opiniões sobre tudo e sobre nada...
Quarta-feira, 16 de Abril de 2014
Ser comprador de dívida dos estados
Ouvi, há pouco, a notícia do sucesso da venda da dívida grega. A procura excedeu largamente, ao que parece, a oferta. Pudera! Ser comprador de dívida dos estados, pode ser (ou ornar-se) um modo de vida rentável, mas apenas para quem tem dinheiro, obviamente! Se pensarmos nos juros do empréstimo pagos pelos estados aos banqueiros mundiais, torna-se mesmo tentador! Não precisam de comprar muita dívida para terem sempre rendimento! E muito! Só o dinheiro que eles ganham com os empréstimos aos estados, dá uma forma de vida! O que não entendo é a dívida dos estados que só arruína os estados (e por estados entenda-se povo) e enriquece, ainda mais, essas pessoas.
Qualquer estado, assim como qualquer empresa, deve governar-se com o dinheiro ganho seja com os impostos e outras possíveis receitas internas, no caso dos estados, ou com o dinheiro proveniente da venda dos produtos, no caso das empresas. Só com uma gestão sóbria dos recursos, se consegue ser independente, isto é, se consegue uma vida livre de percalços com todas as consequências nefastas. No caso dos estados, as consequências desses empréstimos são claros: as interferências nos assuntos internos dos países. Os banqueiros mundiais, ao emprestarem dinheiro, acham-se no direito de decidir a vida dos povos. É um pouco como se uma instituição bancária, porque emprestou dinheiro a uma família cumpridora, se imiscuísse na gestão financeira dessa mesma família, dando directivas sobre a forma como deveriam governar as suas casas, num total alheamento às necessidades dos seus membros. É o que está a acontecer nos países endividados. E que o povo esteja muito caladinho ou as consequências poderão ser muito piores!
Uma das consequências do sobre-endividamento do nosso estado, é sem dúvida a perda de direitos laborais conquistados na aurora do 25 de Abril. É o total desrespeito pelo trabalho laboral nas empresas onde os empregados ganham, salvas sempre as raras excepções, o ordenado mínimo que pouco excede os quatrocentos euros mensais. Ora, há pouco ouvi uma história de uma jornalista que, apanhando desprevenido um gestor internacional, o questionou se a mão-de-obra especializada, paga a uma média de dez euros por hora, seria a responsável pela crise das empresas, ao que o responsável respondeu com uma negativa.
Perante esta resposta, porque se aferram tantos os gestores internacionais aos direitos dos trabalhadores a um salário digno? Talvez se deva cortar nas “gorduras” das empresas ou do estado!