opiniões sobre tudo e sobre nada...

Sexta-feira, 6 de Fevereiro de 2009
Peso do euro ou simples evolução dos tempos?

Lembram-se das manhãs em que nos levantávamos cedo para ir ao pão? Pegávamos no saco branco bordado e dirigíamo-nos à padaria do bairro, com o número das unidades bem memorizado ou com o papel riscado (ajuda aos mais distraídos) à pressa pelos pais que jazia perdido no fundo desse saco? Lembram-se das carcaças também conhecidas por papo-secos? Aquele pão ligeiramente esguio, leve e pequeno, com um vinco ao meio e terminado por duas pequenas pontas redondas, uma de cada lado, com uma côdea levemente dourada e estaladiça, do qual se desprendia um aroma delicioso a pão quente? Sim, esse mesmo. Voltávamos para casa, com o pão agasalhado dentro do saco, e aquele aroma acompanhava-nos, reconfortando-nos a alma. Esperávamos ansiosamente pelo momento de chegar a casa, para pegar numa faca, retirar a manteiga do frigorífico, abri-lo e barrá-lo… que delícia! Lembram-se como as carcaças eram acessíveis à maioria dos bolsos? Já não são mais…

  Estava, um dia destes, numa daquelas intermináveis filas, características das grandes superfícies, quando dei por mim a reflectir no preço do pão. Trazia quatro sacos de carcaças, dentro daquelas embalagens plásticas, com uns buracos minúsculos, cada uma com cinco, a 89 cêntimos cada saco… dá 3,56. Isto, na antiga moeda portuguesa, dá 712 escudos. Dei 712 escudos por 20 carcaças! Já o havia pago mais caro - a 98 cêntimos o saco de cinco! Ao que parece desceu. Não percebo muito da política de preços, mas, com a crise financeira instalada, o aumento dos preços e o desemprego são um sinal de fome nos tempos vindouros… se ela não existir já! E com ela o enfraquecimento do corpo e toda a espécie de doenças! Como todos nos cruzamos com todos, as doenças não irão conhecer fronteiras e, tal como na Idade Média, (nem sei porque me lembrei desta época), ela não distingue o pobre do rico. A peste pode ser outra, mas os contornos estão lá. Isto mostra que não evoluímos nada a nível das mentalidades desde os tempo mais remotos! Que rico mundo, estamos a construir! E que tal optar por um não aumento dos preços, este ano, para variar, e não piorar o problema social com que nos debatemos?

 



publicado por fatimanascimento às 08:27
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Quinta-feira, 13 de Novembro de 2008
A extraordinária evolução humana

Voltei agora mesmo do hospital com a minha filha do meio. Na semana anterior, já lá estivera com a minha mais nova. Provavelmente, na próxima terei de lá voltar com mais velho. O mesmo problema de saúde, originado pelo mesmo animal microscópico que o ser humano ainda não consegue combater eficazmente. Nem nos lembramos dele! Talvez devido ao tamanho – não se vê! As pessoas, habitualmente, não se incomodam com aquilo que não vêem ou não se apercebem. Também só quando são atacadas por ele é que lhe dão importância. Como é que seres vivos tão pequeninos conseguem fazer tanto mal? Chegam mesmo a matar! E quando não é o responsável directo pela morte, a sua forte contribuição está lá. Mais um batalhão de comprimidos, neles incluído o antibiótico, para ajudar o corpo a expulsar o dito ser que vive só para matar. É talvez o maior predador do ser humano, acarretando um palmarés de mortes que ainda não foi suplantado por nenhum outro. Ao passar um olhar histórico pelos séculos anteriores, damos conta disso mesmo. Para mim, o vírus é um animal esperto, para o mal, mas é. A prova está na sua capacidade de adaptação e de tomar várias formas para resistir e ultrapassar toda a forma de combate que o ser humano lhe faz, tentando escapar à morte que lhe está destinada e votando ele mesmo esse ser onde se hospeda a esse fim a que tenta safar-se. Houve alguém, no início do século anterior, que votou a sua vida à procura de um meio capaz de livrar muitas pessoas da morte provocada por ele. E o antibiótico é, sem dúvida, a grande descoberta de todos os séculos, a nível científico, que alguma vez foi feita pelo ser humano, embora não mate o vírus, só ajuda o corpo a expulsá-lo. É, pelo menos, aquela a que devemos estar mais gratos, pelas vidas que já salvou! O problema é que parece que nada evolui no sentido de se criarem novos meios de combater eficazmente este ser ou usá-lo no sentido de salvar vidas. Já se faz isso com as vacinas. Mas o maior problema está em não se ver nele a maior ameaça à vida humana. E se mudamos a página de um século em que o antibiótico já não é eficaz e não temos nada para o substituir? Temos armas capazes de destruir a vida humana em poucos minutos, mas não temos nada que mate um vírus, ainda. Talvez os cientistas precisem de autonomia para trabalhar, no sentido de dar azo a toda uma procura científica capaz de se centrar num problema urgente, em vez de endividarem esforços em campos que em nada ajudam ou dignificam a evolução humana.



publicado por fatimanascimento às 08:40
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Terça-feira, 15 de Julho de 2008
Nojo

 

Sempre entendi os outros como um prolongamento de mim própria. Somos todos seres humanos, fisicamente todos somos semelhantes: uma cabeça, um corpo, duas pernas, dois braços, pés e mãos. Julgo que, mesmo que visse um ser diferente de mim, não estranharia. Aliás, sempre me lembro de ser uma gaiata muito voltada para o espaço, que sempre me fascinou e intrigou. Não era em vão que eu queria ser astrónoma. Sempre tive um espírito muito aberto e procuro sempre mantê-lo assim.

Quando era pequena, lembro-me de não ter nojo ou medo de praticamente nada. Tudo quanto mexia na natureza, eu tocava e agarrava. Lembro-me das lagartixas e das osgas, duas vizinhas menos apreciadas por mim. Nunca me ocorreu apanhá-las. Limitava-me a observá-las, quando elas nos presenteavam com uma visita ao sol, em cima dos muros quentes e caiados. Com os meus pequenos vizinhos, e companheiros de brincadeiras, acontecia o mesmo. Não tínhamos medo ou nojo de nada. Quando algum de nós tinha um rebuçado na boca, partia-o com os dentes e distribuía-os por nós. Nós aceitávamos com agrado e colocávamo-lo na boca sem qualquer espécie de problema. Havia, na altura, vizinhas que nos alertavam para as doenças ou outras complicações que poderiam resultar dessa troca. Nunca ligámos a isso. Nós sentíamo-nos como que um prolongamento dos outros. O que acontecia a um de nós, era um problema de todos. Lembro-me de uma vez, no regresso do ciclo, ter sido abordada por uma cigano, ainda jovem, que me apontava com o dedo indicador, e dizia: “Foi esta!” Eu nunca vira o rapaz na minha vida. E o caso estava a ficar feio, quando um vizinho meu e amigo se acercou, conheceu o rapaz cigano, percebeu o que se passava e lhe explicou que não era eu. Percebi quanto o cigano o respeitava, porque acatou a sua explicação. Os mais velhos que, entretanto, se aproximavam do grupo que se avolumava, desmobilizaram, e o rapaz, pediu desculpa e seguiu o seu caminho. Agradeci ao Majó, sem perceber ainda o que acontecera. Tratara-se, segundo ele, de uma confusão. Ele já a desfizera. Não deveria pensar mais nisso

Com os meus filhos aconteceu o mesmo. Desde pequenos que sempre partilharam tudo, mesmo o que tinham na boca. Mas, cada vez mais, são as vozes que se levantam, tentando evitar que esse tipo de experiência seja evitado. Eu defendo o contrário. As crianças, tal como eu e os meus amigos de infância, elas também precisam de experimentar essa partilha, esse aconchego do próximo e ao próximo. O pior é que essas vozes são muitas vezes respeitadas, acabando por influenciar pessoas mais vulneráveis, que acabam por sublinhar essa ideia. Noto que isso acontece cada vez menos, e é uma pena, porque nós, seres humanos, só tínhamos a ganhar com isso.



publicado por fatimanascimento às 21:51
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Sábado, 8 de Dezembro de 2007
Os cheiros e ruídos corporais

É incrível como as pessoas se afastam de si próprias, cada vez mais! À medida que avançamos no tempo, as pessoas disfarçam os odores naturais do corpo delas para os substituírem por outros que nada têm a ver com elas, por muito agradáveis que sejam e por muito que se possam identificar com a maneira de ser da pessoa. Não são elas e nada têm a ver com elas! O pior de tudo, é que elas exigem o mesmo das outras pessoas e, se elas não o fazem, já são vítimas de comentários depreciativos! Quanto aos ruídos naturais, resultantes do funcionamento do nosso corpo, são igualmente reprovados socialmente, por muito inocentes que sejam. Estas reacções não são mais do que regras sociais que as pessoas se limitaram a engolir sem as digerirem convenientemente. Logo, qualquer ruído ou cheiro proveniente do nosso corpo é muito mal aceite pelo próximo. Deparamo-nos com estas reacções e comentários diariamente, geralmente pronunciados por pessoas que vivem para reparar nesses pormenores. Depois, é nas crianças e adolescentes que é mais flagrante este tipo de atitudes, uma vez que eles não fazem mais do que copiar as atitudes das pessoas mais próximas que lhes servem de exemplo e lhes incutem essas mesmas regras, não lhes deixando espaço para reflectirem sobre tudo o que lhes ensinam. Mas há algo que me intriga… não aceitamos nada proveniente do nosso corpo, mas convivemos com cheiros nauseabundos de proveniência desconhecida, cheios de bactérias e outros microrganismos que provocam doenças que mesmo os médicos não conseguem identificar, limitando-se a um lacónico relatório clínico de “é uma virose”! Convivemos com ribeiros e rios poluídos, fumos negros e nauseabundos que invadem a privacidade das nossas casas, se colam às roupas ainda mal secas… e limitamo-nos a queixar no momento em que passamos por eles, para logo nos esquecermos do assunto. Todos nós convivemos com toda a forma de ruídos que nos provocam fadiga e doenças, e que acabamos por encarar da forma mais natural, acabando por os ignorar e habituarmo-nos a eles (e nada têm de natural), mas se o corpo faz um ruído é logo notado e comentado, como se de um acto imoral se tratasse! Se nós aceitamos tudo o que é exterior a nós, porque não fazemos o mesmo com o nosso corpo, aceitando-o como ele é, e consequentemente com o dos outros? Porque estranhamos tanto os outros? Não estou a dizer que devemos descuidar a limpeza, só me refiro ao supérfluo! O corpo tem de ser cuidado diariamente, mas não nos podemos esquecer que ele tem o seu próprio cheiro e ruídos naturais, que já nascem connosco e que morrerão connosco. E ninguém é melhor do que ninguém nesse aspecto! Somos todos iguais! Não se deveria repensar a atitude perante estes ruídos e estes cheiros naturais intrínsecos ao nosso corpo? Talvez assim não estranhássemos tanto o próximo...



publicado por fatimanascimento às 02:20
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Quarta-feira, 27 de Junho de 2007
Medicina pública e privada

O sistema nacional de saúde é o mais usado pela generalidade dos portugueses, por ser não só o mais barato mas também por ser o que está mais à mão. No entanto, ele está tão sobrecarregado que, por vezes funciona mal. Os problemas são, por demais conhecidos: falta de médicos que os leva a trabalhar horas seguidas sem descanso nas urgências dos hospitais e, depois, nos centros de saúde, centros de saúde que fecham as portas levando os utentes a deslocarem-se para locais mais afastados do local onde habitam, etc. Se olharmos também aos médicos de família que têm um número de utentes que ultrapassa a sua humana capacidade diária, o que leva muitos doentes a recorrerem ao hospital mais próximo… vemos, desde já, que o sistema nacional de saúde não funciona como deveria. Se juntarmos a isto as consequências que geram todos estes problemas, vemos que a saúde pública corre sérios riscos de adoecer de vez… Um amigo meu, cujo filho se queixava havia já algum tempo de dores no joelho, foi com ele ao hospital da sua região e, após lhe terem feito vários exames, ao que parece inconclusivos, atribuíram as dores ao crescimento do filho. Como se o crescimento normal e saudável fosse acompanhado de dores… Conformados com as explicações médicas, regressaram ambos a casa. Como as dores continuavam, ambos recorreram mais do que uma vez aos serviços daquele hospital, ouvindo sempre as mesmas explicações, que acabaram por não convencer o pai do rapaz que procurou uma alternativa na medicina privada. Acertou em cheio! Depois de alguns exames, o médico ortopedista deu com o problema e explicou ao pai que o rapaz tinha de ser operado o mais rapidamente possível. E foi o que aconteceu, e o que andou empatado durante anos resolveu-se em menos de dois meses… Este é um exemplo de muitos que acontecem por esse país fora. Alguns casos têm a felicidade de conhecer um fim feliz, como este que aconteceu com o filho do meu amigo, mas outros haverá que não conhecem este final feliz. Agora há que pensar, sistema nacional de saúde sim, mas um sistema nacional que funcione e, já agora, com muitos finais felizes!



publicado por fatimanascimento às 20:44
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