Hoje, de manhã, quando entrei nas instalações da associação empresarial onde estou a tirar um curso, nível cinco, para desempregados, deparei-me, antes de subir para a sala, com uma situação insólita e algo caricata. Ao passar em frente do bar/café, reparei que, em cima de uma das mesas, se encontrava um guardanapo cor-de-rosa escuro servindo de embrulho a um… caroço de pêra. Como o bar/café pratica uns preços altos para quem está desempregado, muitas das pessoas que estão a frequentar os vários cursos, leva uma merenda para ingerir nos intervalos dos mesmos. À falta de um sítio onde se possam sentar, reúnem-se, frente ao bar, à volta das mesas do café. Para os senhores que lá trabalham, e que muito gentilmente cedem as mesas e as cadeiras aos ocupantes, não é nada de novo mas, desta vez, parecem ter-se zangado mesmo. Embora nunca tenha visto as mesas com restos de comida ou outros ou outros resíduos, a verdade é que alguém se esqueceu, da peça de fruta meio comida, em cima da mesa. Não sei se terá sido descuido ou desleixo, embora me incline mais para aquela razão, mas a verdade é que alguém decidiu que não haveria de retirar a peça de fruta de cima da mesa. Então, em cima da mesa, sob aquele improvisado embrulho cor-de-rosa, de onde espreitavam os restos da abandonada pêra de um esplêndido verde, aparecia uma folha de papel A4, da qual se desprendiam umas negras letras garrafais que ocupavam praticamente a folha toda com a curta frase “Procura-se o dono”. Não sei se o autor da frase já estava saturado deste tipo de situações, mas tudo leva a crer que estava zangado e não se sentia no dever de retirar os vestígios da improvisada e frugal merenda dali. A verdade é que nós, portugueses, somos muito descuidados com este tipo de situações. Parece que não conhecemos os caixotes do lixo, e eles, muitas vezes, nem estão muito longe, mas colocar o que já não tem utilidade no lixo, não parece ser uma tarefa que nos diga respeita, mas é, e aquele papel chamava precisamente a atenção dos que ali passavam para esse tipo de situações, no sentido de as prevenir. É desagradável para quem lá trabalha e para quem lá passa também. Parece que ainda não aprendemos a simples lição de que devemos deixar os locais como os encontramos, antes de situações destas acontecerem, – limpos!
Há uns dias atrás, não muitos, tive de realizar uma transferência bancária numa caixa Multibanco. Qual não é a minha surpresa, quando, ao receber o talão, verifico que ele estava impresso naquela tinta lilás, que, ainda por cima, era muito clara. Para qualquer normal olho humano, olha-se e vê-se perfeitamente bem o que lá está impresso, o pior é quando se tem de fotocopiar o dito talão. Não há cópia possível! Toda a espécie de cópia que se pretenda fazer sai… imperceptível. Pode-se dizer que as letras e números, constantes desse talão, (porque elas estão lá!), não se percebem em todas as tentativas de cópia realizadas por mim ou por outras pessoas, já mais acostumadas, e por isso mesmo mais hábeis nesta questão das cópias. Como já se vem falando do problema que constitui esta tinta, e os problemas que colocam às pessoas que utilizam as caixas de Multibanco como meio de pagamento (e são muitas!), julguei que o problema estava já solucionado, e que não haveria mais caixas Multibanco com tal tinta. (Devo acrescentar que, todos os semelhantes talões coleccionados, desde há alguns anos, e que constituem prova de pagamento das diversas facturas que chegaram até mim, já não estão legíveis. Olha-se para elas e vê-se um exíguo papel… em branco!) Esta situação colocou-me numa posição difícil. Como tinha de enviar a fotocópia, ela lá foi, ainda que de qualidade péssima. Agora, não estou livre de apuros. Posso, a qualquer momento, ser chamada à atenção para uma situação à qual sou totalmente alheia, pois, por minha vontade, essa tinta já teria sido erradicada de todas as caixas Multibanco. Posso ver-me obrigada, (e muito justamente, devo acrescentar), a ter de me deslocar à empresa, para mostrar o talão às pessoas que não conseguem ler a cópia. (E tenho de o levar quanto antes, prevenindo a hipótese de o original perder a pouca tinta que tem.) Mas, como para tudo há solução, o que eu posso fazer é deslocar-me lá, caso seja necessário, mostrar-lhes a prova do pagamento, que é o claro talão, para eles comprovarem a realização do pagamento. Poderão até ficar com ele, desde que me passem uma declaração, assinada, em como receberam o talão, em mão, como comprovativo da tal transferência. O que me aborrece sinceramente, não é já o dinheiro que vou ter de gastar com a deslocação, e todos sabemos como os bilhetes dos transportes públicos estão caros, mas a constatação de que, por muito que se fale ou proteste, as situações parecem não mudar… sejam quais forem as razões, e uma delas é fácil de perceber – é sempre a população que perde com este tipo de situações.
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