A crise exige um grande esforço de todos nós. Refiro-me ao esforço financeiro. Com cortes no salário e o aumento de impostos, temos de cortar forçosamente nas despesas. Num país onde o salário mínimo nacional é uma miséria, comparado com o dos outros países, exige-se ainda mais. Mas a exigência é unilateral, nunca bilateral. Se, de um lado, se exige a quem mal consegue já sobreviver, do outro a situação é quase igual, não se notando qualquer diferença. Esta, a existir, reflecte-se, provavelmente, nos excessos. Ora, mesmo nos excessos, se compararmos com o país vizinho, o nosso ainda consegue superá-lo. Se o primeiro-ministro espanhol, que está à frente de um país que, comparado com o nosso, o suplanta largamente em dimensão e em população, vê as suas despesas, assim como o seu salário, reduzidos, o mesmo se não pode dizer do nosso que, com menos contribuintes, ainda o suplanta. Algo aqui está mal. Há aqui uma lição mal aprendida algures. E sendo um povo que esbarra com a matemática, talvez o nosso primeiro-ministro não tenha feito bem as contas, ou talvez as tenha influenciado. Ninguém está à espera que as pessoas com altos cargos sirva de exemplo, não são, nem devem sê-lo. A sensação dada é que, até nas crises financeiras, há cargos acima das crises. Aparentemente, só em Portugal. Temos uns governantes excepcionais. Deve ser por isso. Só que não nos damos conta. Às tantas, ainda somos acusados de ingratidão. Na comparação efectuada com o homólogo espanhol, o nosso primeiro-ministro destaca-se, pela negativa. Não sei o que se passa na sua cabeça: existem cortes brutais em todo o lado, menos para ele. Se os houver, é só nos excessos. Mas não é só o chefe do governo. Os administradores das empresas públicas também continuam a ter salários muito acima da média nacional. Hoje, ao ouvir os protestos do pessoal despedido da “Ground Force” pensei que, talvez, em vez de despedirem os trabalhadores, devessem começar pelos administradores. Se há crise a culpa não é, certamente deles, mas talvez a administração não esteja a cumprir bem as suas funções. Ou, até, talvez o estado que não parece saber administrar bem o dinheiro que recebe do suor do rosto dos trabalhadores. E eles sabem disso, daí a sua revolta! Tudo neste país é bom, salvo os trabalhadores que, ao que parece, são sempre dispensáveis. Não têm, aparentemente, valor. Mesmo não sendo eles que levam a empresa à falência! Não temos notoriedade. Nem somos donos daquilo que é nosso! Mas eles, sem os trabalhadores, não são nada!
Desde nova que sou uma apaixonada pelas artes na sua mais variada forma: música, cinema, literatura, etc.. Quando era mais nova, deixava de comer, nos intervalos, para poder comprar os discos e os livros (na altura não havia cassetes de vídeo!) que mais gostava. Nunca recorri à pirataria. Também não era fácil, mas acontecia. Lembro-me de ter copiado para cassete os discos de uma amiga minha de infância, que chegara há pouco de França, com um manancial variado de músicas dos anos 70, uma vez que não tinha possibilidades de encontrar essas músicas no nosso país, nem poderia nunca comprar aquela quantidade de discos! Assim, limitava-me a seleccionar os que mais me agradavam. E era difícil a escolha! Levava, por vezes, imenso tempo a decidir-me pela escolha certa!
Se olharmos para o presente, percebemos que os tempos mudaram, mas a realidade social não se alterou muito. Ainda existem muitas famílias para quem é difícil arranjar dinheiro, dentro do magro salário, para investirem em cds e dvds cujos preços, na sua maioria e salvas raras excepções, são altos para os ordenados médios. Eu, que neste momento passo por uns tempos de maior dificuldade, não me posso dar ao luxo de investir na compra de produtos que não sejam os estritamente necessários. Quando podia, limitava-me a comprar algum, de tempos a tempos, quando o mês era menos apertado em termos de despesas. Eram caros. Continuam caros!
O que acontece é que as pessoas gostam de investir na cultura que apreciam e até investiriam muito mais se tivessem mais dinheiro, para o fazer. Depois, se olharmos ao dinheiro que fazem os vendedores do mercado negro, podemos avaliar isso mesmo. E, quando os produtos estão mais baratos, há sempre a tendência a comprar mais do que um. Mas até estes são lesados, quando as pessoas vêem uma outra forma de obter estes produtos mais baratos: os cds e dvds graváveis, muito mais baratos onde se colocam músicas ou filmes sacados da net. Provavelmente é o que esses vendedores fazem também, embora tenham ainda a despesa da capa e o trabalho de os carregar até aos mercados. Não condeno ninguém, para isso existem a polícia e os tribunais. Eu limito-me a compreender a situação que, ainda assim, tem muito de incompreensível. Por exemplo, muitas vezes, verifiquei que os gaiatos mais ricos eram os que recorriam mais à pirataria. Mas eu tenho uma certeza: se estes produtos culturais fossem mais baratos, isto é, mais compatíveis com o poder de compra médio dos portugueses, a indústria não estaria em crise e as lojas não se queixariam tanto da queda das vendas. Eu aproveito para comprar nas alturas em que estes bens culturais estão a um preço razoável e em que posso comprar vários pelo preço de um. Nessa altura, todos ganhamos!
Sei que há muitos pais que gostam muito dos filhos e que, depois do divórcio, continuam a ser o que eram e, às vezes, mais zelosos ainda. Mas também sei, e sabemos todos, que há pais que, após o divórcio, se esquecem dos filhos e, muitas vezes, se tivessem uma borracha e poder para tal, apagariam a família que deixaram para trás. Falo daqueles que não cumprem não só os deveres legais estabelecidos no regulamento do poder paternal, como por exemplo o pagamento de metade das despesas escolares e médicas (ou só o fazem quando lhes apetece!), como também não pagam infantários porque, e segundo eles, a pré, não é ensino! Ora, se pensarmos que os infantários públicos não têm horários compatíveis com os de quem trabalha, as pessoas não têm alternativa senão recorrer aos infantários privados, que, por sinal, são bastante caros! Os preços rondam, sem comparticipação estatal, os duzentos euros (quando não é mais!). Esta quantia já é difícil de suportar quando há dois ordenados, agora quando o ordenado é só um... não é difícil de perceber que mais difícil se torna. Se juntarmos a tudo o que já foi dito o problema que é fazê-los pagar o que por obrigação lhes foi atribuído, aqui o problema é mais complicado! Ao princípio, quando me divorciei, consultei um representante do ministério público, meu conhecido, que me disse que o que ele ficava a pagar era muito... o pai das crianças sabia, e eu também, que ele o podia e devia fazer, uma vez que abandonava a casa e havia duas grandes dívidas a pagar que eram a casa e o carro. Depois, quando percebi que o pai das crianças não pagava a parte que lhe cabia dos livros e despesas de saúde, pedi ao tribunal uma quantia mais alta, abrangendo já despesas médicas e escolares que ele já não pagaria, (ele dava 350 euros e eu pedi 500, não esquecer que este dinheiro era para 3 crianças), não esquecendo que os 350 euros era a despesa mensal do carro... mas, "erro meu" ou "má fortuna", o que é certo é que ainda me tiraram dinheiro... passei a receber 300 euros e 150 no mês de Agosto devido às férias! Toda as pessoas presentes naquele tribunal estavam do lado dele! Até a minha advogada foi dessa opinião! Mas este é só um exemplo do que se passa por aí... e não se trata de denunciar pessoas mas atitudes/mentalidades que devem mudar! Daqui só poderemos concluir que o que está a dar é ser-se irresponsável e leviano, nos dias que correm! Só esses parecem ser entendidos e...atendidos!
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