O deslumbramento é um sentimento como outro qualquer. Invade-nos quando nos deparamos com algo, alguém ou alguma situação que supera todas as nossas expectativas. Não é melhor nem pior que todos os outros com quem já estamos familiarizados, é mais um. Tal como todos os outros sentimentos, com os quais já estamos familiarizados, este também pode ser castrante, se não soubermos ultrapassá-lo. O perigo, da maioria destes sentimentos menores, chamemos-lhes assim, é este mesmo -o de o não conseguirmos ou o de nem sequer tentarmos ultrapassá-lo. Porquê? A resposta é simples: não conseguimos evoluir. Ora vejamos. Só somos invadidos por este sentimento quando achamos que estamos perante algo de excepcional e que dificilmente será ultrapassável. Não é assim. Nada é inultrapassável. Todos nos podemos superar a nós próprios e a tudo quanto nos rodeia. Vamos procurar um exemplo concreto. Imaginemos que uma pessoa conhecida que produz uma peça de teatro. Esta, devido ao seu carácter, é muito difícil de produzir, encenar… De repente, alguém aparece com uma ideia fisicamente brilhante para colocar em pé esse cenário que cria maravilhosamente o ambiente exigido para essa peça. (Desde que entre nos parâmetros daquilo que colocámos ou aprendemos a colocar como excelente e, por consequência, inatingível/inultrapassável.) A primeira preocupação dessa pessoa é sempre registá-la para poder usufruir dos respectivos direitos de autor. E muitas vezes, o preço não é acessível a outros interessados. Como ficaram deslumbrados com aquela ideia considerada excepcional, não são capazes de ver outra saída para além daquela. Tudo quanto possam fazer ou possam idealizar vai-lhes parecer menor do que aquilo a que assistiram. Logo, não se atrevem a produzir aquela peça. O que todos precisamos de perceber, é que nada é inultrapassável. Nenhuma ideia é melhor do que a outra, só diferente e que não há apenas uma solução para qualquer situação, seja esta qual for. Há soluções fisicamente menores mas que conseguem atingir os mesmos objectivos que os outros considerados “maiores” ou “melhores”. Eu, pessoalmente, posso gostar ou não gostar mas raramente me deixo deslumbrar, seja por aquilo que for. Procuro tirar o máximo partido daquilo que me é dado tentando não me esquecer nunca de que nada é inultrapassável. E que há uma enorme pluralidade soluções, todas elas boas e igualmente viáveis. O deslumbramento é um sentimento que, apesar de sentir, tento combater, como acontece com outros, para evitar aquilo que já mencionei atrás – a castração – seja ela de que natureza for.
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