opiniões sobre tudo e sobre nada...

Segunda-feira, 22 de Junho de 2009
O ideal e a realidade

Há aspectos da vida em que os dois nem se tocam. A sociedade agita as bandeiras do ideal de vida que nada tem a ver com a realidade. Depois, quando algo acontece mostrando isso mesmo, que os ideais são abandonados porque não se criaram infra-estruturas capazes de apoiar a vida das pessoas para que as suas vidas decorram sem sobressaltos. O que acontece quando algo corre mal? A tendência é a de apontar o dedo às pessoas confrontadas, muitas vezes, com problemas ou terríveis tragédias nas suas vidas. Geralmente, quem julga e condena os outros, encontra-se rodeado de um exército de auxiliares que apoia as diversas facetas das suas vidas. Agora, e os outros que, sem qualquer ajuda, se vêem a braços, para além do trabalho e, muitas vezes, dos problemas daí subsequentes, têm ao seu cuidado crianças e idosos que, à falta de autonomia, se encontram dependentes dos outros. Alguns deles com problemas de saúde física e psicologicamente graves. Não é fácil. Estes problemas trazem agravantes, se pensarmos na falta de dinheiro e do tempo, uma vez que as faltas ao trabalho são cada vez mais difíceis, ainda que justificáveis, o medo de perder a única fonte de rendimento… nada facilita a vida das pessoas. Depois, onde deixam as crianças e os idosos quando vão trabalhar? Vivendo numa sociedade materialista onde o trabalho é visto como uma fonte de rendimento, na primeira e na última fase das nossas vidas, encontramo-nos desprotegidos. Se não quiserem modificar nada a nível do emprego, então há que criar ou incentivar a criação de centros capazes de apoiar as famílias que têm a seu cargo idosos e crianças, para que estejam protegidos, durante a ausência dos adultos jovens. Para já não falar da falta de atenção a que estão sujeitos todos aqueles que não produzem (para não falar do trabalho infantil) ou deixaram, em determinado momento das duas vidas, de produzir, que se resignam a uma vida de prateleira, esperando as migalhas da atenção e dividindo-as com outros mais pequenos. Não é fácil uma situação destas para ninguém. A solução do lar é a mais fácil mas também a mais dispendiosa. Os infantários, quando existem, são poucos e limitativos ou privados e caros… Há que multiplicar as soluções. Só quando estas existirem e estiverem ao alcance de todos é que se pode apontar o dedo seja a quem for. Até lá, criem primeiro as condições. Ou, então, as pessoas que criticam que ajudem…

 

 

Fátima Nascimento

 

 



publicado por fatimanascimento às 21:19
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Quinta-feira, 7 de Fevereiro de 2008
Lares de 3ª idade

Ainda me lembro do tempo em que esta palavra representava uma ideia temerosa para os idosos, uma vez que estes ainda estavam habituados à ideia de serem cuidados pelos seus descendentes directos, geralmente os filhos, quando os havia. Foi quando começaram a aparecer em massa… Lembro-me da forma como eram encarados pelos mais e menos novos. Para os mais novos, a ideia do lar representava um alívio para aqueles que, ainda que quisessem, não podiam tratar dos seus familiares idosos mais próximos, pelas mais diversas razões; para os mais idosos, o lar representava o fim da vida, com tudo o que de mau isso acarretava, em termos de saúde e de mudanças nas suas vidas – os lares representavam o local onde passariam o resto dos seus dias, longe de tudo aquilo que um dia fora o seu lar. Quanto mais novos e autónomos são, mais difícil a adaptação… os outros, aqueles cuja saúde precária os limita a uma cama ou uma cadeira de rodas, para esses tanto dá… (ou quase!), o sítio onde estão, uma vez que, desde que sejam estimados e tratados como deve ser, pouco mais pedem. Contudo os lares, ainda que tenham um espaço acolhedor e amplo, adaptado às mais diversas necessidades, não devem ser encarados única e simplesmente como armazéns de idosos, onde estes passam sossegadamente os seus últimos tempos, até chegar o dia decisivo. Os lares da 3ª idade precisam de muito mais do que aquilo que muitos presentemente oferecem. É terrível ver como estes idosos passam o seu tempo a olhar para uma televisão com o som baixo, pelo que acabam por dormitar, misturados com outros com doenças do foro psicológico e psíquico que passam os dias agitados (falando sem parar!), esperando impacientemente as horas das refeições, que são das poucas onde se adivinha algum movimento…

  Falo de entretenimento ou diversão, o que ajudaria os idosos a passar o tempo de forma mais agradável e enriquecedora… (os animadores culturais poderiam fazer muito por eles, nestes lares, sobretudo com aqueles que ainda mantêm a sua sanidade mental e se vão mexendo razoavelmente.) Não falarei das visitas que se poderiam organizar, perto da instituição, limitar-me-ei a dar exemplos de actividades que se poderiam organizar dentro dos próprios lares e que fariam toda a diferença – um simples baralho de cartas e outros jogos, a recepção dos jornais e/ou revistas que eles pudessem ler (semanários ou diários), a organização de uma pequena biblioteca ou sala de vídeo, onde pudessem visionar um filme português e outros, a música ambiente, organização de jogos que os ajudassem a manter a sua lucidez, um espaço para a franca troca de impressões sobre as suas vidas e as suas vivências, um local onde se possam dedicar à jardinagem, ou outras actividades fora das paredes dos lares, o intercâmbio com as escolas, onde alunos e velhotes podem trocar experiências, (eu fiz isto no âmbito da disciplina de Formação Cívica e deu muito bom resultado!), enfim… tudo aquilo que pode fazer de um lar, um verdadeiro Lar. É isto, quanto a mim, que falta nestas instituições. Não isolem os idosos do mundo cá de fora…Não façam dos lares uma antecâmara da morte!



publicado por fatimanascimento às 19:39
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