Parece ser a sina dos professores! Não sei o que se passa nas outras profissões, mas nesta, o governo parece ter encontrado uma forma de diminuir a despesa pública, poupando na reforma destes. Depois de tudo o que já foi veiculado pelos diversos meios de comunicação social, a política seguida pelo governo parece não ter sofrido qualquer alteração, pelo que nada mais resta aos professores a não ser esperar que a morte os apanhe em pleno exercício das suas funções. Tenho uma colega que, depois de ter sido operada a um aneurisma, nunca mais ficou em condições de trabalhar. O ruído incomoda-a, sofre de fobia a multidões, demora imenso tempo a realizar um simples trabalho intelectual, que antes fazia com imensa facilidade, para já não falar no problema com a reacção adversa a certos medicamentos… Tem sido sempre seguida pela Junta Médica de Lisboa, que sempre atestou a sua incapacidade para o trabalho. Ora, vendo que o problema se mantém, e não havendo solução para o mesmo, ela solicitou a reforma por invalidez. Num contacto recente, havido com o M. E., foi informada de que a Caixa Nacional de Pensões está a dificultar a vida a quem pretende sair do ensino, por problemas de saúde. Foi também informada que terá de trabalhar, pelo menos 31 dias, (uma vez que está já há um ano com baixa médica), após a próxima avaliação médica, e independentemente da posição desta, ou entrará forçosamente em licença sem vencimento. A docente fez questão em explicar minuciosamente a gravidade da sua situação mas de lá foram categóricos quando afirmaram que não haveria volta a dar à sua situação. Não sei o que estarão a pensar os que assim decidiram a vida das pessoas, mas de certeza que não estão a tentar resolver o problema delas, estando antes a complicá-lo. Quando chegamos a este ponto, onde a sensibilidade falta e é substituída por um outro sentimento que nada tem a ver com a pessoa mas com interesses alheios a ela, percebemos que nada mais resta esperar de um organismo que, ao contrário do que haveria de fazer - proteger as pessoas – atira-as antes para um labirinto laboral do qual não sabem se sairão vivas. Uma das soluções que me ocorre, e que já defendi antes, é fazer-lhes o mesmo que eles nos fazem – dividi-los e perceber quem são os responsáveis pela tomada de tal decisão e mover-lhes um processo por ela. Não é o estado, são as pessoas que ignoram relatórios médicos sérios, em nome de políticas ditadas por mentes mesquinhas. Enviar pessoas doentes para o trabalho? Onde já se viu isto? Que espécie de governantes temos nós? Eu não me revejo neles… em nenhum deles!
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