opiniões sobre tudo e sobre nada...

Domingo, 30 de Novembro de 2008
A crise e a desigualdade social

Sempre me lembro deste país estar em crise. Conhece alguns momentos de serena prosperidade, para logo mergulhar numa qualquer obscura crise. Eu pergunto-me até que ponto estas crises não estarão relacionadas com a desigualdade social. Cada vez estamos mais dependentes do dinheiro. Antes, para cozinhar, bastava recolher da horta ou dos terrenos alguma lenha para acender o fogão, hoje precisamos de dinheiro para comprar o gás, seja ele engarrafado ou canalizado, e por aí fora… Para fazer frente a esta dependência, há que ter uma fonte de rendimentos contínua, para ter esta fonte, há que ter emprego, no mínimo. Mas vamos sonhar mais alto, e vamos sonhar com uma sociedade onde todas as pessoas têm uma vida desafogada, com dinheiro que lhes permita pagar as contas, e ainda para poupar ou para investir onde quisessem. Se assim fosse, não haveria crise. Tudo o que se produzisse, desde que tivesse qualidade e um preço razoável, teria escoamento. Se assim fosse, não estaríamos tão aterrados com a concorrência da nova potência económica emergente, como é a China. Não é este país que tememos, mas os produtos que são colocados nos mercados mundiais a um preço imbatível, apresentando alguma qualidade. Há quem acuse este país de fabricar produtos sem qualidade, e há mesmo clientes que falam deles num tom depreciativo, e todos ainda nos lembramos do último escândalo alimentar com origem nele. Mas a verdade é que eles vendem e é notória a sua ascensão no mercado nacional, o que não deixa de provocar alguma inveja, um sentimento mundial, que tem especial incidência no nosso país. Ora, se não há possibilidade compra, se muitos dos produtos estão fora do alcance da maioria dos compradores, e mesmo receando a tal duvidosa qualidade, que muitos apregoam, não há escolha possível. A economia ocidental está a deparar-se com a sua própria morte. Fábricas continuarão a fechar e lojas terão de importar do estrangeiro, sempre com o espectro da concorrência chinesa, (que se alastrará a todos os domínios da economia), cujos preços são imbatíveis. Eu não estou contra os chineses ou a economia chinesa. O que me preocupa é a falta do poder de compra que nem os aliciantes produtos das financeiras conseguem ultrapassar, uma vez que vivem dos juros altos que cobram e que as pessoas não podem pagar. Não havendo poder de compra, a solução não está em investir nos bancos dinheiro dos impostos, talvez passe pelo equilíbrio do poder de compra, ou melhor, por uma igualdade social. Assim, quem tem dinheiro, tem poder de escolha, quem não tem, terá de se socorrer das ofertas de mercado acessíveis à sua bolsa. Ninguém se pode queixar. Depois, e olhando aos preços praticados nas mais diversas lojas, dir-se-ia que estão completamente fora da realidade nacional. Até os preços das lojas chinesas estão fora já do alcance de muitos bolsos!

 

 



publicado por fatimanascimento às 15:15
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Terça-feira, 12 de Agosto de 2008
Turismo natureza: benefícios e... prejuízos.

A natureza é um bálsamo para a nossa saúde, quer mental quer física. E todos sabemos disso, por isso a procuramos, com os mais variados objectivos. Uma das razões terá a ver com a comunhão que precisamos, nem que seja de vez em quando, de ter com ela. Esta necessidade é sentida, sobretudo, por aqueles que vivem o quotidiano em grandes cidades, e cujas vidas estão sujeitas a grandes momentos de ansiedade e pressão, devido às suas responsabilidades laborais e outros problemas inerentes a essas mesmas funções: ruídos, trepidação das máquinas, etc.. E há mais. O que interessa aqui salientar é o benefício não só para as pessoas que procuram a natureza, mas também a necessidade que há em respeitar a mesma natureza, de forma que a equação pessoas-ambiente saia a ganhar, o que nem sempre acontece, já que este acaba sempre a perder, quando há abusos. E todos nós temos conhecimentos de casos desses. Quantas vezes, não procuramos um lugar para estender um cobertor ou uma toalha num espaço natural, e qual não é a nossa surpresa, quando nos apercebemos  do cheiro a fezes humanas (e não só!)  ou então vemos o local ambicionado cheio de detritos espalhados pelos anteriores ocupantes. O que quero dizer é que nesta luta homem-ambiente, raramente é o ser humano que sai a perder mas, pelo contrário, é à natureza que cabe sempre o papel de perdedora e, quando acontece o contrário, muitas vezes, é por descuido do ser humano. O que fazer então para evitar problemas para ambas as partes, sobretudo para o equilíbrio ambiental? Há que apostar na educação e, sobretudo, na sensibilização das pessoas. Quando falo de educação, refiro-me às regras necessárias para o saudável convívio entre homem e natureza. Mas, mais do que o mero conhecimento de regras, precisamos de compreender e sentir o que a natureza precisa, para não interferirmos no equilíbrio ambiental. Esta necessidade torna-se tanto mais imperativa, uma vez que o turismo natureza de massas está às portas e, mesmo sabendo que basta o descuido de uma pessoa para deitar tudo a perder, é assustador pensar o que muitas pessoas insensatas juntas poderão fazer.

Uma vez ultrapassado este problema, poderemos passar à fase seguinte e pensar no benefício que este tipo de turismo pode trazer às localidades perdidas nesses pequenos paraísos: dinheiro. Todos sabemos que a deslocação de pessoas implica investimento em localidades abandonadas, cuja população tem tendência a abandonar, em busca de trabalho, contribuindo, desta forma, para a desertificação de certas zonas do país. Estará a solução para estas zonas só no turismo natureza? Não creio... A curto prazo e, quem sabe a médio prazo, passará pelo turismo, mas, se não quisermos criar só um país para "inglês ver", há que investir nos outros sectores, para além dos serviços. Sobretudo na agricultura...  Pelo menos, estas duas actividades têm uma vantagem sobre a indústria... não são poluentes!

 



publicado por fatimanascimento às 20:10
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Sábado, 27 de Outubro de 2007
O fim da Casa Pia?

Desde o último escândalo Casa Pia, e agora com estas últimas denúncias, a tutela do Estado sobre as crianças órfãs, é, novamente, questionável. Quem é o Estado? Para mim, o estado é uma cadeia difusa de rostos, um emaranhado de pessoas cuja responsabilidade no que se passa neste país é quase totalmente desconhecida. Digo quase, porque as pessoas são boas, mas não são estúpidas e têm uma ideia dos culpados, mas só em parte. O que eu quero dizer é que a culpa morre quase sempre solteira. Sempre que se dá um escândalo destes ou existem denúncias, os procedimentos são demorados e inconclusivos. E, depois, para mim, sempre que há denúncia de um caso, está claramente provado que o Estado não tem capacidade de tomar sob a sua tutela estas crianças. Como é que, depois do escândalo Casa Pia, ainda há denúncias destas? O que é que foi feito para evitar novas situações destas? Estas novas denúncias levam a crer que nada, naquela instituição, sofreu qualquer alteração, para evitar novos casos. Pelo menos não foram tomadas as medidas adequadas, já que, se as houve, não surtiram efeito.

   No caso da Casa Pia, a instituição é destinada a educar e a proteger as crianças que lhe são confiadas. E, de facto, não lhes falta nada, nada que o dinheiro possa comprar. Falta-lhes, talvez, o carinho e a protecção de alguém que os ame, os acompanhe individualmente no seu desenvolvimento pessoal até à idade, altura em que possam e saibam decidir por si próprios, e dar, então, um rumo às suas vidas. As crianças com falta de carinho e amor são as mais vulneráveis nesta selva humana, onde impera a lei do mais forte, física e psicologicamente. Com elas, trabalham pessoas que, findo o seu trabalho, regressam às suas casas e às suas famílias. Famílias de que carecem estas crianças. Um rosto que as acompanhe e que substitua o pai ou a mãe que tiveram mas não conheceram, em muitos casos. O que eu quero dizer, é que a instituição tem de repensar a sua estrutura e os seus meios para atingir os seus objectivos. Depois, há imensos exemplos, vindas de instituições privadas que podem servir de exemplo a essa mesma reestrutura. Refiro-me ao caso particular das aldeias SOS, onde as crianças são confiadas a um adulto que é, para todos os efeitos, o pai ou a mãe, dessa ou dessas crianças, e que as acompanha e lhes dá o amor, o carinho e a protecção de que elas tanto necessitam, para crescerem de forma equilibrada e sã. Pergunto-me se não é disto que as crianças da Casa Pia, pelo menos aquelas afectivamente mais carentes e desamparadas psicologicamente, precisam para se evitar mais casos de pedofilia. Não vamos ter a veleidade de pensar que, com estas medidas, vamos acabar com os pedófilos, que certamente terão de buscar ajuda, seja ela de que natureza for, provavelmente médica, (uma vez que a prisão não cura), ou com os gananciosos que, à custa da integridade física e psicológica de crianças, ganham dinheiro com tal negócio. Mas, pelo menos, ficamos com a consciência tranquila, sabendo que, onde se detectou o problema, resolveu-se. O que temos de fazer, e todos nós somos o Estado, uma vez que contribuímos para ele com os nossos impostos, na medida das nossas possibilidades, é exigir a prevenção de casos como estes tristemente conhecidos da Casa Pia, com medidas adequadas.



publicado por fatimanascimento às 15:00
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