Há portugueses que me fazem orgulhar de ser quem sou. Portugueses anónimos que se afastaram cedo do país em busca de uma vida melhor. Não há nada de extraordinário nisto que mereça atenção, não fosse a reportagem lida numa revista semanal que deu a conhecer uma pessoa extraordinariamente inteligente. Há muito tempo radicado na África do Sul, este homem fez muito por aquele país – criou riqueza e empregos. Não negando as suas origens portuguesas, este homem que poderia ter outra qualquer nacionalidade, dá excepcional prova de inteligência e generosidade. O que para alguns poderia ser motivo de problema, ele encara como um desafio ultrapassado. Foi obrigado a dar 30% da sociedade a dois negros que quase nunca aparecem na empresa mas não se enfurece nem desanima, antes pelo contrário, uma vez que, para ele, “liderança não é posição, é acção”. É dono de um património considerável mas, nem assim se tornou ganancioso ou implacável. Está a expandir-se para América Latina, mas não parece preocupado com a situação na África do Sul de onde se recusa a retirar o seu dinheiro. “A terra que o dá é a terra que o leva”. Quando estamos num mundo onde a ganância leva à fuga de capital e aos impostos, por pessoas sem escrúpulos, escolhendo paraísos fiscais para colocarem o seu dinheiro, este homem dá provas de um carácter extraordinário. Não é sul-africano mas a gratidão com que premeia este país por lhe ter dado a oportunidade de construir o seu império, recusando-se a retirar o seu dinheiro de lá, ainda que à cautela, mostra um ser muito superior à maioria que circula no meio negocial e até fora dele. Veio do nada, mas não renega as suas origens, revelando-se apenas um ser aberto a todos os desafios e com o espírito necessário para os ultrapassar, sem medo. Confia nesta terra de oportunidades independentemente do que o futuro lhe reserve. Não há cidadão mais universal do que este que sabe repartir os seus sentimentos e o seu respeito por todas as partes por onde passa. E não deixa de ter sucesso por ser assim! São pessoas destas que nos fazem orgulhar de sermos quem somos. São pessoas assim que fazem o mundo girar de uma forma mais saudável. São pessoas destas que ajudam a criar um mundo melhor.
Há pouco tempo, li uma notícia sobre a recuperação de casas, de traço e construção antigos, que estavam votadas ao completo abandono numa localidade onde só existiam dois habitantes, já idosos, que haviam resistido ao destino da partida. Uma empresa portuguesa, antecipando-se a outra inglesa, adquiriu aquela aldeia e reconstruiu as casas com fins turísticos. Aqui poderão adquirir-se casas de férias para portugueses e estrangeiros. As outras que não serão vendidas irão, ao que parece, ser exploradas como unidades turísticas. Até aqui conseguiu-se algo bom para aquela pequena localidade, esquecida no tempo e no espaço, a recuperação do património habitacional, e a sua repovoação, ainda que periódica, que dará vida àquelas paragens.
Este património que estava votado, até há pouco, a um desaparecimento total, uma vez que o ninguém ligava àquelas casas ou pensava sequer
No que à recuperação do património diz respeito, pode dizer-se que o objectivo foi atingido, agora, temos é de pensar, ao mesmo tempo, na repovoação e fixação das populações às localidades. Para isso, os projectos têm de ir mais além do património habitacional. Têm de ser acompanhados por um projecto de desenvolvimento da própria localidade. Não falo só da parte mais lógica que será o desenvolvimento agrícola, que tanta falta nos faz, mas de outros projectos que, a partir daquele, virão atrás. É só pôr a imaginação a funcionar. Há muito a fazer neste país, para além da parte económica, a que se dá tanta importância hoje em dia, há muito a fazer no que respeita ao conhecimento da flora e fauna locais, a preservação do património arqueológico… e muito mais. O resto virá, estou desconfiada, por si.
Fátima Nascimento
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