A atitude da polícia, perante os últimos acontecimentos, ilustram bem a face do governo frente à reação da população portuguesa – medo. De facto, os alicerces deste governo é a defesa policial de que se fazem acompanhar, sempre que se deslocam a qualquer lado, por muito perto que seja da sua zona de conforto. Trata-se de um governo que não acredita no que está a fazer, mas que faz porque lhe foi imposto, sem sequer pensar em negociar o que quer que fosse, como fizeram alguns dos outros países que se encontram na mesma situação da nossa. Logo, não tem a consciência tranquila! A única solução encontrada, para já, é a da repressão sobre os manifestantes. Mas nem solução é! É uma estratégia de remediação que se pode repetir indefinidamente. Quando a situação é tensa, o governo rodeia-se de polícia. Quando não há espaço de manobra possível para negociação, a solução é a imposição. É a mais fácil, o que não abona a favor da inteligência das pessoas que nos governam.
A ação da polícia para com os manifestantes, e pelo que estes contaram, lembra desagradavelmente a da polícia política de período ditatorial. Como todos sabemos, a democracia não pode nem deve aceitar abusos (sejam eles de que natureza forem) pois são estes que contrariam a ideologia daquela. Sempre que há abuso, não há democracia. Sempre que há um atentado à nossa Constituição (uma das melhores da Europa, pós 25 de Abril) há um atentado claro à democracia. Claro que, com o povo descontente, a única solução (já que a vassalagem para com os credores é nítida) é a carga policial, esquecendo-se os motivos que levaram as pessoas à rua. Isso parece não interessar. A ditadura do dinheiro, mesmo que esta ameace a independência económica do país, está à frente de tudo. Por trás das instituições credoras, há pessoas cujas intenções desconhecemos, embora possamos ter um vislumbre da sua pretensão, se estivermos atentos ao que está a acontecer na Grécia, a cobaia europeia de uma política financeira desumana e aterradora que a está a agonizar. E o ciclo parece não ter fim. A espiral absorvente dá mais dinheiro em troca de exigências cada vez mais agonizantes para um país cujo fim parece próximo. Parece haver um sadismo sem limites nas imposições àquele país.
Portugal não vai ter melhor sorte, a não ser que alguém já tenha aprendido com os erros cometidos na Grécia ou haja políticos europeus de boa vontade capazes de arranjar soluções para uma europa mais igualitária. Só assim poderemos ter uma Europa feliz se queremos que ela prevaleça. Sofrer por sofrer, se calhar, será melhor sofrermos sozinhos, pois talvez, desta forma, tenhamos mais espaço de manobra no sentido de arranjar mais e melhores soluções capazes (e há tantas!) de solucionar capazmente o problema da crise. Por agora, só andamos a fingir que se faz alguma coisa e, o pior de tudo, é que o que se faz está a destruir o pouco que temos e a tornar-nos cada vez mais dependentes do exterior. Ninguém é feliz neste ciclo infernal.
Quando ouvi falar em agravamento de impostos e congelamento de salários, corte em pensões e subsídios, pensei no alívio que seria se fosse acompanhado de uma justiça social e uma baixa de preços! A primeira desilusão foi ouvir alguém apregoar o contrário: as medidas eram socialmente injustas! Não aprofundaram o assunto, afinal a classe política é uma das beneficiárias destas medidas! Os gestores que auferem de salários principescos também não se manifestaram. Pelo menos, desta vez! Tudo vai continuar como até aqui! Vai pagar a crise quem menos tem culpa dela: os mais desprotegidos – o povo! Já pagámos a alta factura da ajuda aos bancos. Vamos ainda pagar a factura total (inclusive os belíssimos salários que os próprios deputados aprovam). Se este país é de todos é justo que todos contribuam para o equilíbrio das contas públicas! Ora, por que é que tem de ser só o povo, que não administra nada mais do que os seus pobres recursos, e bem, a pagar tão alta factura? E os que administram o próprio país e permitem um endividamento destes? Já que têm que tomar medidas que as saibam tomar! Se têm de fazer cortes e aumentar os impostos, ao menos que as façam de modo a baixar consentaneamente os preços, para que as pessoas consigam sobreviver neste país! Como é que se pode viver num país onde os que mais ganham têm ajudas de custo e aqueles que menos ganham ainda têm de se confrontar com gastos inerentes à profissão e com descontos brutais no salário mensal quando têm o azar de ter um problema de saúde? Quem governa não faz a mínima ideia do sacrifício que é viver diariamente confrontados com decisões de pessoas que não fazem a mínima ideia do que é viver sempre com a corda na garganta! Claro que entre mortos e feridos alguém há-de escapar, lá diz o ditado, mas as consequências estarão lá. Serão inevitáveis! Mas ninguém parece querer perceber seja o que for socialmente falando! Há que pedir sacrifícios? Vamos aos mesmos. Não protestam! Se protestarem logo se cansam! Por que não acordam em retirar parte dos prémios ou dos salários dos gestores públicos? Afinal, ao que parece, um desses salários daria para pagar o salário anual dos operários de uma empresa com “267 empregados”! Dá para perceber a desproporção, não? Afinal, o salário deles sai das facturas mensais pagas com o nosso miserável salário mensal! Então, por onde devemos começar? Num país, onde se ganha tão pouco, como se pode permitir tal desproporção? Será que ninguém percebe que isto está mal? Onde está o governo sempre tão ligeiro em tomar medidas negativas para o povo quando só se atreve a “aconselhar, sugerir” (ou lá o que seja) a redução dos prémios dos gestores públicos? Do que é que o governo tem medo?
Este pequeno minúsculo pacífico país, escondido no alto dos cumes enevoados e frios das montanhas mais altas do mundo, nunca foi, pela sua cultura, um país ameaçador ou em vias de o ser, convivendo sempre pacificamente com os outros estados vizinhos numa atitude de profundo respeito e humildade, atitude que caracteriza o seu representante legal, o Dalai Lama, agora exilado na Índia. Por alturas da Segunda Guerra Mundial, a China comunista invade e toma posse daquele território perante a incredulidade e a impassibilidade mundiais. Era o fim de um pequeno e recôndito estado, há cerca de meio século, inexplicavelmente, debaixo do domínio de sucessivos governos chineses que tentaram sufocar culturalmente o pequeno estado, ao que parece, ingloriamente. Embora casos de violência tivessem sido denunciados, ao longo daquele já longo período de domínio chinês, o mundo inteiro nada fez para ajudar a resolver o problema deste minúsculo estado, limitando-se a uma política hipócrita de ambivalência do - não concordo, mas também não me meto! Resta àquele povo a incansável acção do seu representante máximo, que nas suas deslocações constantes, leva a causa do seu povo aos outros países, na tentativa de não deixar esquecer o que por lá se passa (e o que aconteceu!). Embora os todos os governos chineses se tenham esforçado por integrar aquele povo na sua cultura, e apesar das sucessivas camadas de população chinesa que imigraram para lá, as recentes manifestações provam que eles não o conseguiram e que aquele pacífico povo continua fiel às suas raízes. Como toda a potência dominadora, a administração chinesa procura abafar toda e qualquer manifestação que relembre os tempos anteriores à anexação do território tibetano, mesmo recorrendo à força contra uma população indefesa cuja única arma são a vontade de inverter uma situação que já dura há demasiado tempo. Se o actual governo chinês acha que consegue lidar com esta determinação (esta resistência), então, ele não entende que a fé move montanhas. E se não consegue compreender algo tão simples, num país profundamente religioso, então, e tal como aconteceu já em muitos episódios da história mundial, o país dominador tem os dias contados lá. Nada demove um povo determinado, pode demorar, mas eles expulsam sempre os opressores, sejam eles quem forem. Quanto aos outros países do mundo, talvez se devessem questionar sobre o persistente interesse de um grande país como a China num estado tão pequeno, e, aparentemente, sem os grandes e tão cobiçados recursos primários que movem nações a dominar outras. Qual será o verdadeiro interesse da China por aquele estado, que se dá a tanto trabalho para integrar uma região dentro das suas fronteiras, sem querer saber da vontade do seu povo? Que interesse será esse que o leva a ser implacável com pessoas desarmadas cujo único intuito é a recuperar a independência e a dignidade perdidas? Depois, o que é mais importante do que a vontade de um povo?
Sempre me confrontei com casos de pessoas competentes que fizeram propostas de reformas que ficaram esquecidas na gaveta. E são imensas… Lembro-me por exemplo, de uma professora minha de Latim, que fez uma proposta de reforma do curso de clássicas, aqui há uns anos atrás, e que não teve melhor aceitação do que o esquecimento dentro de uma gaveta. Ela sabe, pela experiência que tinha no ensino das mesmas, o valor daquela reforma, mas, inexplicavelmente, e como acontece a alguma criação de valor realizada neste país, nunca conhece a luz do dia. O que aconteceu ao documento? Provavelmente estará ainda dentro dessa gaveta ou arquivado (o mesmo é dizer esquecido!) nalgum lado e substituído por outro de origem estrangeira. Este é só um exemplo retirado de um grupo de muitas outras situações iguais ou parecidas. Hoje, deparei-me com uma outra. Nós somos um país muito vulnerável a actividades sísmicas e a cheias que deixam sempre um rasto de destruição atrás delas, (para já não falar noutras!). As cheias, que são mais ou menos periódicas, pela sua frequência e pelos estragos que deixam atrás de si, e já que o saneamento dessas águas é precária, em alturas de chuvas abundantes, há que dar atenção à protecção da vida e bens das pessoas e também há que pensar em contar com estas calamidades, quando se projectam novos arruamentos… Ora, uma vez que nada disto ainda é feito, limitando-se as pessoas que projectam e realizam a cumprir a malfadada lei, que só prevê umas sarjetas de tantos em tantos metros, ou o diâmetro das condutas que, nas alturas das calamidades, a água é tanta que, ao não dar o escoamento necessário a tanta, (até as tampas das mesmas se levantam, deixando sair a água que se vai juntar àquela que ainda não foi escoada), aumentam o volume das águas nas estradas, com todo o perigo que isso acarreta. Não havendo soluções nesta área ou vontade de realizar as modificações necessárias, há que avaliar outras soluções. Uma das soluções passaria por uma invenção levada a cabo por um senhor do Fundão, que recebeu uma medalha de prata no salão de invenções de Genebra. Pela distinção que mereceu em tal certame, é porque a invenção é válida e foi testada. O que me entristeceu é saber que não houve ninguém ainda que se interessasse por tal invenção, neste país, e então pergunto-me do que estão à espera. Se olharmos aos estragos a quem interessaria prevenir tais catástrofes? Decerto que às seguradoras e ao governo, se olharmos ao dinheiro que poupariam com a protecção dos bens das pessoas seguradas que não se importariam de investir num projecto deste tipo, para salvar os seus bens. Para além daqueles dois organismos, não haverá ninguém ligado ao sector privado interessado em investir? Olhando ao péssimo saneamento que temos, dava jeito a muito boa gente… Ah, e já agora, muitos para bens ao inventor. Precisamos de pessoas como o senhor… não desanime!
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