que não podemos pagar. A saúde, desde que descontamos para ela, é um direito que nos assiste. Deixar terminar a Segurança Social é terminar com o pouco que temos em troca do muito que damos. E nem sabemos para onde vai o nosso dinheiro descontado. Porque o dinheiro dos nossos descontos não é dos que o gerem, esses lidam com dinheiros que não lhes pertencem. Acho bem que não se esqueçam disso. Sempre podemos exigir prestação de contas. Uma que todos possamos compreender. E sempre há as queixas na polícia judiciária contra os “Toninhos”* deste país.
toninhos=vigaristas
Há dois tipos de escravidão – a física e a espiritual. A escravidão física não ficou enterrada na História. Ainda hoje existe. Assume só outros contornos. O fim é o mesmo – exploração do homem pelo homem perspectivando o mesmo objectivo – dinheiro. Procura-se o menor investimento para se obter o máximo lucro. Para já não falar na maldade, projectada na crueldade, que lhe está subjacente. Não sei se em tempos de crise será pior. Apesar das dificuldades alguns patrões não querem baixar o nível de vida? É possível… Mas quem o faz, fá-lo independentemente da época que atravessemos. Tem a ver com a natureza das pessoas. Isto mostra que o mundo avança no tempo mas muitos dos seres humanos ficam atracados no cais da mentalidade retrógrada, avançando com valores desajustados à felicidade do ser humano, só porque isso lhe justifica os meios para atingir os ambicionados fins. Por isso, ouvimos nas notícias casos de trabalhadores apanhados nos mais diversos esquemas macabros por esse mundo fora. Alguns já foram descobertos mas ainda deve haver muitos mais ainda encobertos. Depois, como se isto não fosse suficiente, há ainda outra vertente que pode reduzir igualmente à escravidão – voluntária ou involuntariamente. Um exemplo da primeira terá a ver com esquemas religiosos que passam o tempo a extorquir dinheiro às pessoas que neles acreditam com toda a alma, entregando-lhes grandes somas de dinheiro, em busca de do milagre que tarda e não virá. A escravidão involuntária terá a ver com aquilo a que chamamos magia negra. Terá a ver com algumas pessoas que percorrem voluntariamente quilómetros até conseguirem alguém que aceda a fazer mal a uma certa pessoa ou pessoas. Alguns não vão tão longe, têm a possibilidade de o fazerem eles próprios. São aquelas “coisas” que todos sabemos intimamente que existem mas que teimamos em insistir, em alta voz, que não acreditamos. Mas há histórias que testemunham a sua existência. Qual delas mais dolorosa que a outra. Lembro-me de uma que me marcou particularmente. Tratava-se de um rapaz, bom aluno, que entrou para a faculdade. Alguém na família não teve a mesma sorte. De um momento para o outro, o rapaz ficou fisicamente paralizado e reduzido ao espaço de uma cama. Era a mãe que o tratava. Deixou mesmo de falar. Nenhum médico pode ou se atreveu a ajudá-lo. Depois de desistirem da ajuda física, os pais voltaram-se para a espiritual. E não foi fácil. Depois de muitos falhanços, lá encontraram uma pessoa que a ajudou. Agora, e depois de muito trabalho, o rapaz já tem uma vida normal. O que não se compreende é a hipocrisia das pessoas, teimando em não reconhecer algo que é tão velho quanto o próprio mundo. Eu acho que é cobardia. Mas enquanto isso continuar a persistir, nada se resolve. Só faz com que as pessoas presas a esquemas destes, se sintam mais à vontade para levar a cabo os seus macabros planos. Não são estas que me preocupam, mas a boas pessoas que se calam. É nelas que reside o verdadeiro perigo. Esta ideia não é minha mas Martin Luther King servindo também para aqui. Entretanto, há que ter um pouco de fé. Deus é o Princípio e o Fim e o Durante, apesar dos percalços que a vida nos possa trazer, seja pela mão seja de quem for. É Nele que temos de nos focar. E que Ele nos ajude…
É incrível como as pessoas se afastam de si próprias, cada vez mais! À medida que avançamos no tempo, as pessoas disfarçam os odores naturais do corpo delas para os substituírem por outros que nada têm a ver com elas, por muito agradáveis que sejam e por muito que se possam identificar com a maneira de ser da pessoa. Não são elas e nada têm a ver com elas! O pior de tudo, é que elas exigem o mesmo das outras pessoas e, se elas não o fazem, já são vítimas de comentários depreciativos! Quanto aos ruídos naturais, resultantes do funcionamento do nosso corpo, são igualmente reprovados socialmente, por muito inocentes que sejam. Estas reacções não são mais do que regras sociais que as pessoas se limitaram a engolir sem as digerirem convenientemente. Logo, qualquer ruído ou cheiro proveniente do nosso corpo é muito mal aceite pelo próximo. Deparamo-nos com estas reacções e comentários diariamente, geralmente pronunciados por pessoas que vivem para reparar nesses pormenores. Depois, é nas crianças e adolescentes que é mais flagrante este tipo de atitudes, uma vez que eles não fazem mais do que copiar as atitudes das pessoas mais próximas que lhes servem de exemplo e lhes incutem essas mesmas regras, não lhes deixando espaço para reflectirem sobre tudo o que lhes ensinam. Mas há algo que me intriga… não aceitamos nada proveniente do nosso corpo, mas convivemos com cheiros nauseabundos de proveniência desconhecida, cheios de bactérias e outros microrganismos que provocam doenças que mesmo os médicos não conseguem identificar, limitando-se a um lacónico relatório clínico de “é uma virose”! Convivemos com ribeiros e rios poluídos, fumos negros e nauseabundos que invadem a privacidade das nossas casas, se colam às roupas ainda mal secas… e limitamo-nos a queixar no momento em que passamos por eles, para logo nos esquecermos do assunto. Todos nós convivemos com toda a forma de ruídos que nos provocam fadiga e doenças, e que acabamos por encarar da forma mais natural, acabando por os ignorar e habituarmo-nos a eles (e nada têm de natural), mas se o corpo faz um ruído é logo notado e comentado, como se de um acto imoral se tratasse! Se nós aceitamos tudo o que é exterior a nós, porque não fazemos o mesmo com o nosso corpo, aceitando-o como ele é, e consequentemente com o dos outros? Porque estranhamos tanto os outros? Não estou a dizer que devemos descuidar a limpeza, só me refiro ao supérfluo! O corpo tem de ser cuidado diariamente, mas não nos podemos esquecer que ele tem o seu próprio cheiro e ruídos naturais, que já nascem connosco e que morrerão connosco. E ninguém é melhor do que ninguém nesse aspecto! Somos todos iguais! Não se deveria repensar a atitude perante estes ruídos e estes cheiros naturais intrínsecos ao nosso corpo? Talvez assim não estranhássemos tanto o próximo...
O sistema nacional de saúde é o mais usado pela generalidade dos portugueses, por ser não só o mais barato mas também por ser o que está mais à mão. No entanto, ele está tão sobrecarregado que, por vezes funciona mal. Os problemas são, por demais conhecidos: falta de médicos que os leva a trabalhar horas seguidas sem descanso nas urgências dos hospitais e, depois, nos centros de saúde, centros de saúde que fecham as portas levando os utentes a deslocarem-se para locais mais afastados do local onde habitam, etc. Se olharmos também aos médicos de família que têm um número de utentes que ultrapassa a sua humana capacidade diária, o que leva muitos doentes a recorrerem ao hospital mais próximo… vemos, desde já, que o sistema nacional de saúde não funciona como deveria. Se juntarmos a isto as consequências que geram todos estes problemas, vemos que a saúde pública corre sérios riscos de adoecer de vez… Um amigo meu, cujo filho se queixava havia já algum tempo de dores no joelho, foi com ele ao hospital da sua região e, após lhe terem feito vários exames, ao que parece inconclusivos, atribuíram as dores ao crescimento do filho. Como se o crescimento normal e saudável fosse acompanhado de dores… Conformados com as explicações médicas, regressaram ambos a casa. Como as dores continuavam, ambos recorreram mais do que uma vez aos serviços daquele hospital, ouvindo sempre as mesmas explicações, que acabaram por não convencer o pai do rapaz que procurou uma alternativa na medicina privada. Acertou em cheio! Depois de alguns exames, o médico ortopedista deu com o problema e explicou ao pai que o rapaz tinha de ser operado o mais rapidamente possível. E foi o que aconteceu, e o que andou empatado durante anos resolveu-se em menos de dois meses… Este é um exemplo de muitos que acontecem por esse país fora. Alguns casos têm a felicidade de conhecer um fim feliz, como este que aconteceu com o filho do meu amigo, mas outros haverá que não conhecem este final feliz. Agora há que pensar, sistema nacional de saúde sim, mas um sistema nacional que funcione e, já agora, com muitos finais felizes!
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