Há empresários e empresários. Há empresários e patrões e há patrões que são empresários e empresários que são patrões. A diferença não reside só na designação, mas também no comportamento. Para muitos patrões a empresa é só um meio para enriquecer e não um fim em si mesmo. Passo a explicar. Há empresários que ficam cegos com o dinheiro ganho com as vendas da empresa e não olham a gastos ainda que, para tal, tenham de desfalcar a própria empresa. E isto parece, infelizmente, acontecer mais do que nós temos conhecimento. O que acontece? As empresas desfalcadas pela má gestão patronal acabam por dar sinais de falência. O estado tem conhecimento disso e, para evitar o encerramento das mesmas, resolve investir nelas o dinheiro dos impostos. O patronato, cuja mentalidade não mudou, continua a desfalcar a empresa, acabando por desaparecer esta e o dinheiro público nela investido. Mas esta é a forma mais simples de se resolver o problema porque muitas das empresas andam nisto anos e anos, a viver à conta do estado que acaba por pagar à empresa para trabalhar. Este é o país que temos, porque é a mentalidade que existe. O que não deixa de ser triste. Por isso não chegamos a lado nenhum. Não devemos investir nas empresas mas na mudança de mentalidade dos patrões. Devemos ensiná-los a ser empresários e não patrões. Esta diferença entre patrões e empresários era, aqui há algum tempo atrás, feita por alguém do sector. Para mim esta distinção não me diz muito. O que me diz é a forma de actuar dos mesmos. O que me irrita solenemente, é que estes nunca são responsabilizados, são sempre ajudados. Todos acreditam nas suas histórias, quando, se alguém se desse ao trabalho de investigar o problema da empresa, veria que os desvios desta seriam consideráveis. Há mesmo micro-empresas que nem contabilidade devem ter. O lema ali é “chapa ganha, chapa gasta”, como diria o nosso povo. Se não conseguirmos mudar este tipo de mentalidade, não conseguiremos nunca vencer como país ou como povo. E, como sempre, há alguém que perde neste jogo: e os perdedores aqui são os empregados, os fornecedores e todos os colaboradores da empresa. Porque se todos se esforços vão no sentido de ajudar a empresa mas o patrão não liga a nada (nem mesmo às despesas) pouco ou nada há nada a fazer. Vamos colocar toda esta teoria numa pequena editora. Imaginemos que esta tem bons autores e que os livros se vendem e que o dinheiro ali recebido é gasto sem qualquer tipo de controlo. É fácil perceber que a empresa dá prejuízo. Se juntarmos a isto os esforços dos autores que nos lançamentos e nas apresentações acabam por vender bastantes livros para ajudar a empresa a progredir e depois vêm a saber que o principal interessado no sucesso é aquele que gasta o dinheiro da mesma sem controlo, queixando-se depois das vendas. Ora, quando os autores acabam por descobrir que até vendem e esgotam até a primeira edição e são enganados com a crise e com o pretexto falso das vendas que não se realizam, é demasiado! As pessoas enganadas acabam por denunciar a empresa na pessoa do dono. Quem gosta de ser enganado? O nosso estado. Este tem um respeito cego pelos criadores de emprego, esquecendo-se que são precisamente estes que, indiferentes aos demais, para terem a vida que sonham, não olham a meios para manter um estilo de vida visivelmente superior às posses da empresa. Como a empresa não suporta tais desfalques há que procurar investimentos junto de particulares e/ou do estado. Como o gasto continua a ser superior ou igual aos ganhos, o investimento não vale de nada. Procura-se outra pessoa particular ou pública para novo investimento e assim por diante… Será que este país terá solução?
Cada pessoa é um caso e há bons patrões/empresários que merecem a admiração e o respeito dos empregados e demais pessoas mas também há aqueles que deixam ficar mal a classe. É como em todo o lado. Eu acredito nos primeiros. Enquanto houver pessoas como estes últimos o país, e o povo que nele vive, não podem contar com nada. Eu não sei para onde vai o dinheiro dos impostos, só espero que se olhe primeiro onde se vai investir. Mas como isto parece um mal geral, o próprio estado está sempre a receber dinheiro dos impostos e não tem dinheiro… em quem vamos acreditar? Ninguém. A história está sempre mal contada!
O meu filho já trabalha há algum tempo. A sua preocupação, enquanto actual chefe de família, é mantê-la unida. Eu estou colocada bastante longe de casa e com um horário muito incompleto. Não posso ir a casa tantas vezes quanto deveria ou queria e, como tive de trazer o carro para transportar tudo quanto é necessário a uma pessoa que anda com “a casa às costas”, e estando no interior, não tenho meio de locomover a não ser de carro. (Aliás, ter, tenho, mas os horários não servem, logo é como se não os tivesse.) É com o produto do seu trabalho que ele vai comprar o carro para levar as irmãs à escola e ir, de seguida, para o trabalho, depois dessa volta. Para o rapaz é também um sonho tornado realidade. Comprar um carro com o seu próprio dinheiro.
Até aqui, nada há a dizer não fosse o rapaz contar-me que o carro comprado por ele estava no nome do pai assim como o seguro embora seja o filho a pagar ambos. Não sei qual a vantagem de se pagar um objecto (carro) que está no nome de outra pessoa. Porque pai, muitas vezes, e é o caso deste homem, não tem o significado que tem para a maioria das pessoas, isto é, aqui não a palavra “pai” não tem, definitivamente, o mesmo significado que tem para a maioria das pessoas. Aqui, “pai” é mais sinónimo de “padrasto”. Mas um padrasto do estilo dos contos populares, isto é, mau. E o rapaz conseguiu mais, neste pouco tempo de vida, do que o pai na mesma idade. Talvez resida aqui a sua incomensurável inveja sempre cuidadosamente disfarçada com um sorriso para iludir os demais. Eu era incapaz de fazer isto! Ultrapassa-me completamente. Já lhe enviei uma mensagem dizendo que não concordava. Alguém tem de parar um indivíduo destes! Mas, como não tem vergonha, só medo, o resultado é o mesmo. Eu, que tive um pai tão diferente, tão bom, não compreendo estas atitudes, ainda por cima vinda de um indivíduo que só conseguiu chegar onde chegou na vida com bastante ajuda! Estou tão revoltada, enquanto mãe, que até tremo com a injustiça. Detesto injustiças! Se fosse eu a fazê-lo era diferente. Jamais lhe pediria que o carro ficasse em meu nome! Depois, não acredito num homem que já nos prejudicou bastante. Agora, como vamos proteger a família de alguém que está tão perto familiarmente de outra? Como proteger um filho de um pai daqueles? Como evitar que um pai assim explore o seu próprio filho? Eu, que já fui tão prejudicada por pessoas como ele, vejo o filme a repetir-se com o meu próprio filho! E sei que, um dia, mesmo que ele aparentemente mostre boa vontade, sei que teremos de andar atrás dele para colocar o carro no nome do filho e ele só o fará quando quiser e lhe apetecer. Sabendo o sadismo que o caracteriza, tarde ou nunca isso acontecerá. A única coisa que posso fazer é pedir desculpa aos meus filhos. Adoro-os, mas se soubesse o que sei hoje, teria tido os mesmos filhos mas, definitivamente, com outro homem! Não é a atitude que está em questão, é a pessoa! Se fosse outra pessoa, totalmente diferente, estaria descansada. Assim, não!
É frustrante perceber que o único aspecto que efectivamente evolui é o tempo, para além do aspecto tecnológico! O ser humano mantém-se na mesma! Embora haja pessoas que evoluam mentalmente, outras há que parecem manter-se fechadas em casulos não se abrindo à verdadeira evolução. Chamo verdadeira evolução a toda aquela que contribui para a felicidade do ser humano, sendo todo o resto inútil ou prejudicial. Continuam a existir práticas, algumas delas criminosas, que indiciam mentalidades retrógradas e mesquinhas só voltadas para a satisfação da ganância humana. O dinheiro continua a ser decisivo
Não fugimos à tendência geral. Estamos constantemente a ser bombardeados por propaganda que nos estimula ao consumismo. Mas, o que faz com que a propaganda seja tão eficaz assim junto das pessoas? O que leva as pessoas a deixarem-se deslumbrar pelo lado material da vida e que a publicidade tão bem explora? O que nos deixa um vazio tão grande nas nossas vidas, que necessitamos de preencher tão avidamente? Nunca fui uma consumidora compulsiva, até porque nunca tive dinheiro para tal. Também não há grandes bens materiais capazes de me deslumbrar a ponto de não resistir. Não me interessam. Passo bem sem muitos produtos que outros consideram fundamentais. Talvez por isso mesmo não precise de muito dinheiro para viver. Nunca precisei. As minhas necessidades restringem-se às mais básicas. Encontrei pessoas, ao longo da minha vida, que eram o oposto. Lembro-me de um casal, em particular, que me pediram dinheiro, para o “fiambrinho para o filho. Eles passavam com qualquer coisa mas para o miúdo não poderia ser assim.” Foi então que percebi como os meus filhos passavam bem com o simples pão com manteiga, nunca exigindo nada. Nunca me passaria pela cabeça pedir dinheiro a alguém para melhorar a comida dos meus filhos. Olhei para o miúdo que parecia pouco à vontade. Tive pena dele. Percebi tudo! Se a mãe e o padrasto não conseguiam gerir o dinheiro para eles, como o fariam com o rapazito, entregue aos avós paternos, que estava a passar uns dias com eles? Queriam cem euros ou mais. Prometeram devolver-me o dinheiro. Escusado será dizer que nunca mo devolveram. Nem mesmo quando precisei. Percebi que estava perante pessoas para quem o dinheiro nunca seria demasiado. São daquelas que se colarão a alguém ou prejudicarão alguém em benefício próprio. Não me enganei. Mais tarde, descobriu-se que enganavam a própria instituição, para quem trabalhavam, retirando pequenas somas de dinheiro. O contabilista deu por isso. Estava certo, mas desconfianças foram abafadas. Até porque o seu prestígio do casal dentro da instituição era grande. Mais tarde, conheci outros. Um desfile que terminou num ex-companheiro que, passando por cima da minha vontade, pegou em dois cartões de crédito que utilizou para além do limite. Mais tarde, apareceram outras dívidas. Algumas instituições financeiras avisadas por mim, que as coloquei ao corrente do que se passava, puderam safar-se de um indivíduo como ele. Outras, mais incautas e a ser vir a ganância das empresas, foram burladas por ele. Como explicar então a minha assinatura? Fácil! Como fui estúpida! Ele gabava-se de ser um perito na imitação de assinaturas. Aliás, gabava-se de imitar a assinatura de clientes, segundo ele, para evitar que os papéis andassem de trás para a frente, aliviando a burocracia. Como é fácil de perceber, não durou muito a relação. Está cheio de dívidas! O que é estranho é que tem dinheiro para as pagar! Não consigo perceber pessoas assim! Há pouco tempo apareceram para lhe penhorar o carro que lhe vendi porque não pagara a poucas mensalidades que faltavam! Como é possível haver pessoas assim? Como é possível que grandes empresas de telecomunicações aceitem parceiros a ganhar à comissão com um perfil destes? Não abona nada a favor delas! Será que não pensam estas pessoas? Como ficará a sua imagem se se descobrir a verdade? Sobretudo quando se vive da imagem… para enganar o próximo. Quanto às suas dívidas, estão à espera que as pague!
Há já alguns anos atrás, devido à minha vida nómada, tive de comprar um carro. Como nada é eterno, o outro já tinha dado a sua corajosa contribuição para ela. Como toda a gente que precisa de comprar qualquer coisa, e tem tempo, entrei em várias lojas de carros, não só para admirar os carros, mas, e sobretudo, para ver os preços. Estes, dentro da linha económica que procurava, não variavam muito. O que variava era o preço do dinheiro. Recordo o senhor, ainda novo, que suava para vender o carro que me agradou, mas a financeira à qual estava associada a marca, naquela cidade, jogava com uns juros muito altos. Alargou o nó da gravata, enquanto deixava escapar entre dentes, num sopro, a necessidade urgente de encontrar outra financeira. Em desespero de causa, o senhor chegou mesmo a aconselhar a procurar uma loja da capital, da mesma marca automóvel, cuja financeira, com quem trabalhava, praticava uns juros mais de acordo com a realidade social do país. Ali, num pedaço de tempo, e mesmo apesar de nunca me ter debruçado sobre este assunto, compreendi que eram as financeiras e não as marcas propriamente ditas, pelo menos naquele caso, que eram, em grande parte, as responsáveis pela crise na produção automobilística.
Ainda há pouco, passei por um quiosque onde estava anunciada uma marca automóvel, que anunciava um modelo e o preço a pagar pelos audaciosos, que, e apesar dos tempos difíceis que atravessamos, apresentava um preço que rondava os 400 euros, precedido pela já conhecida expressão a partir de. Não está, aqui, em causa a marca ou o valor do modelo, mas o preço exigido só pode ser pago por meia dúzia de pessoas e elas poderão ser ou não apreciadoras da marca. Se a indústria automóvel já está em crise, tendo já havido despedimentos na mesma, estes preços não vêm ajudar, em nada, a mesma. Só vem prejudicar ainda mais. O que eu não compreendo é a lógica do mercado. Em tempos de crise, como a que atravessamos, este tipo de publicidade dirige-se a que camada social? Como é possível que o dinheiro continue tão caro? Acho que toda agente já percebeu que os grandes ganhos só existem em tempos de vacas gordas. E não me parece que sejam os juros altos que ajudem aos ganhos. Será que eles nunca ouviram falar de concorrência? Ou passa-se nas financeiras
o mesmo que se desconfiou já passar-se com as gasolineiras? Será que combinam entre elas o preço do dinheiro? Se assim for, elas vivem num mundo muito diferente do resto do país. Nem percebo bem onde querem chegar…
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