Conheci uma pessoa que trabalhava numa escola. Foi educada para o sucesso. Nada contra isso. Mas se a pessoa não tiver nada para dar? Por baixo da capa de alegria empática, há uma pessoa muito frustrada e perigosa. Nunca conseguiu nada. Tudo quanto tem copiou de outrem, isto é, tudo quanto parece inovação é uma simples cópia. O pior é que o erro não fica por aqui. Essa educação passou inevitavelmente aos rebentos que agem de acordo com os exemplos da progenitora. O objectivo é só um – notoriedade. No ensino pode não ser tão notório mas na escrita é diferente. Penso que todos devem, e trazem se forem honestos consigo próprios, trazer algo seu a tudo quanto realizam, isto é, há sempre uma marca pessoal. Na escrita não é diferente, Detesto quando me dizem que devo ler este ou aquele autor, quando nada me dizem, para poder crescer como escritora. A verdade é que leio um pouco de tudo mas sem a preocupação de imitação. Entenda-se imitação no bom sentido, no sentido de aprendizagem. Gosto mais de uns do que outros, é uma verdade, mas não deixo de apreciar a forma como se expressam. Na verdade, é que penso que em pouco ou nada me poderão influenciar na forma como me expresso (embora nos mostre outras maneiras de lidar com a forma). Mas o sentimento e a sua expressão é algo muito pessoal que marca a sua escrita. Tive uma outra colega que imitava, não diria na perfeição mas quase, os mais diversos estilos de autores portugueses consagrados. Isto, para mim, não é ser-se escritor. As pessoas que trabalham desta forma, não passam de meras imitadoras. Todo o escritor tem o seu estilo que se reconhece facilmente. Quem não reconhece a voz de Saramago ou de Lobo Antunes, de Eça ou outro qualquer? O que os diferencia? O estilo, a voz. O que acho medíocre é educar para o sucesso incitando à imitação. Se vende, se tem sucesso, e se, ainda por cima, se conhece a pessoa (muitos dos abusos nascem aqui) por que não imitar? É isto que não compreendo. Como é possível educar alguém para a imitação de um estilo só porque tem sucesso ou vende? O que aporta essa pessoa para a inovação/diferenciação? O pior é que os leitores podem cair nessa armadilha sem mesmo desconfiarem da imitação. Como é isto possível?
Antes de mais, devo dizer que entendo o estilo como uma forma particular de utilizar a língua, o que diz respeito a cada um. Depois, a língua foi criada foi criada para servir o homem e não o contrário. Aliás, foi o próprio homem que a criou para o servir na difícil arte de comunicar e, no vasto oceano que ela é, cada um tem a sua maneira de se exprimir, isto é, o seu estilo. Na escrita passa-se o mesmo. E a literatura não é, também, excepção.
Há já algum tempo atrás, tive a oportunidade de passar os olhos por uma entrevista realizada a um autor português muito conhecido que conheceu o sucesso, nacional e internacional, que se traduziu num volume de vendas considerável, o que me enche de orgulho, e, desde já, desejo-lhe a continuação. Segui a entrevista com muito interesse, dando igual importância às perguntas e às respostas, como sempre faço. A determinada altura, deparo-me com uma questão que me deixou perplexa. O jornalista perguntava ao autor o que pensava de determinadas críticas que colocavam em dúvida a qualidade literária do seu estilo. Deve ser a pior questão que se pode colocar a um autor. Para mim, só há duas posições a tomar perante o estilo dos autores: ou se gosta ou não se gosta. E é tudo. Depois a linguagem literária não é, a meu ver, unívoca mas plurívoca. Ninguém pode obrigar ninguém, nem deve, a escrever como qualquer outro autor cujo mérito é reconhecido por uma determinada classe cultural. O estilo é pessoal e, como tal, nunca poderá ser posto
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