Têm família como todos e que, por sinal, até os amam. São filhos de pais separados, que iniciaram uma vida por separado. Não há divórcio. Os filhos estão entregues aos avós e aos tios. Quando se quer tratar de algum assunto, relacionado ou não com a escola, não se sabe bem quem tem a autoridade sobre os miúdos. Sei de um caso. Mas decerto que há muitos mais. O pai vive longe e a mãe tem um emprego incompatível com os horários dos organismos estatais: começa a trabalhar quando os outros se levantam e termina muito depois. Não sabe se consegue um intervalo para ir tratar do assunto da transferência da filha. São só alguns minutos, se conseguir estar à hora da abertura da secretaria. Como encarregada de educação, tem de ser ela a dar início ao processo. Ao princípio mostrou-se contrariada e pouco esperançada em conseguir tal espaço de tempo, mas vai falar com o patrão, para ver se consegue deixar tudo tratado. A adolescente não quer continuar em casa dos avós, onde vive também um tio, que é o contacto da escola. A miúda faltou quase duas semanas e a mãe não justificou as faltas. A escola ameaçou o tio, único contacto deixado na escola, com a GNR. O tio, aflito e preocupado, tentou telefonar para a sobrinha na tentativa de a fazer regressar à localidade onde moram. A miúda não quis. A mãe ficara de justificar as faltas. Não fez. Daí a pressão da escola. Depois de todos falarem, tios, mãe, pai, filha… lá se resolveram pela transferência. Todos de acordo. Só falta mesmo a mãe tratar de tudo. Espero que o faça amanhã sem falta. É o melhor para todos. Este é um caso relativamente simples de uma adolescente que já passou por muito, mas que, felizmente, tinha muita gente a gostar dela e a protegê-la. Outros há que não têm essa sorte e ninguém se interessa por eles, deixando-os num total abandono. Vidas de tantos e tão graves problemas e sobrevivência que já não há paciência para outros que surjam. Eu compreendo. Só quem não passa por eles não sabe dar o valor. Há muita coisa a mudar na sociedade para conseguirmos vidas mais estáveis e equilibradas. Podemos começar com a compreensão dos patrões quando se trata de tratar de assuntos familiares, sejam eles de educação ou de saúde. O trabalho não é tudo e não pode substituir a vida familiar ou relegá-la para um segundo plano. Um trabalhador compreendido e com tempo para tratar dos seus assuntos é um trabalhador reconhecido, satisfeito e com mais vontade de investir na sua empresa.
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