opiniões sobre tudo e sobre nada...
Quarta-feira, 17 de Setembro de 2014
Desemprego e internet
Todos os anos milhares de professores enchem os Centros de Emprego do país. Vêm acompanhados da respectiva declaração em suporte de papel ou em suporte digital. E quando este não substitui o outro?
Todos os anos, a partir de meados de Agosto, se começa a receber a declaração de desemprego. Este ano, por qualquer razão, recebi-a mais tarde, e só depois de enviar um e-mail com o pedido. A resposta veio em forma de e-mail. A esperada declaração veio anexada. Hesitação. Deveria copiá-la para uma pen? O número da declaração, só por si, seria suficiente para ser encontrada no sistema? Apostei nesta última. Erradamente!
Chegada ao Centro de Emprego, e após a passagem pelas formalidades normais, entro num gabinete. Entrego o cartão de cidadão. Pedem-me a declaração. Trago o número. Não deu. A pen que não trouxe? Também não dá. Medo de vírus. No sistema, só a escola de há três anos. Tive de regressar a casa. Copiar a declaração para uma pen. (Não tenho impressora!) Fui a uma tabacaria. A impressora só lê ficheiros em PDF. De volta a casa. Converti ficheiro do word para PDF. Regressei à tabacaria. Já com o papel na mão, regressei ao Centro e Emprego. Apresentei o documento à mesma senhora. Expliquei as voltas dadas para conseguir o desejado papel. Desculpas. Compreensão. Problema resolvido. Assunto tratado. Rumei à Segurança Social. Entreguei os papéis do Centro de Emprego. Não. Não recebiam papéis. (Espanto. As pessoas que não sabem da nossa vida são as que têm os nossos formulários?) A senhora do Centro de Emprego não tem a certeza que o formulário tivesse sido submetido. Tinha uma esperança que tivesse seguido. Mas estava a dar erro. Verificada a situação, o formulário chegara ao destino mas… com erro! Acusava falta de documentos. Incompreensão geral. Telefonema para a capital regional. Qual o documento em falta? Espera. Faltava a data da DSD! À frente da “Declaração comprovativa de desemprego”, a falta da data e à frente, e por baixo de “Apresentado”, o “Não”. Porque faltava a data! Teria de regressar ao Centro de Emprego. A chefe do serviço regional, interrogada pela funcionária, diz que não. Que depois de ser analisado o formulário, tudo se resolveria. Pelo sim, pelo não, terei de regressar dentro de dois ou três dias à Segurança Social, para verificar se tudo estará devidamente resolvido, tal como disseram que aconteceria… Nada é infalível, mas...
Tanta tecnologia e tão pouca eficácia!
Terça-feira, 17 de Setembro de 2013
O desemprego docente e o défice orçamental
Os professores são funcionários públicos. Fala-se do excesso de funcionalismo público. Os professores, depois do conhecimento do número elevado de desempregados, são considerados excedentários. Se não o fossem, não haveria necessidade de os deixar de fora. Há, portanto, professores a mais. Segundo a lógica governamental. É aqui que o governo, mais concretamente o Ministério da Educação, julga poder cortar despesa. Vamos a ver se são realmente excedentários. Depois de esperar a colocação, e sempre com uma menor atrás, fui pedir a transferência da pequena. Deparei-me com um panorama desolador. As turmas são enormes. Lista intermináveis de nomes. Mesmo as turmas com alunos NEE ultrapassam os vinte alunos. A escola assegura a colocação numa dessas turmas enormes. Mas não dá certezas. Se isso não acontecer, poderá ter de se deslocar para a escola da localidade mais próxima, caso haja vaga para ela. E assim por diante. É claro que não contei nada à pequena para não lhe criar qualquer tipo de ansiedade ou de insegurança. Mas estou preocupada enquanto Encarregada de Educação. Como irá ser o aproveitamento nestas turmas enormes? Principalmente, quando a indisciplina de alguns alunos é deveras preocupante. Como contornarão os docentes esta questão? Quantos mais são, mais força sentem. A possibilidade de distracção aumenta.
Depois disto, pergunto-me se há relação entre o cumprimento do défice orçamental e este desemprego alargado quase forçado. O dinheiro poupado à custa de um serviço sobrecarregado e desafiador do ponto de vista do professor (um tom de voz mais forte, um ruído de fundo desafiador…) e o problema de uma turma sobrecarregada de alunos (a desatenção, a falta de uma boa audição pode levar à distracção e ao desinteresse pelas actividades lectivas e possível abandono escolar).
O primeiro-ministro e os seus secretários de estado, e sabe-se que são muitos, que deveriam trabalhar numa solução para o défice continuam a fazê-lo à velha maneira: cortando no que deveria ser uma prioridade e nas classes mais desfavorecidas e desprotegidas: uma educação forte como aposta no futuro. Isto dá que pensar. Talvez o primeiro-ministro devesse abrir mão desses secretários de estado que parecem não ter utilidade. Para soluções destas não é preciso pôr tanta gente a pensar… ou serão simplesmente tachos para amigos?
Segunda-feira, 4 de Outubro de 2010
Licenciados e desemprego
Aqui há uns anos atrás e depois de uma perseguição violenta, originada por invejas, tive de pedir a demissão do ensino. Procurei alternativas para os dois anos de penalização que me disseram que teria. Não era assim. E só o M. E. mais tarde me informaria disso. Toda a informação posta a circular era falsa. Só os contratados estavam sujeitos a essa penalização, caso renunciassem a um horário. E, ainda assim, defendiam que tudo dependeria da escola. Haviam aquelas que informavam e outras que não o faziam evitando prejudicar o professor contratado.
No centro de desemprego, e procurando uma especialização que pudesse mudar o rumo da minha vida, deparei-me sempre com o entrave da licenciatura que possuía. (Tinha mais que isso, mas não mencionei). Todos os cursos existentes eram só para aqueles que ainda não tinham completado a escolaridade. Eu queria um curso qualquer médio que me possibilitasse trabalhar como esteticista. Conhecia pessoas que o tinham tirado e tinham tirado proveito dele. Não havia nada para os desempregados licenciados! Sobretudo para aqueles que não tinham dinheiro para frequentar um curso particular. Atingíramos o patamar mais alto, logo éramos castigados por tal. Todos as medidas tomadas, a nível governamental, só contemplavam pessoas que, a dado momento das suas vidas, tinham desistido dos estudos. A determinado momento, e vendo que todas as outras saídas estavam bloqueadas para mim, desejei também não ter completado a escolaridade para, naquele momento, poder ter uma saída que me preparasse para uma saída profissional alternativa. Pela primeira vez, na minha vida, senti que, neste país, ser licenciado era uma maldição. Sobretudo para as pessoas que se encontravam desempregadas! Todas as portas se fechavam!
Ora, lá porque atingimos aquilo que é considerado a escolaridade máxima (que não o é) não quer dizer que não precisemos de ter uma outra alternativa capaz de nos preparar para entrada no mercado de trabalho, nem que fosse para trabalhar por conta própria. Precisamos é de um curso médio que nos prepare para tal pois somos capazes de nos sair tão bem quanto os outros! Temos é de ter outras alternativa. Um conselho: deixem de olhar para os nossos certificados de habilitações, se não têm empregos para nós, digam-nos quais as possibilidades existentes e deixem-nos escolher à nossa medida como fazem aos outros. Não nos descriminem só porque somos licenciados… já que não têm alternativas para estes.
Sexta-feira, 6 de Março de 2009
Um rissol para três
Há uns tempos atrás, estava ainda desempregada, pelo que, muitas das refeições tinham de ser bem pensadas, no sentido de gerir, da melhor forma o magro rendimento de que dispúnhamos. A primeira preocupação que tinha era a de pagar as contas relativas às despesas mensais, só depois podíamos pensar em comida. Não sobrava muito. Assim, muitas das refeições, sobretudo à noite, eram ligeiras e rápidas. Uma dessas noites, tínhamos comido sopa, e tinha fritado duas qualidades de rissóis, peixe e carne, para todos, acompanhados de pão e fruta. Os rissóis já estavam no fim, quando, alguém tocou à campainha. Os dois últimos sobreviventes, que jaziam no prato vazio, eram de peixe e carne, sendo o de peixe comido pelo rapaz e o de carne, dividido pelas duas irmãs, que, não gostando dos de pescada, dividiram entre si o último de carne. Uma vez a porta aberta, a vizinha entrou, percorrendo em passos rápidos o corredor que separa a cozinha da porta de entrada. Tive um mau pressentimento. A vizinha varria a cozinha com o olhar, enquanto falava. Estávamos na altura do Natal. Uns dias depois, ela voltava com uns sacos de compras, justificando-se com o choque que provara ao testemunhar um rissol a ser dividido por três. Ela não reparara bem, pelo que a história saíra distorcida. Não me preocupei em desmenti-la. Também não sei se adiantaria muito. Lembrei-me dos tempos em que os meus pais eram crianças e dividiam uma sardinha por três. Percebi que os tempos não haviam mudado muito desde então. O tempo passou mas os problemas não mudaram, são os mesmos. A pobreza continua e com ela os mesmo gestos, num esforço desesperado de sobrevivência. Sim, porque embora o rendimento seja menor, as contas mensais continuam a surgir com a mesma regularidade e com os aumentos nelas incluídos. Não têm coração e, por isso mesmo, são cegas. Em relação ainda aos tempos dos nossos progenitores, a única diferença será possivelmente a nossa dependência dessas contas. Vamos ao exemplo do gás. Os nossos pais e avós procuravam uns paus secos nos terrenos para acender o lume, cujas brasas eram aproveitadas para o ferro de engomar… Nós não podemos fazer isso. (Um problema criado pelo avanço tecnológico. Os pobres não podem investir na autoprodução de electricidade, que envolve um investimento significativo. Até as matas estatais, fornecedoras das amáveis pinhas, estão agora debaixo da supervisão de particulares.) Ou não devemos, embora haja quem salte as cercas em busca de lenha alheia para se aquecer. Muitas vezes, não são os necessitados que as saltam… (como eu própria já presenciei, casualmente, por duas vezes) esses resignam-se e limitam-se a escolher alternativas. Mais uma vez, estamos perante um caso onde a natureza humana é decisiva.
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Quinta-feira, 15 de Janeiro de 2009
Será pedir demasiado?
Não sei o que se passa, mas é desmotivante. Já faz um ano, desde que me demiti, em 02 de Agosto de 2007, daquela escola, e, desde então, tenho procurado emprego. Consegui alguns, para ter a prova que o mau ambiente vivido naquela escola se pode multiplicar por mil ou mais, com a agravante de que aquelas são pessoas licenciadas, pelo menos a maioria delas, mas a formação moral e cívica não ultrapassa a daquelas que trabalham na cozinha, ou num lar de idosos, etc., com uma formação que não chega à escolaridade mínima obrigatória, salvo raríssimas excepções. Uma das minhas preocupações foi inscrever-me não só no Centro de Desemprego e Formação Profissional, assim como nos sites existentes e cuja função é a de recrutar pessoas para as propostas de trabalho oferecidas. Estas ideias são excelentes, mas o problema é que não funcionam. Pelo menos comigo! Recebi há pouco uma oferta que me interessou e candidatei-me. Preenchi o formulário até ao fim e carreguei no botão electrónico enviar. Foi aqui que começaram os problemas. Pediam-me que escolhesse uma língua, eu escolhi, pediam que escolhesse o nível da mesma, assim fiz, pediram-me a palavra passe, introduzi-a. Carreguei novamente no botão enviar. Mas o teimoso formulário recusou-se sempre a ser enviado, mantendo-se desafiadoradamente, diante dos meus olhos. E não foi mesmo. Passados minutos, voltei a tentar. O formulário embirrou com o nível de língua. Recusou-se a partir. Contactei a infoemprego.pt contando-lhes o que se havia passado. Esse formulário partiu! Mas posso ter já perdido uma boa ocasião de conseguir trabalho. Depende da brevidade com que me responderem. Mas não tenho ilusões. Um ano de desemprego fez-me a abrir os olhos para muitos problemas que eu sei que não terão resposta breve. Se juntarmos a este problema o outro site também referenciado pelos Centros de Desemprego e Formação Profissional, que eu sei que também apresenta falhas, eu própria já experimentei, os desempregados estão a braços com outro problema, para além da sua situação difícil de desemprego. Agora, resta-me esperar, para perceber o que se passa, e como posso resolver esse problema, que em tudo se assemelha a problema informático. Já que criaram estes sites, ao menos que funcionem convenientemente. Será pedir demasiado?