opiniões sobre tudo e sobre nada...

Quinta-feira, 8 de Outubro de 2009
Liberdade

Liberdade, para mim, é como respirar. Não consigo conceber existência sem liberdade. É como imaginar o mundo sem água ou ar. E, tal como estes elementos, é também bastante frágil. Chego mesmo a interrogar-me se ele não existirá só, na sua pura essência, em conceito. Quando falamos dela utilizamos este conceito mais no contexto político. É normal. Afinal, vivemos bastantes anos debaixo de uma ditadura férrea onde liberdade era uma simples miragem para os entendidos e os menos entendidos em questões filosóficas, sociais e políticas. Vivia-se sob um terror de se ser denunciado por uma palavra mal medida e que poderia ser mal interpretada. As conversas não ultrapassavam os temas banais. Com o vinte e cinco de Abril, a situação modificou. Todos puderam falar abertamente e transmitir o que sentiam e pensavam. A partir dessa data, tudo foi diferente. Agora vivemos em liberdade. Pelo menos, numa suposta liberdade. Isto é, ela está defendida na Constituição como um direito adquirido, uma vez que liberdade é sinónimo de democracia e vice-versa. O que se passa no dia-a-dia prova que nem sempre o que está escrito está vivo. Se por um lado há meios de comunicação da chamada imprensa cor de rosa que muitas vezes força alguns títulos só para vender, e nada de mal lhes acontece, a não ser a saturação das vítimas que, muitas vezes, não vêem outra saída senão processar as revistas em causa. Outros há que, ao realizarem um trabalho de investigação, são impedidos de os divulgar, mesmo estando conscientes das possíveis retaliações. Estou a falar do último caso passado na TVI. Refiro-me, em particular, àquela reportagem da autoria da Manuela Moura Guedes e de dois companheiros seus que foi proibida de passar no telejornal daquela empresa e que comprometia o primeiro-ministro. Este acontecimento não abona nada em favor deste último. Era ele quem mais tinha a perder com a divulgação deste vídeo que agora se encontra limitado à consulta na internet, conservando-se assim longe da maioria dos portugueses (dos votos). O nosso povo acredita que “quem não deve, não teme”. Se o nosso primeiro-ministro não teme, como já teve ocasião de dar a conhecer, por que é que alguém se julgaria no dever ou no direito de impedir a divulgação daquela reportagem? Em que critérios se terá baseado? Mas não é só isso que mais me intriga é o silêncio da própria classe política que nada diz a esse respeito. Será que fariam o mesmo se estivessem numa situação parecida? Não será esta atitude grave? Não é a liberdade um direito? Será que o mesmo se passa numa outra estação de televisão? Então, onde está a liberdade? Ou será a classe política intocável? Ou, pior ainda, ocupará a liberdade um lugar de segundo plano nos debates ideológicos entre partidos em relação à economia e outros assuntos? Será a liberdade um dado tão adquirido que não valha a pena pensar nela de vez em quando? Todos nós cometemos erros e a consequência natural é pagarmos por eles. Acredito mais numa pessoa que, apesar do possível erro, assume e deixa os acontecimentos correrem apesar dos riscos, do que aqueles que tentam evitar a todo o custo manchar a sua imagem, mesmo que para tal tenham de invadir a liberdade do próximo.



publicado por fatimanascimento às 14:40
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Sábado, 14 de Março de 2009
A leitura dos jornais

Há muito que deixei de ler a imprensa escrita, principalmente jornais. Não suportava as más notícias que abriam continuamente a primeira página, em letras garrafais, quanto mais as outras. Vivia numa espécie de reclusão voluntária, ouvindo somente, durante a longa viagem, ocasionalmente as notícias da rádio, que passam de hora a hora. Ficava satisfeita. Nada mais me interessava, só o essencial. Protegia-me, deste modo, da angústia que me causava a leitura, sempre com as notícias que denunciavam os graves problemas os humanos existentes no mundo, a todos os níveis. Há pouco, e devido aos incentivos criados pela mesma, (aquisição de livros a preço imbatível e oferta de dvd na compra dos jornais) recomecei a ler, devagar, escolhendo cautelosamente os artigos, entrevistas, reportagens… muitas delas com grande interesse, como não poderia deixar de ser, que levantavam questões sociais muito pertinentes. O entusiasmo regressou. (Os incentivos resultaram!) Sempre que leio é como se a simples leitura ajudasse a resolver positivamente esses problemas. Mas não é assim. O facto de a imprensa nos alertar para os factos, não faz de nós participantes directos na mudança, o que faz com que essas denúncias e o risco de vida que elas acarretam, para os jornalistas que as denunciam, um trabalho vão, uma vez que, dentro de pouco tempo, elas serão esquecidas. Será indiferença? Talvez… talvez as pessoas se estejam a defender como eu o fiz. Acho que existe aquele sentimento angustiante que leva a pensar que, apesar de todo o excelente trabalho realizado, o mundo continuará na mesma. É isto que angustia as pessoas e as faz desligar-se do que se passa à sua volta, não é a leitura dessas notícias (apesar de estarem fartas) é a sensação de que nada mudará e que tudo, de uma forma ou de outra, está perdido. Esta indiferença é uma forma de morte. É certo que as notícias se discutem nos cafés, nos cabeleireiros, mas raramente passam daí. Então o que se pode fazer? Exigir dos órgãos governamentais acção nesse sentido. Afinal, se eles foram eleitos, que se mostrem minimamente dignos do povo que representam e se esforcem por colocar em prática as suas aspirações mais legítimas. Sobretudo, as questões sociais têm de nos preocupar e devemos bater-nos por ajudar a encontrar soluções, que são o maior problema, uma vez que são estas que mais fazem falta e as que escasseiam. O aspecto social diz respeito a todos e não só a alguns. Talvez, como povo, precisemos de ser mais unidos para começar a actuar como tal. E se as notícias envolverem membros do governo ou outras personalidades directamente ligadas a cargos, aquelas que deveriam proteger os nossos interesses mais imediatos? (Estou a falar daqueles que deveriam, por exemplo, proteger o dinheiro dos depositantes que neles confiam, e que acabam por lesar, mostrando não ser dignos do cargo ocupado?) O que não podemos, nunca, sob pena de todos pagarmos por isso, é voltar as costas e mostrar indiferença, ainda que esta seja falsa. Há que lutar por um mundo melhor. Todos merecemos isso… E, depois, se alguns arriscam a vida, que direito temos nós de ignorar o seu esforço? Isto, partindo do princípio que as notícias chegam todas, sem excepção, até nós e não ficam retidas algures seja lá porque motivo for.



publicado por fatimanascimento às 08:13
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Terça-feira, 3 de Junho de 2008
As “figuras públicas” e a informação

 

Várias figuras públicas, de várias classes sociais, culturais, desportivas, etc. queixam-se continuamente do mesmo – do assédio mediático às suas vidas privadas, para já não falar das mentiras acerca delas que, muitas vezes, são impingidas aos leitores. As denominadas “figuras públicas” conquistaram o estatuto e o conforto financeiro que a maioria dos portugueses não tem e ambiciona. Daí a curiosidade de saber como é que as pessoas com dinheiro e fama vivem, não se interessando minimamente se essa curiosidade acaba por prejudicar a vida das suas “figuras públicas”. Estas revistas acabam por ser uma fuga aos problemas e à rotina quotidiana daqueles que fielmente as lêem. O problema não está só nos leitores nem na sua curiosidade que acabam sempre por ser a causa do cansaço dessas “figuras públicas”, que quase nem podem sair à rua, sem serem importunados por fotógrafos. O problema é ainda mais grave e reside também no tipo de jornalismo que se faz. Há bom e mau em tudo e também a imprensa “cor-de-rosa” não é alheia a esse fenómeno. Há revistas sérias e outras menos sérias. As revistas sérias limitam-se a informar, enquanto as outras se acostumaram a distorcer os factos. Desde que venda, vale tudo, mesmo que para chamar a atenção do público consumidor deste tipo de revistas, se tenha de mentir. Já não é a primeira vez que vejo este tipo de jornalismo com títulos fantásticos que, muitas vezes, não correspondem à verdade. Quando se tem uma revista como a espanhola que eu costumava ler, muito sóbria na informação que disponibiliza aos seus leitores, e se vê outras menos sérias, quer sejam portuguesas ou espanholas, com títulos de gosto duvidoso, percebe-se bem a diferença entre elas. E quando se lê uma revista séria, e já se sabe o que se passa, e depois, se depara com outras, e se tem a oportunidade de ler estas últimas, questionamo-nos como é que não há mais processos em tribunal. De facto, se olharmos para o passado, temos o exemplo de uma revista portuguesa que foi obrigada, por decisão judicial, a pagar uma avultada indemnização a uma “figura pública” estrangeira, devido a informações publicadas sobre a mesma, acabando mesmo, depois, por falir. As revistas mais sérias, essas, acabam ganhando a confiança das “figuras públicas” que lhes abrem as portas de sua casa, ultrapassando em prestígio as fronteiras do seu país, abrindo noutros países delegações que fazem réplicas dessa mesmas revistas, enquanto outras têm de se contentar com as informações de fontes anónimas e, ainda por cima, mal informadas, para além de possíveis queixas em tribunal. Os leitores têm também de começar a distinguir “o trigo do joio”, e perceber quais as revistas fidedignas e as que não têm qualquer interesse informativo, se querem ser respeitados por este tipo de informação. Mas isto já está a acontecer e nota-se que algum público começa já a cansar-se deste tipo de revistas menos sérias, porque ele é o principal lesado, a par com as vítimas dessa desinformação, de tal tipo de jornalismo. Ninguém gosta de ser enganado ou ver as pessoas injustamente humilhadas, mesmo que estas sejam “figuras públicas”. Bem, já não digo nada, talvez haja, dentro do público leitor, um pouco de tudo e para tudo… e isso é mau tanto para os que desinformam como aqueles que são desinformados e… para aqueles que vêem a sua vida distorcida na praça pública. A verdade é que ninguém ganha com este mau jornalismo. Quanto ao leitor, pode-se afirmar que ele é aquilo que lê.

 

Fátima Nascimento



publicado por fatimanascimento às 11:27
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