opiniões sobre tudo e sobre nada...
Hoje, dia 2 de Agosto de 2007, é um dia decisivo na minha carreira como professora – acabo de pedir a minha demissão. Entreguei, esta manhã, o requerimento que vai acabar com o que seriam quase vinte anos (faria 20 anos em Setembro de 2008) de carreira como professora do Ensino Básico e Secundário (é claro, que se forem a descontar os dias de baixa por doença, como o fazem para efeitos de concurso, são menos!). Mas, foi nos finais de Setembro de 1988, que me apresentei, pela primeira vez, numa escola. A experiência, no seu geral, salvas algumas excepções, foi positiva. O que me levou a tomar tal iniciativa? A desilusão. Eu conto. Este ano lectivo foi particularmente difícil para mim, muitos problemas pessoais, uma turma mais difícil que exigiu maior atenção, o cansaço acumulado de outros anos, a mudança de escola, constituíram um stress que me levou ao limite das minhas forças anímicas, isto é, cheguei ao final arrasada, e com todos os sintomas aliados: confusões, perda de memória, dores de cabeça, etc.. Dado o meu estado fisico, tinha intenções de marcar as minhas férias a partir de 16 de Julho. Ao que parece, só o poderia fazer a partir de 18 (lembro-me, agora que falei com o responsável) porque tinha exames até 16, inclusivé. Continuei a trabalhar, sabendo que não me sentia bem, mas tentando resistir. Até que um dia, ao retirar notas do placard onde se encontrava o serviço de exames, parecia que a mensagem não me entrava na cabeça, era como se um bloqueio invisível impedisse que a mensagem entrasse. Risquei algumas notas já rabiscadas e emendei-as. Tinha serviço de exames tal dia (já não me lembro qual!). Fui para casa descansada. Tudo parecia estar em ordem. Na véspera, consultei a minha agenda e a hora a que me devia apresentar na escola. E assim foi. Quando lá cheguei, o exame estava a terminar. Entrei em pânico. Não compreendia nada. Até que, depois de muito comparar as notas, cheguei à conclusão de que fizera confusão. Dirigi-me imediatamente ao Conselho Executivo da escola e expliquei o que se passava. Toda eu tremia. O pânico tomara conta de mim. Ao chegar à cidade onde moro, fui imediatamente ao Centro de Saúde, à consulta de recurso, (já não tenho médico de família, desde que a minha médica, se reformou). Expliquei a situação à médica e ela diagnosticou-me uma exaustão. Precisava de descansar. Ainda tinha alguns serviços de exame agendados e passaram-me os atestados sempre que tal acontecia. O meu maior receio, nos exames, era fazer confusão e que, para além de me prejudicar a mim, o meu pânico era prejudicar os alunos, que nada tinham a ver com os meus problemas de saúde. Acontece que, hoje de manhã, dia 02 de Agosto de 2007, recebi um telefonema da escola, dizendo que tinha uma falta injustificada do dia 16 de Julho e que, se não a justificasse, passaria a ter uma falta injustificada. As minhas confusões e perdas de memória haviam-me traído. Esquecera-me completamente desse serviço de exame. Agora, após 17 dias a contar do dia da falta, onde iria arranjar um atestado médico? Mesmo que, no processo, esteja tudo bem explicado, (não houve um médico que me seguisse, mas vários), como iria o médico fazer para me passar um atestado, com 17 dias de atraso em relação ao dia da falta? Foi a primeira vez na vida que tal me sucedeu. Nunca tive tais problemas, nem mesmo quando eu sofri uma outra exaustão aqui há uns anos. Ora, esta profissão exige muito não só física como também intelectualmente e, sobretudo, a nível psicológico. E isto acontece quando uma pessoa se dedica inteiramente ao que faz. Agora, eu pergunto, vale a pena continuar numa profissão onde só conta o trabalho e não as pessoas? Eu, decididamente, não quero. Já dei muito ao ensino, para levar uma bofetada destas... e, agora, vou descansar a minha cabeça, que me dói imenso.