opiniões sobre tudo e sobre nada...
Sexta-feira, 31 de Maio de 2013
As crianças (algumas) e eu
Vêm-se sucedendo algumas situações interessantes que são bastante recorrentes, não são mais porque a minha vida me permite sair pouco. Mas tenho algumas histórias engraçadas para contar com crianças com as quais não trabalho, uma vez que a s suas idades não ultrapassam os quatro anos. Talvez não conte todas, talvez me limite a uma só que, por si, já resume todas as outras.
Entrei um dia numa loja de restauração multinacional e cruzei-me na casa de banho com uma senhora que entrava acompanhada de uma criança cuja idade não ultrapassaria os três anos de idade. Mas havia algo de diferente nela. Uma diferença que destacava das restantes da sua idade. A sua postura, inteligência, a maturidade e o olhar profundo e perspicaz - capaz de desarmar qualquer adulto - ultrapassavam, em muito, o que estamos acostumados a encontrar e a considerar normal em crianças destas idades. Cruzámo-nos quando me dirigia aos lavabos para lavar as mãos. Sempre me senti atraída por estas crianças e, inexplicavelmente, o contrário também sucede. Assim que pousou os olhos em mim, a sua atenção desviou-se para a minha pessoa, revelando um interesse que não possuo. Não deixei de sorrir simpaticamente à doce e decidida criaturinha que se interessara tanto por mim. Dirigiu-se-me como se já me conhecesse de há muito, com uma prontidão e um discurso que me impressionaram. A sua conversa divergia das crianças da sua idade manifestando um interesse por mim que se estendeu ao mais ínfimo pormenor. Tinha sido radiografada. Estivemos a conversar. Uma verdadeira conversa e não aquela que habitualmente estabelecemos com as crianças desta idade. Esta entendia. Parecia que conhecíamos de há muito e que a convivência havia sido saudável e amigável. Custou-me abandonar aquela criança e aquele lugar onde me senti, por momentos, em casa. Sim, houve ali reconhecimento ou, pelo menos, eu assim o entendi. E ela também. Afastámo-nos com uma saudade antecipada mas com uma alegria resultante daquele (re)encontro que se alojaria, para sempre, nos nossos corações e, quem sabe, mas profundamente ainda, nas nossas almas. Mal consigo esperar por uma situação como esta, embora saiba que são pouco frequentes. Talvez por isso mesmo sejam tão importantes.