Um dia destes fiquei sem carro. Teve de ir à oficina preparar-se para mais uma inspecção. Levei-o perto da hora do almoço e, como aquela estivesse cheia de carros, tive de o deixar lá, durante toda a tarde. O dono da oficina, que vinha almoçar a casa, deu-nos boleia, a mim e a outra senhora, cujo carro também teve de lá ficar. Pedi que me deixasse perto da escola, onde anda a minha filha mais nova. Um vento frio e violento corria pelas ruas desprotegidas. Fiz o resto do percurso a pé, aconchegando-me no casaco fino. Como ainda faltavam alguns minutos, refugiei-me no café que abrira recentemente e cuja dona é mãe de uma das pequenitas da sala da minha filha. Estivemos à conversa até à hora do toque. Dirigimo-nos ao portão, temendo pela falta de agasalho que muitas vezes os caracteriza, até nos dias frios. A minha filha vinha de mochila às costas e casaco na mão. Insisti para que vestisse o casaco. Deu-me a mão, naquele gesto infantil, à qual já me havia desabituado com os irmãos. Tomámos o caminho de casa da avó. Íamos lá almoçar. Durante o trajecto, fez-me queixas. Já há algum tempo que me vinha fazendo queixas de um menino que bate a todos menos a um. Estava a pedir-me conselhos indirectamente. Fui-lhe dando alguns, à medida que caminhávamos. E se ela conversasse com ele? Se lhe dissesse que queria ser amiga dele, mas que não podia porque ele teimava em bater-lhe sempre que estava junto dela e lhe mostrasse que o mesmo acontecia aos outros meninos? “Não!”-respondeu, horrorizada. “Assim, ele bate-me!” Perguntei-lhe se já se interrogara porque é que ele não batia no outro menino. Ela acenou negativamente. Não seria porque ele era o único que não mostrava medo dele? Ficou pensativa. Percorremos o resto do caminho
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