É uma das especialidades da medicina tradicional. É a ela que recorrem milhares de pessoas com queixas das mais variadas espécies. No meu caso pouco ou nada me ajudaram a não ser a aliviara dor e a tentar travar a inflamação. Mas vamos à história. Há muitos anos atrás, tive uma ciática derivada de um esforço que fiz e que estava para além das possibilidades do meu corpo. Fiz exames que nada revelaram. Fiquei de cama imenso tempo destinada ao repouso e à medicação. Até que um amigo meu me falou de uma massagista que curava imensos problemas. Marquei consulta e lá fui. Devo dizer que levei o exame para o qual ele não olhou sequer. Olhando para mim, percebeu que tinha a bacia desnivelada e uma perna mais curta do que a outra, para além de estar torta. Usando só as mãos como terapia nivelou-me a bacia e saí de lá a andar pelo meu pé. Em Novembro, fiquei doente com o mesmo problema, mas recuperei só com a ajuda dos medicamentos. Levou uma semana. Regressei ao trabalho a coxear, mas passou. Quatro meses depois, devido a outros dois esforços e ao peso da minha pasta, o problema regressou agravado. Fui ao hospital. A dor insuportável ia da base da coluna até meio da nádega direita e daí escorria até ao pé. Perdi mesmo parcialmente a sensibilidade nessa perna. O mesmo velho procedimento. Estive imenso tempo de baixa até que encontrei outro massagista, com o curso também tirado na África do Sul, (o outro reformou-se) que, só com as mãos me está a ajudar. Já mexo o joelho direito e recuperei parte da sensibilidade da perna. Mais quinze dias e estarei boa.
A actividade destas pessoas e o reconhecido êxito que obtêm junto dos pacientes deve ser reconhecida. Para evitar que a ortopedia seja considerada, para muitos problemas, uma ciência obsoleta, deverão os médicos especializados fazer, em jeito de pós-graduação ou como disciplina integrada no curso dessa especialidade, este mesmo curso ou outro, uma vez que eles próprios reconhecem (não falo dos da especialidade para quem a operação ainda é a última mas única solução) a eficácia desta terapia. Há que pensar seriamente nisto, ou esta especialidade cai na descrença terminado mesmo por morrer. Cada vez mais estas terapias são procuradas pelo elevado nível de êxitos. Conheço mesmo médicos que, uma vez formados, optaram por fazer outros cursos. E o sucesso é garantido. Teremos perante o fim da medicina tal como a conhecemos?
Para os adultos é complicado, sempre foi. Estar doente implica faltar ao trabalho e isso, pelo menos nos tempos que vão correndo, tornou-se quase um crime. Tudo quanto envolva a criação de riqueza é encarada como prioridade na sociedade actual. Se calhar, e se pensarmos bem, sempre foi assim. Só que agora, e depois de se terem conquistado alguns direitos, parece que forças contrárias tendem a escolher paradigmas ultrapassados. O trabalho cria riqueza, é verdade, mas esta não é tudo. Não é sobrecarregando as pessoas com horas de trabalho, ou evitando que faltem ao trabalho, que se vai conseguir uma sociedade feliz. Uma sociedade que não é feliz é uma sociedade instável, ainda que, aparentemente, mostre o contrário. As democracias precisam de pessoas responsáveis, inteligentes e sérias à frente de um país, sob pena de que tudo descarrile. Estamos a chegar a um limite, e todos já sentiram isso. É que as realidades, mais do que pensadas, são sentidas. A inteligência não é algo que se espartilhe numa pessoa. Nada mata a inteligência, nem ninguém fica indiferente ao que se passa num país. Portanto, não é aumentando a carga horária de um trabalhador que este fica mais estúpido, quando nunca o foi. Os próprios empresários reconhecem que o aumento da carga horária não beneficia ninguém. O equilíbrio beneficia todos. Enquanto os pais trabalham, os filhos, quando não têm ninguém para tomar conta deles, ficam ao cuidado das escolas que aumentaram as cargas horárias. Os alunos não têm tempo para dedicarem a si próprios, o que não os beneficia também. Chegam a casa cansados e lançam as pastas para o chão, sem vontade de lhes tocar. Não os culpo. Eu não sei dar o valor, porque tive sempre tempo para tudo. Tinha uma carga horária que me permitia estudar e brincar. Agora, os alunos, para além da escola, pouco mais tempo têm. Ultimamente, até o direito a estarem doentes lhes parece ter sido retirado. A minha filha mais velha está no nono ano. Esteve doente da garganta, tomou antibiótico e voltou para a escola. Não podem dar mais do que x faltas, sob pena de terem de fazer um exame no final do ano. Eu fiz-lhe ver que a saúde vinha sempre primeiro. Não quis saber, o espectro do exame falou mais alto. O resultado foi péssimo. O tempo veio dar-me razão. Passados dias, ela piorou. Agora, vê-se obrigada a ficar mais tempo em casa, aquele tempo que não teve antes. Os estudantes estão revoltados e têm as suas razões. Acho que não é atirando ovos à ministra que se resolvem problemas, mas o acto em si revela algum desespero. Sentem-se espartilhados, sem espaço de manobra. E ainda não experimentaram no mundo do trabalho… Mas pode ser que, até lá, alguém com imaginação, para além da formação, e com algum bom senso, já tenha encontrado uma solução para o problema das faltas por motivos de saúde. Eu sempre enfrentei essas faltas com a coragem necessária: faltava quando tinha de faltar. Não estava a enganar ninguém. O direito à doença é algo que não pode ser contornado.
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