Liberdade, para mim, é como respirar. Não consigo conceber existência sem liberdade. É como imaginar o mundo sem água ou ar. E, tal como estes elementos, é também bastante frágil. Chego mesmo a interrogar-me se ele não existirá só, na sua pura essência,
Há muito que deixei de ler a imprensa escrita, principalmente jornais. Não suportava as más notícias que abriam continuamente a primeira página, em letras garrafais, quanto mais as outras. Vivia numa espécie de reclusão voluntária, ouvindo somente, durante a longa viagem, ocasionalmente as notícias da rádio, que passam de hora a hora. Ficava satisfeita. Nada mais me interessava, só o essencial. Protegia-me, deste modo, da angústia que me causava a leitura, sempre com as notícias que denunciavam os graves problemas os humanos existentes no mundo, a todos os níveis. Há pouco, e devido aos incentivos criados pela mesma, (aquisição de livros a preço imbatível e oferta de dvd na compra dos jornais) recomecei a ler, devagar, escolhendo cautelosamente os artigos, entrevistas, reportagens… muitas delas com grande interesse, como não poderia deixar de ser, que levantavam questões sociais muito pertinentes. O entusiasmo regressou. (Os incentivos resultaram!) Sempre que leio é como se a simples leitura ajudasse a resolver positivamente esses problemas. Mas não é assim. O facto de a imprensa nos alertar para os factos, não faz de nós participantes directos na mudança, o que faz com que essas denúncias e o risco de vida que elas acarretam, para os jornalistas que as denunciam, um trabalho vão, uma vez que, dentro de pouco tempo, elas serão esquecidas. Será indiferença? Talvez… talvez as pessoas se estejam a defender como eu o fiz. Acho que existe aquele sentimento angustiante que leva a pensar que, apesar de todo o excelente trabalho realizado, o mundo continuará na mesma. É isto que angustia as pessoas e as faz desligar-se do que se passa à sua volta, não é a leitura dessas notícias (apesar de estarem fartas) é a sensação de que nada mudará e que tudo, de uma forma ou de outra, está perdido. Esta indiferença é uma forma de morte. É certo que as notícias se discutem nos cafés, nos cabeleireiros, mas raramente passam daí. Então o que se pode fazer? Exigir dos órgãos governamentais acção nesse sentido. Afinal, se eles foram eleitos, que se mostrem minimamente dignos do povo que representam e se esforcem por colocar em prática as suas aspirações mais legítimas. Sobretudo, as questões sociais têm de nos preocupar e devemos bater-nos por ajudar a encontrar soluções, que são o maior problema, uma vez que são estas que mais fazem falta e as que escasseiam. O aspecto social diz respeito a todos e não só a alguns. Talvez, como povo, precisemos de ser mais unidos para começar a actuar como tal. E se as notícias envolverem membros do governo ou outras personalidades directamente ligadas a cargos, aquelas que deveriam proteger os nossos interesses mais imediatos? (Estou a falar daqueles que deveriam, por exemplo, proteger o dinheiro dos depositantes que neles confiam, e que acabam por lesar, mostrando não ser dignos do cargo ocupado?) O que não podemos, nunca, sob pena de todos pagarmos por isso, é voltar as costas e mostrar indiferença, ainda que esta seja falsa. Há que lutar por um mundo melhor. Todos merecemos isso… E, depois, se alguns arriscam a vida, que direito temos nós de ignorar o seu esforço? Isto, partindo do princípio que as notícias chegam todas, sem excepção, até nós e não ficam retidas algures seja lá porque motivo for.
Várias figuras públicas, de várias classes sociais, culturais, desportivas, etc. queixam-se continuamente do mesmo – do assédio mediático às suas vidas privadas, para já não falar das mentiras acerca delas que, muitas vezes, são impingidas aos leitores. As denominadas “figuras públicas” conquistaram o estatuto e o conforto financeiro que a maioria dos portugueses não tem e ambiciona. Daí a curiosidade de saber como é que as pessoas com dinheiro e fama vivem, não se interessando minimamente se essa curiosidade acaba por prejudicar a vida das suas “figuras públicas”. Estas revistas acabam por ser uma fuga aos problemas e à rotina quotidiana daqueles que fielmente as lêem. O problema não está só nos leitores nem na sua curiosidade que acabam sempre por ser a causa do cansaço dessas “figuras públicas”, que quase nem podem sair à rua, sem serem importunados por fotógrafos. O problema é ainda mais grave e reside também no tipo de jornalismo que se faz. Há bom e mau em tudo e também a imprensa “cor-de-rosa” não é alheia a esse fenómeno. Há revistas sérias e outras menos sérias. As revistas sérias limitam-se a informar, enquanto as outras se acostumaram a distorcer os factos. Desde que venda, vale tudo, mesmo que para chamar a atenção do público consumidor deste tipo de revistas, se tenha de mentir. Já não é a primeira vez que vejo este tipo de jornalismo com títulos fantásticos que, muitas vezes, não correspondem à verdade. Quando se tem uma revista como a espanhola que eu costumava ler, muito sóbria na informação que disponibiliza aos seus leitores, e se vê outras menos sérias, quer sejam portuguesas ou espanholas, com títulos de gosto duvidoso, percebe-se bem a diferença entre elas. E quando se lê uma revista séria, e já se sabe o que se passa, e depois, se depara com outras, e se tem a oportunidade de ler estas últimas, questionamo-nos como é que não há mais processos
Fátima Nascimento
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