opiniões sobre tudo e sobre nada...

Quarta-feira, 7 de Julho de 2010
A igreja já não surpreende… pelo menos pela positiva!

Li, não há muito tempo, a nova posição da igreja face à reeleição de Cavaco Silva. Este, como todos sabem, perdeu uma parte importante (para não dizer toda) do eleitorado católico que segue os ditames da igreja como se fossem vontades divinas. Também nunca acreditei que a igreja se devesse imiscuir nos problemas sociais ou políticos dirigindo as pessoas no sentido de votar ou não em determinado candidato, só porque ele não cedeu à vontade da igreja e promulgou, embora contrafeito, ele próprio o admitiu, o diploma que deu a oportunidade aos casais homossexuais de unirem as suas vidas no papel, o que legaliza, aos olhos da sociedade, uma união já existente. Concordando ou não com a promulgação do documento oficial, a verdade é que este vem ao encontro da legítima vontade de duas pessoas quererem ver a sua união passada ao papel, dando assim, e perante a lei, os mesmos direitos adquiridos já por outros casais. Um destes dias, fiquei admirada, quando vi a posição de um membro da hierarquia daquele organismo quando se referia ao actual presidente insinuando que este teria a reeleição garantida se tivesse vetado o diploma?! São posições destas que dão <à igreja a má fama que já possui junto dos inúmeros católicos que em pouco ou me nada já se revêem nas posições da igreja. Julgo mesmo que só eu me dou ao trabalho de rejeitar estas posições de alguns membros da igreja que, presumo, devem ser o rosto da massa anónima dos seus homólogos, já passam ao lado da maioria das pessoas que já nem ligam ao que dizem. Precisam mesmo de um candidato que defenda os valores doutrinais da igreja? O que interessa a lei se os cidadãos não são da mesma opinião? Que interessa a igreja condenar a união ou mesmo a relação entre duas pessoas do mesmo sexo, se a tendência geral é para a aceitação? O que vão fazer? Proibir? Como? Encontrando um candidato político serviçal que cumpra as vontades políticas da igreja, acatando as suas ordens de forma a tornar a sociedade num espelho à sua medida? Como a triste época e da Inquisição já passou - meus senhores, adiantem a vosso relógio histórico – só falta mesmo encontrar uma marioneta que sirva os interesses da igreja. O que me reconforta é há pessoas da igreja que não são fundamentalistas. Reside neles a esperança de uma igreja menos autoritária e mais humana.



publicado por fatimanascimento às 10:42
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Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2009
A igreja, a homossexualidade e amor

Dadas as últimas notícias vindas a lume, a igreja deveria de ponderar a possibilidade de se acabar com o celibato forçado. Conheço tantas histórias! O que não compreendo é a teimosia e a incapacidade de se modificar frente aos problemas ou situações com que se depara. Alguns deles bem graves que estropiaram a vida de algumas crianças, agora adultos. Como olhar para seres que, em nome de altos ideais religiosos acabaram por sucumbir à tentação da carne violando a intimidade corporal de crianças que são, por natureza, os seres mais indefesos? Estou a referir-me ao caso passado na Irlanda, há alguns anos atrás, e só recentemente divulgado pelos meios de comunicação. Não é com pedidos de desculpas que resolvem estes casos. Também não é com o castigo! É tomando consciência deles e tomando atitudes para que se não repitam. Como? Para já, começando por não impor o celibato que deve ser uma escolha pessoal. Depois, passa também pela aceitação da homossexualidade desses religiosos e dar-lhes a liberdade de terem parceiro. Se a igreja irlandesa já admitiu, e depois de muitos anos de encobrimento silenciando, inclusive, as vozes religiosas que denunciaram abertamente estes casos, (isto é que é grave!), a existência da homossexualidade entre os seus membros, só tem que encarar a situação e tentar resolvê-la. Não sei se isso acabaria com a pedofilia entre os membros da igreja, (ainda não percebi a pedofilia!) mas evitaria certamente muitos casos. A felicidade de um religioso passa também pela sua felicidade pessoal, e esta pelo seu equilíbrio corporal que afecta o aspecto mental e moral. O amor tão apregoado pela igreja, e só aceite pelos seus membros na vertente ligada a Deus, existe sob várias nuances. Uma delas é a do amor entre duas pessoas! Não compreendo como se pode dispensar uma boa vocação religiosa só porque a igreja não aceita o casamento dos seus membros. Também não entendo porque estes têm de recorrer a subterfúgios para conseguirem ter uma vida sexual normal com as pessoas amadas. Nem podem mostrar esse tipo de amor frente aos demais ou serão sacrificados! A vida religiosa já de si não é uma tarefa fácil. E não tem de ser uma cruz a carregar pela vida fora! Conheço pessoas que abandonaram a vida religiosa quando se viram forçados a optar. E a vocação continua viva! São almas que vivem a meio gás. Não vejo nada neles que não veja nos que se sacrificaram ao celibato! Talvez veja nestes uma honestidade e um conhecimento de si próprios que os levaram a optar pelo caminho do casamento. Não há mal nessa escolha. Há só uma felicidade parcial. O mal está na igreja que não quer ver isto. Depois, se a igreja já aceita no seu seio casais vindos de outras práticas religiosas, como é que ainda teima em negar aos seus esse mesmo direito? Não vejo nada na religião que combata a ideia do casamento entre os seus membros ou dos seus membros com outros pertencentes à sociedade civil. Foi uma prática assumida e nunca questionada ao longo do tempo. Antes de serem religiosos, os membros da igreja são seres humanos, com as mesmas necessidades que os outros. Antes de serem uma comunidade religiosa são uma comunidade de homens. Antes de se voltar para a sociedade civil, a igreja deveria de se voltar, primeiro, para si e perceber o que tem de fazer. Para já, dêem liberdade de escolha aos seus. Só assim a comunidade religiosa poderá descansar numa paz verdadeira. É assim tão difícil? Basta de parecer e tentar ser para variar… Depois, quem sabe se estes problemas não são exclusivos do século actual tendo o mesmo acontecido ao longo dos séculos anteriores? A única diferença é que agora esses terríveis segredos têm a possibilidade de serem denunciados.



publicado por fatimanascimento às 12:20
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Sábado, 5 de Dezembro de 2009
O Caim de José Saramago

Não foi Caim que matou Abel? Não será esta história fratricida violenta? No assassínio não há violência? Não é a história da Bíblia uma história da humanidade? Não está a história da Humanidade repleta de cenas de violência? Lembram-se da passagem bíblica em que um Deus furioso e vingativo mata todas as crianças egípcias numa aparente retaliação àquilo que estes haviam feito com as crianças judias do sexo masculino? Para mim, esta cena violenta manifestava a faceta desconhecida de Deus. Que culpa tinham as humildes crianças egípcias de uma ordem tenebrosa dada por um cruel faraó despótico que nada mais tinha em mente que acabar com uma terrível profecia que ameaçava a sua autoridade com o possível nascimento de um líder entre os judeus que devolveria este povo à liberdade, levando-o até à Terra Prometida? Nesta história havia algo que me fazia confusão: como poderia Deus, que supostamente ama igualmente todas as criaturas, matar, com uma presumível doença misteriosa, crianças inocentes cuja única culpa era estarem vivos, não lhes dando possibilidade de fuga? Até Moisés pôde escapar graças à estratégia da irmã. Deu-me pena a imagem daquelas inocentes crianças a apagarem-se sem que seus pais pudessem fazer o que quer que fosse para os salvar. Achei injusta aquela guerra divina contra os desarmados seres humanos e com o já previsível desenlace. Houve claramente um desequilíbrio de forças. Que pode um simples ser humano contra Deus? Nada! Esta história deixa isso bem claro!

Um dia destes uma amiga minha, que parece ter nascido para sofrer e ser perseguida, lia os salmos em busca de ajuda naquelas preces, comentava desabafando comigo: “Algumas passagens são tão violentas! Eu não quero que nada de mal aconteça a quem me faz mal, só quero que me deixem em paz!” Respondi, por meu lado, que talvez essa linguagem enérgica se prestasse a isso mesmo – a levar os seus perseguidores a deixarem-na em paz! Mas isto, como é lógico, é só uma opinião. É a nossa opinião. Todos nós temos uma opinião/interpretação sobre qualquer assunto até mesmo da Bíblia. O que não se compreende é o alarido criado à volta do livro de José Saramago. Este limita-se a criar uma obra a partir da sua interpretação. Não é ele livre de o fazer? Não vejo Deus zangado com ele, vejo um conjunto de seres humanos indignados com ele, só porque teve o arrojo de reinterpretar aquela passagem bíblica na criação de uma obra literária. Não percebo a atitude da igreja, pelo menos de alguns dos seus membros que mais não fazem do que aumentar a propaganda à dita obra. São eles que a fazem! Não é Saramago que precisa dela! Se olharmos friamente a questão dos dois livros, percebemos que nenhum deles sai desvalorizado desta questiúncula inútil. Cada um vale por aquilo que representa. Nada mais. E, sempre que um ser humano ler a Bíblia, terá direito à sua interpretação. Deus deu-lhe liberdade para isso. Se assim é, quem é o outro homem para lha tirar?

 



publicado por fatimanascimento às 20:05
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Quinta-feira, 23 de Abril de 2009
Deus e o ateísmo de Michel Onfray

Li a entrevista de Michel Onfray e achei interessante. Concordando ou não com ele, a sua visão é interessante. Devo acrescentar que ainda não li nada dele. Só conheço o que ele conta na entrevista o que deve ser pouco ou quase nada. É bom haver perspectivas discordantes sobre o mesmo assunto. É salutar. A sua filosofia, pelo que me apercebi, está bem sedimentada não só na História como também na sua vida e na atenção no que se passa à volta. Concordo com ele, quando afirma que se cometeram muitas atrocidades em nome de Deus. É verdade. A história é testemunha disso mesmo. Durante muitos anos a religião, apregoada pelos homens, falava de uma filosofia que orientava as pessoas para uma certa vivência religiosa chegando mesmo a distinguir o que as salvaria do que as condenaria quando morressem. Onde ficava a felicidade? Tem toda a razão. Acho que o seu ateísmo é mesmo um sinal de discordância perante uma Igreja que teima em não avançar no tempo. (Nem sei se terá evoluído da forma correcta!) Discordo, contudo, da afirmação que defende que “só num mundo sem Deus é que o homem pode ser livre”. Depende do conceito que se tiver Deus. Para mim, Deus é liberdade e felicidade, aceitação… e todos os conceitos que derivam do imenso amor que tem por nós. É, para mim, tudo aquilo que o homem deseja - felicidade e liberdade -que ele afirma o homem só poder conseguir num mundo sem Deus. Concordo com ele mas neste sentido: sem o Deus da Igreja. Se substituirmos Deus por Igreja, no sentido de homens, com os seus ódios, preconceitos, etc., que interpretam a lei de Deus à luz daqueles, aí, a sua filosofia está toda correcta. Acho que todo o problema nunca teve a ver com Deus que, para nós, continua a constituir um verdadeiro mistério, que nem a igreja não consegue decifrar, (muitas das pessoas que fazem parte dela estão bem mais longe Dele do que certas pessoas que, aparentemente, nada querem com religião). Isto não quer dizer que não queiram nada com o Deus verdadeiro que, para mim, nada tem a ver com as posições da Igreja. Acho que a filosofia de Michel Onfray nada tem contra Deus mas sim contra a Igreja. Concordo com ele no seguinte: mais vale viver sem Deus do que viver com Aquele que a igreja, por vezes, apresenta. Acho que esta está muito desviada aquilo que é verdadeiramente Deus. Sinto isso… Pelo que ele conta, da sua infância e adolescência, ele viveu mesmo num mundo onde o meu conceito (e sentimento) de Deus primava pela ausência. Ele tem, no fundo, tudo para acreditar num mundo melhor sem Ele. Depois, é bem mais fácil atacar Deus do que a Igreja que é feita de homens e que vive fisicamente entre nós! Vale a pena reflectir nisto!



publicado por fatimanascimento às 22:53
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Sexta-feira, 17 de Abril de 2009
As palavras do Senhor Bispo de Viseu

Ouvi na rádio e quase não queria acreditar naquilo que ouvia! Pela primeira vez, e depois de muito batalhar na ideia de que a igreja tem de acompanhar a evolução dos tempos, socialmente falando, o Bispo de Viseu veio publicamente anunciar a sua determinação em conseguir isso mesmo. Confesso que já tinha perdido a esperança que, alguma vez, alguém dentro da igreja tivesse a coragem de tomar essa posição. A situação era tal que confesso que esperava mais uma espécie de fundamentalismo do que abertura, por parte da nossa igreja. Depois, os raros diálogos estabelecidos com alguém meu conhecido, ainda novo, também pertencente à igreja, deram-me também a impressão disso mesmo. Confesso que já perdera a esperança chegando mesmo a abandonar, de forma irreversível. A ideia que tenho é que há muito de igreja na filosofia da sua conduta e pouca mensagem de Jesus. E não sentindo Jesus nela, nada, para mim, faz sentido. Posso dar exemplos que confirmam isso mesmo, mas será necessário? Todos nós já conhecemos a posição discriminatória da igreja relativamente a alguns assuntos sociais. Eu questiono-me sobre o que Jesus faria se estivesse no lugar desta igreja tão alheada da realidade social e a perder o passo na marcha do tempo. É claro que a resposta que encontro, no meu coração, em nada favorece esta actual igreja na qual já pouco me revejo. Respeito-a, embora discordando com quase todas as posições sociais que ela vem defendendo. O que aconteceu, na evolução desta, para haver este fosso actual entre igreja e sociedade? À igreja cabe o papel de apoiar e não de julgar.

  Não sei o que o Bispo de Viseu tem em mente, (nunca o vi!) mas, para já, a sua posição é bastante inteligente e corajosa. Resta saber se a sua amplitude de visão dá para abarcar mesmo todos os aspectos sociais. Depois, olhando para uma igreja toda ela hierarquizada, (quando o maior papel, e único, deveria ser só o de padre!), pergunto-me até quando esta posição se conseguirá manter de pé, sem que alguma posição de força a venha subtilmente tentar subjugar. Vamos a ver se esta abertura não tem a mesma sorte da curta e célebre “Primavera de Praga”!

 



publicado por fatimanascimento às 09:39
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