E não é de qualquer um. Afinal, estes senhores estavam acima de todos eles, controlando-os com mão de ferro que era visível no quotidiano da população. Enquanto as famílias controlam todas as riquezas nacionais mantendo-a nas mãos de meia dúzia de privilegiados, a população, a maioria das pessoas que habitam aqueles solos, não conheciam mais do que a miséria e o desemprego. Para se arranjarem empregos, é necessário cativar companhias estrangeiras aliciando-as para o investimento naqueles países ou então criar as suas próprias empresas já que a mão-de-obra especializada não lhes falta. Ora a mentalidade parece não ajudar. O dinheiro exerce um poder incompreensível sobre as pessoas, sobretudo estes ditadores. Como é possível olharem aos seus próprios interesses alienando o da população do seu país? Como é possível que, para defenderem os seus próprios interesses e o necessário poder, não se importem de matar a sua própria população que é apelidada de imensas designações - nenhuma delas bonita de se ouvir - só para mostrar só para tentar desesperadamente tentar ganhar adeptos para sua causa e assim tentar enganar o povo? Parece mais uma tentativa desesperada de alguém que procura manter-se a todo o custo no poder apesar do povo já não o reconhecer como dirigente. Não sei porque recusa a saída do país. Afinal, todos os bancos senão alguns deles, provavelmente instalados fora do país, têm contas volumosas que lhes dá para viverem bem, até ao fim dos seus dias. Será apenas o golpe da vaidade e da maldade de uma pessoa que, depois de tantos anos de poder já perdeu a noção do que é viver uma vida normal onde apenas o dinheiro ainda lhe faz a diferença social entre os demais? Será o vício do poder? Alguns outros, assim que começaram as revoltas, rechearam os seus aviões particulares com toda a espécie de riquezas e deixaram o país! Por que não o faz ele? O que tem a esconder? Afinal, todos os ditadores têm. Veja-se o exemplo de Franco e de Pinochet ou Salazar só para nomear alguns. Talvez estas questões, embora importantes, não sejam tão críticas quanto à sorte do povo líbio. Poderemos e deveremos manter-nos alheios ao perigo que aquele povo enfrenta sozinho? Não teremos nós a responsabilidade do que lhes pode suceder? Afinal, estão entregues a si próprios e ninguém sabe ao certo o que pode acontecer. O que cada ditador deve fazer, ou qualquer outro dirigente cujos interesses já não se coadunam com os de um povo, é demitir-se. O poder não é eterno. Só as monarquias são ainda vitalícias e sucessórias. Mas até os reis morrem… tudo é só uma passagem. Se pensassem assim, talvez ninguém pudesse jamais cometer as atrocidades a que se dedicaram. Mas a ganância pode ser ainda mais desmedida e cega: lembram-se da história daquela dama francesa que celebrizou esta triste frase “Mais vale rainha por um dia do que duquesa toda a vida”? Depois, há que responsabilizar política, social, económica e judicialmente todos aqueles cuja ganância de poder e outras causas levou ao assassinato de pessoas. Têm de ser responsabilizados. Ou então nunca no livraremos de ditadores ou políticos corruptos. Quem é que dizia que há mais ditaduras que democracias no mundo? Não me lembro. Mas dá para fazer uma ideia do que pode acontecer se não forem responsabilizados.
Há uns anos atrás, presenciei um caso que me chocou, numa reportagem televisiva. Haviam chegado aos EUA, os corpos de não sei quantos jovens mortos, já não me lembro onde. Vi a dor profunda e avassaladora estampada no rosto daqueles pais, como se lhes tivessem arrancado um órgão vital do seu corpo. Nunca esqueci aquelas imagens. A revolta de alguns pais inconformados com a perda dos filhos e os comentários pertinentes que foram, na altura, realizados pelos manifestantes, que ocupavam as imediações da local da cerimónia, empunhando cartazes. A população americana é, ainda hoje, um dos principais alvos deste tipo de perdas, devido ainda à política externa dos EUA.
Hoje, tudo isto regressou de forma violenta ao meu espírito, devido ao anúncio do regresso a casa dos soldados mortos, durante uma batalha (das muitas que tiveram lugar na Guiné), há muitos anos atrás, e cuja vala comum foi descoberta há pouco tempo, por um grupo de portugueses que se deslocou àquele país. É com uma grande emoção que presto homenagem àqueles jovens que, ao serviço de um governo despótico e ganancioso, perderam a vida; quero manifestar também o meu repúdio por aquele governo, que enviou aqueles e outros jovens, numa tentativa de subjugar aquele povo africano, inculcando-lhes a ideia de estarem a servir a pátria. Todas as pessoas que saibam usar a cabeça, percebem que, toda a intervenção dos nossos soldados fora das nossas fronteiras, nada tem a ver com os interesses dos portugueses, talvez até lutem contra os interesses deles, se olharmos ao esforço financeiro que isso implica na vida de cada cidadão, que luta, no dia-a-dia, pela sua magra subsistência, e que, para além disso, paga os impostos que são gastos nelas. Foi o que aconteceu no passado, é o que acontece presentemente e o que acontecerá, provavelmente, no futuro, uma vez que isto é um problema a nível mundial e não local. A população dos EUA está, neste momento, a par com outros países que se aliaram à política externa deles, a pagar a alta factura em termos de perdas de vida, para já não falar do dinheiro dos contribuintes, pagando muitos destes duplamente esta factura. A questão é: vale a pena fazer a guerra em países distantes, sob que pretexto for?
Eu, particularmente, não quero o meu filho envolvido em guerras a defender interesses particulares… quem os quer defender, pegue em armas e vá defender aquilo que quer para si, e não transforme esses interesses pessoais em pretensos interesses nacionais! Mas estes sabem que, enquanto houver pessoas dispostas a pagar, há sempre outras dispostas a matar! Pelo menos, que não enganem os jovens… embrulhando as verdadeiras razões num papel bonito, como se de um presente se tratasse! Que digam aqueles que se bateram em guerras e, ainda hoje, sofrem as consequências delas… tanto físicas como psicológicas.
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