Já lá vão… quantos anos? Mais de cinquenta… para aquela população subjugada à força por uma vontade férrea que nada mais vê do que os seus interesses materiais naquele minúsculo país, deve parecer mais. Mais uma vez interesses económicos estão por trás de um movimento expansionista, para o qual não se vê fim a curto, médio ou longo prazo. A única resistência continua a pertencer a um povo fiel ao seu ideal de independência que desafia constantemente a autoridade imposta arriscando a sua vida. Eles manifestam-se para que o mundo à sua volta os oiça e reaja. Muitas pessoas fazem-nos chegar notícias de distúrbios acompanhadas de fotos que fazem surgir à margem da rigorosa vigilância das autoridades chinesas. As imagens mostram que, apesar da dura repressão, os tibetanos continuam a manifestar a sua vontade na rua, alheios ao que lhes possa acontecer. O que mais me entristece é ver tanta coragem debater-se contra a indiferença mundial. É ver como países com ambições expansionistas ainda se movem livremente sem qualquer tipo de sanção da parte dos outros. Não sei o que podem os outros países ganhar com tal atitude de indiferença face à presença chinesa no Tibete. O que a História já nos mostrou é que a aparente neutralidade perante uma semelhante manifestação expansionista nunca favoreceu ninguém nem nada, nem mesmo a paz. Depois, a manifestação de alguns países não chega, terá de ser uma força conjunta de vários países capazes de empurrar a força chinesa para dentro das suas fronteiras. Uma manifestação expansionista desta ordem não favorece ninguém a não ser os interesses da actual China. Não vamos ser ingénuos a ponto de pensar que uma mudança política poderá desviar o interesse económico da China do Tibete. A tendência, já se passou o mesmo com a Alemanha nazi, é de aumentar a procura de matérias-primas para alimentar uma poderosa indústria
Lia, um dia destes, uma curiosa e interessante entrevista ao escritor espanhol Juan Manuel Prada, aquando do lançamento do seu último romance “O Sétimo Véu”. Esta seria mais uma entrevista normal, se não fossem algumas passagens interessantes que me fizeram pensar. O enredo do seu romance, segundo as suas palavras, passa-se durante a Segunda guerra Mundial, e faz uma incursão pela ocupação e consequente Resistência francesa. Uma das passagens interessantes desta entrevista tem a ver com toda a investigação realizada pelo autor sobre aquela época em que ele fala das dificuldades encontradas. Diz o autor, e passo a citar, que “…enquanto me documentava sobre a época, dei-me conta de que muitas das noções históricas que temos estavam mitificadas, falsificadas. Por exemplo, temos uma noção romantizada da Resistência francesa. E o livro converteu-se em algo mais: numa reflexão sobre o heroísmo, a memória, a identidade. Num discurso sobre a dificuldade de avaliar o passado e enfrentar a verdade. Creio que as nações europeias tenderam a mitificar ou idealizar o seu passado.” Mais à frente acrescenta que “A escritora russa judia Irene Némirovski contou,
Mais do que as minhas reflexões, esta entrevista é toda ela muito importante pelas questões que deixa no ar, (e todos nós que saboreamos a História, não nos limitando a engoli-la, já demos por alguns factos que não estão explicados, isto é, cujas causas se desconhecem. Por exemplo, como é que a França, no final dos anos 30, e com o armamento já desenvolvido, ainda confiava na Linha Maginot? E nós apercebemo-nos dessa lacuna).
Já não é a primeira vez que leio uma apreciação destas. Um índio norte-americano falava da nossa história como uma versão da mesma e não a verídica. Há muitos autores que defendem que a História não é mais do que a versão dos vencedores. Assim sendo, a História não poderá ser considerada uma ciência pela falta de rigor. Assim sendo, corremos muitos riscos… E a quem interessará esta História mutilada, mascarada? Não aos povos, não às nações… nem favorece a própria História. O que é a História? Ela não é mais do que a memória dos povos, não a memória conjunta mas a soma das memórias individuais. As memórias das suas vivências boas e más. Tudo tem de ser estudado sem excepção, não há que ter medos ou vergonhas, há que enfrentar esses momentos maus, pensar sobre eles e aprender com os mesmos. Só assim a Humanidade avança verdadeiramente! Só a verdade contribui para o engrandecimento do Homem e das Nações. E a França é uma grande nação e a Verdade só poderá contribuir para a engrandecer ainda mais. E há que engrandecer a própria História, enquanto ciência, numa era como a que vivemos em que há pessoas que afirmam, (não sei em que é que se baseiam) que certos aspectos da História não aconteceram, que são mentira. Agora, mais do que nunca, é preciso estudar tudo a fundo e trazer tudo a lume, para que, no futuro, essa Verdade não venha a ser mal utilizada ou sequer questionada. Porque, ao contrário daquilo que se pensa, poder-se-á esconder a Verdade por muito tempo, mas não para sempre. A verdade acaba sempre por triunfar e que com ela triunfe a verdade. É para isso que serve a Literatura também – para abrir caminhos que ainda não se teve coragem de encetar. Quando a França, de uma forma mais serena, puder avaliar as suas feridas e trazê-las à luz do sol, a História da Humanidade trará um grande contributo não só à História do seu País mas também à da Humanidade.
Há algum corajoso que se queira aventurar a estudar, de forma isenta, este campo ainda mal explorado em França?
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