opiniões sobre tudo e sobre nada...

Domingo, 7 de Agosto de 2011
A língua única?

Não sou a favor do acordo ortográfico. Não vejo razões para tal. Já dei imensas ideias, não dou mais. Não creio num acordo tão ambicioso. As coisas têm de ser feitas com mais calma.  Começando pelo geral e, depois, ir, a pouco e pouco aprofundando-se. Ao que parece, e pelas notícias que me têm surgido de pessoas bem informadas, é que o Brasil agarrou no acordo e implementou-o com grande vontade. Aqui, ainda se vai empurrando o acordo… Sempre achei que a mesma língua não deve ser espartilhada só porque tem duas grafias diferentes para a mesma palavra. Já dei a ideia do dicionário linguístico. “Decepção” e “deceção” estão ambos correctos. Podem coexistir lado a lado num dicionário mais ou menos com este aspecto: decepção port./deceção bras.dando às pessoas a possibilidade de escrever, sem que a opção por uma delas seja considerada erro. Mas passemos à frente. Já falei disto e não me vou repetir. Há uma atitude, por parte de alguns escritores brasileiros que pedem que a sua obra, ao ser publicada em Portugal, seja convertida no português de Portugal. Não entendo isto! Não me entra na cabeça! A língua é a mesma! Ao que parece, há uma explicação para tal – os coleccionadores. Estes fazem questão, ao comprar um livro de um conterrâneo de o fazer em ambas as versões da mesma língua, criando assim uma diferença que não existe. Li, com pouca idade, “Os Capitães da Areia” de Jorge Amado e, embora estranhasse um pouco aquela forma de expressão, nem por isso deixei de adorar o livro ou “O Meu Pé de Laranja Lima” de José Mauro de Vasconcellos. Adorei aquela forma de expressão. Tenho alguns amigos e familiares brasileiros. Nunca tive problemas de comunicação com eles. Acho que o que deve acontecer é uma maior interacção entre os dois países. Editar em Portugal a versão brasileira da língua e no Brasil a versão portuguesa da mesma língua. Só assim se conseguirá aproximar as duas línguas. Gosto de ouvir, o resultado do contacto entre pessoas das duas nacionalidades diferentes cuja proximidade as leva a trocar as formas de falar. Por exemplo, ouço pessoas a dizer “jogar no lixo”, ao passo que os brasileiros já interiorizaram o de Portugal expressando-se como nós. Isto aproxima a língua e os povos. É lindo! Para ler a língua portuguesa de Portugal, tenho os autores portugueses. Deixem vir até nós, os brasileiros na outra versão da nossa língua! Deixem a língua portuguesa engrandecer-se com estas variações e que ela as absorva, à semelhança do inglês, pois só assim se pode impor como língua competitiva e internacional! Viva a língua portuguesa e as suas variações que só podem ser sinónimo de grandeza da própria língua!



publicado por fatimanascimento às 08:07
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Quinta-feira, 26 de Novembro de 2009
A doce companhia dos clássicos

Quando era pequena e ouvia falar dos escritores clássicos com uma reverência quase religiosa, pensava que seriam leitura só para uma certa estirpe de pessoas. Estes “gigantes da literatura” como também eram designados, pareciam ser autores cuja expressão escrita seria de compreensão restrita, isto é, só alguns os conseguiriam interpretar e, por consequência, digerir/compreender. Logo, para mim, também aborrecidos! Eram, em resumo, algo de inatingível. Foi talvez, por esta razão que eu adiei indefinidamente a sua leitura, escolhendo outros.

  Há tempos, notei que um determinado jornal, já não me lembro ao certo qual, reeditava com o mesmo obras desses clássicos. Era uns livros rectangulares, estreitos e leves que estavam dentro de um caixote à entrada da tabacaria em Guimarães. Despertaram-me a atenção e comecei a ler os títulos e os nomes de autores. Aquele pequenos caixote, onde se reuniam os livros recusados pelos compradores dos jornais, era uma verdadeira mina! Não eram muitos, mas tinham os nomes com que toda a vida me cruzara em conversas. O preço, em si, era bastante acessível e agradável. Tendo horário reduzido e, consequentemente, tempo livre, resolvo comprá-los para iniciar a adiada aventura da sua leitura. Apesar do horário reduzido o tempo não era muito e a leitura de muitos desses autores ficou adiada. Mais tarde deparei com um caixote-prateleira no meio de uma livraria lisboeta, os mesmos livros e novos autores! Resolvi aproveitar a promoção( 1-=1,5 euro, 4= 5 euros e 10 = 9,5 euros). Trouxe os dez. Nunca mais tive oportunidade de os ler, uma vez que outras leituras mais modernas se interpuseram durante o verão. Neste Outono, e com o trabalho escolar, não conseguia ler nada que não estivesse directamente relacionado com escola. Neste momento, estou de baixa com uma terrível dor ciática que começa na base da coluna, mais concretamente na ligação com a bacia, se estende até a meio da nádega direita e continua pela perna abaixo até ao pé. Foi nesta pausa em que me vi obrigada a um repouso forçado, e já medicada, pela segunda vez, (não acertaram à primeira) que me lembrei dos meus amigos clássicos encarcerados dentro das páginas por si escritas como vozes agonizantes dentro de uma masmorra esquecida. Como eram pequenos e leves e a atroz dor ciática serenara um pouco com a medicação, resolvi aproveitar esse tempo em que permanecia imobilizada na cama para os ler. O que lhes posso dizer desses meus amigos autores clássicos? Aconselho-os a retirá-los do altar em que os puseram, não por desmerecimento, mas porque, na verdade, nada têm de inacessível! São verdadeiramente deliciosos. Para terem uma ideia li, desde Março, os russos Máximo Gorki, Tolstoi, Tchecov e Dostoiévski, os checos Rainer Maria Rilke e Franz Kafka, os americanos Thoreau, Stephen Crane, o francês Flaubert, os ingleses e Thomas Hardy e o já meu conhecido, Oscar Wilde… entre outros!

  Aos que gostam de ler, aqui fica o aviso: Não façam como eu! Leiam que se sentirão compensados! Mas, se há uma coisa que aprendi, é que cada livro/autor tem o seu perfil de leitor e não podemos gostar todos do mesmo! Mas só se experimentarmos poderemos saber se gostamos ou não. Eu adorei-os! Queridos clássicos! Obrigado por terem existido!

 

Fátima Nascimento



publicado por fatimanascimento às 18:10
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