opiniões sobre tudo e sobre nada...

Quarta-feira, 7 de Janeiro de 2009
O valor relativo dos prémios

Sempre afirmei que a importância que se dá a algo, independentemente do que seja, não vale por si própria, mas pelo valor que lhe é dado. Veja-se, por exemplo, o valor dos metais preciosos que, para a cultura ocidental, tem imensa importância, ou veja-se a importância que tem para um indígena de uma tribo brasileira, ainda não contagiada pela cultura dita mais desenvolvida. Tudo é relativo. Será esta uma verdade aplicável a tudo? Há, na nossa vida como seres humanos, certos aspectos vitais, sem os quais não poderemos viver e não precisamos muito de pensar para sabermos quais são. A importância deles é enorme, uma vez que são essenciais à nossa sobrevivência, enquanto espécie. O resto tudo é relativo e são as pessoas que lhes dão essa importância, ou não.

Para mim, a maior recompensa para quem escreve, é sem dúvida a atenção e o prazer que a sua obra pode suscitar no público leitor. É talvez o maior prémio – o reconhecimento público. Todo o autor tem um sonho – ser lido. E cada livro tem o seu perfil de leitor. Por isso, cada leitor aprecia mais umas obras do que outras. E todos somos, antes de mais, leitores. E ser-se leitor é apreciar-se aquilo que se lê e emitir uma opinião que pode ser mais ou menos profunda – pode ir de um simples “gosto” ou “não gosto” às considerações extensas tecidas sobre a obra que se leu. Mas a obra que não me convenceu, pode convencer outras pessoas. Já li obras premiadas que não me convenceram assim como li outras que me apaixonaram e vice-versa. Já me aconteceu também ler obras cujas críticas me chamaram a atenção, e cansar-me a meio. Poderemos daqui deduzir algo sobre o valor da obra? A meu ver não… Tem a ver, sobretudo, com o leitor. Então como poderemos encarar os prémios? Se pensarmos bem, qualquer prémio é atribuído por um júri, que conta, muitas vezes, com meia dúzia de pessoas “abalizadas” que, mediante certos critérios, se pronunciam pela escolha de um autor. Como leitores, têm a sua palavra a dar, e nada mais. Há que respeitar as suas escolhas, quer nós concordemos ou não com elas. O que é bom para eles, pode não ser para outros. Paciência. Se as pessoas que escolheram fossem outras, a escolha premiada seria a mesma? Isso não interessa. É a opinião deles. Há que respeitar. A literatura não pertence a meia dúzia de “entendidos” no assunto, mas também ao público em geral, que tem sempre a última palavra. Todos somos apreciadores, todos fazemos as nossas escolhas, com ou sem prémios. Não será a escolha anónima, que leva à compra de uma obra, um prémio já?

 

Fátima Nascimento

 



publicado por fatimanascimento às 19:18
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Terça-feira, 2 de Setembro de 2008
Estilo

Antes de mais, devo dizer que entendo o estilo como uma forma particular de utilizar a língua, o que diz respeito a cada um. Depois, a língua foi criada foi criada para servir o homem e não o contrário. Aliás, foi o próprio homem que a criou para o servir na difícil arte de comunicar e, no vasto oceano que ela é, cada um tem a sua maneira de se exprimir, isto é, o seu estilo. Na escrita passa-se o mesmo. E a literatura não é, também, excepção.

Há já algum tempo atrás, tive a oportunidade de passar os olhos por uma entrevista realizada a um autor português muito conhecido que conheceu o sucesso, nacional e internacional, que se traduziu num volume de vendas considerável, o que me enche de orgulho, e, desde já, desejo-lhe a continuação. Segui a entrevista com muito interesse, dando igual importância às perguntas e às respostas, como sempre faço. A determinada altura, deparo-me com uma questão que me deixou perplexa. O jornalista perguntava ao autor o que pensava de determinadas críticas que colocavam em dúvida a qualidade literária do seu estilo. Deve ser a pior questão que se pode colocar a um autor. Para mim, só há duas posições a tomar perante o estilo dos autores: ou se gosta ou não se gosta. E é tudo. Depois a linguagem literária não é, a meu ver, unívoca mas plurívoca. Ninguém pode obrigar ninguém, nem deve, a escrever como qualquer outro autor cujo mérito é reconhecido por uma determinada classe cultural. O estilo é pessoal e, como tal, nunca poderá ser posto em questão. Cada um deve encontrar, no universo literário, a sua voz. Esta tem de ser genuína ou não chegará até ao leitor. Uma crítica destas só passa pela cabeça de pessoas paradas no tempo, com uma visão estreita da literatura, o que não deixa de me suscitar, ao mesmo tempo, uma certa compaixão e repulsa. Só o atrevimento de se pôr em causa a escrita do autor em causa, provoca-me arrepios. Revela uma pretensão enorme, da parte de quem critica. Penso que se tocou num terreno privado onde ninguém se deve pronunciar, mas limitar-se, unicamente a apreciar. Nem que seja por uma questão de respeito. Eu, e a respeito do estilo deste autor, devo dizer que não só gosto como respeito ou não teria comprado os seus livros. Depois, a batalha está ganha, se se olhar ao volume de vendas, o que mostra que o escritor encontrou muitos leitores que se revêem no seu estilo. E é isto que é importante. Ou não serão os leitores que dão a importância ao escritor? Ninguém tem valor até que alguém lho dê. Eles são o maior e o melhor prémio que um escritor poder ter. Este escritor conseguiu-o. Parabéns!

 



publicado por fatimanascimento às 10:53
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