É frustrante perceber que o único aspecto que efectivamente evolui é o tempo, para além do aspecto tecnológico! O ser humano mantém-se na mesma! Embora haja pessoas que evoluam mentalmente, outras há que parecem manter-se fechadas em casulos não se abrindo à verdadeira evolução. Chamo verdadeira evolução a toda aquela que contribui para a felicidade do ser humano, sendo todo o resto inútil ou prejudicial. Continuam a existir práticas, algumas delas criminosas, que indiciam mentalidades retrógradas e mesquinhas só voltadas para a satisfação da ganância humana. O dinheiro continua a ser decisivo
Sabem aquelas pessoas que dizem que vendem tudo mais barato e se ajeitam para fazer tudo? Todos aqueles que estão financeiramente mais apertados, recorrem a estas pessoas que começam com um trabalho e, mais tarde, dão a conhecer outras actividades, dentro do mesmo ramo, a que se dedicam nas horas livres, para juntar mais algum dinheiro. Desde que façam um bom trabalho, as pessoas que geralmente são conhecidas deles, não se queixam. O pior é quando eles nos enganam!
Aconteceu há já algum tempo. Eu tinha um computador mas precisava de um outro para trabalhar. A pessoa que trabalha no ramo, e que me arranjava o computador sempre que havia algum problema, propôs-me ser ele próprio a fazê-lo, uma vez que ele não trabalha só com software mas também sabe trabalhar com o hardware. Ficou combinado. Ele montou o computador, que me ficou ao preço de um computador normal, comprado numa loja. A decepção veio quando, uma amiga, cujo pai coordena a unidade informática de um banco conhecido, veio a casa e se colocou a oportunidade de actualizar o Windows. O Windows detectou um software que não era genuíno. Questionada sobre o preço pago pelo computador, a minha amiga nem queria acreditar - pagara uma cópia do software como se se tratasse da verdadeira. Ainda que fosse falso o software, o que mais custa é o engano de alguém em quem confiamos, e o facto de a ganância levar a pessoa a cobrar pelo falso aquilo que é o preço do genuíno. Mais tarde ainda, acabei por descobrir, por pessoas amigas, que um aparelho que eu lhe comprara, uns meses antes, me tinha, também, sido vendido a um preço inflac cionado, na ordem dos cem por cento. Ainda foi mais barato do que o preço que pagara pelo aparelho que perdera no processo de divórcio, mas em proporção, ganhou ele mais do que a empresa que dá emprego a bastantes trabalhadores. Estes indivíduos acabam por se safar porque ainda que levem muito caro, os preços deles saem ainda mais baratos do que os praticados pelas empresas. Agora, das duas uma, ou as empresas baixam os preços, acabando com esta concorrência desleal que, ainda por cima, não passam recibos, não aceitam cheques, ou outras formas de pagamento que possam denunciar a sua actividade, ou continuam a praticar os preços altos, alimentando este comércio paralelo que só os prejudica. Cabe às empresas decidir… e é tudo uma questão de preço, só!
Fátima Nascimento
Sem ideias não há nada. E é precisamente este aspecto que distingue o criador do plagiador – as ideias. Há criadores com uma imaginação inesgotável e há outros com pouca. Os primeiros, os criadores, esses, pegam numa folha em branco e deixam escorrer nela a imaginação. Os outros, os que têm pouca imaginação, mas gostam de escrever, (porque todos escrevemos, uns sobre a realidade que nos envolve, os outros sobre uma realidade toda ou quase toda ela fictícia), e há duas espécies: os honestos e os desonestos. Os primeiros, pegam na vida e buscam nela inspiração, e, a partir daí, criam todo um enredo entretecido de realidade e ficção ou pegam em situações hipotéticas e fictícias, tecendo, a partir delas, todo esse mesmo enredo. Depois, vêm os outros, os desonestos, aqueles que pouco ou nada têm a dizer, ou aqueles que têm algo a dizer, mas que não têm coragem para o fazer, pelas mais diversas razões, havendo ainda aqueles que têm uma linha contínua de criações, sem grandes desvios significativos, que pretendem algo mais ambicioso. São este tipo de criadores que precisam de uma ajuda, para concretizarem algo na vida. Geralmente essa ajuda vem, salvo algumas excepções, que as há, de ideias subtraídas a outros, das mais diversas maneiras. Procuram, através das ideias dos outros, conseguir a tão almejada notoriedade que, julgam eles, não conseguem dentro da linha seguida por eles. É, talvez, essa ganância desmesurada, aliada a uma vaidade, também ela desmesurada, que faz com que os plagiadores se atrevam e corram riscos de um dia se verem desmascarados. Lá diz o nosso povo que, “quem o alheio veste na praça o despe” e, salvo raras excepções, assim acontece. O que acontece é que estas raras excepções se vão tornando, cada vez mais, frequentes. Estes criadores acham que nunca irão ser descobertos e, depois, se tal acontecer, já têm os bolsos cheios de dinheiro, que, muitas vezes, é o móbil principal de tal atitude. São eles que se podem incluir no grupo dos que “têm medo mas não têm vergonha”. Enquanto se prova esse plágio e não prova, já eles ganharam muito dinheiro com a obra editada, pelo que o crime acaba sempre por compensar, de alguma forma. Depois, surge também, dentro do plágio, a eterna questão – quem é o verdadeiro criador da obra, aquele que teve a ideia ou o plagiador que a copiou e a desenvolveu à sua maneira? A questão poder-se-á colocar de outra forma, o que é mais importante – a escrita ou a ideia? Por mim, eu posso responder que o mais importante é a ideia/imaginação, sem a qual não há nada. E provar que é a este criador que pertence a ideia é sempre difícil em termos judiciais, mas não é impossível. Depois, há várias maneiras de se fazer justiça – o leitor tem também uma palavra a dizer.
Projecto Alexandra Solnado
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